Eu não sou os meus pensamentos negativos

Manuela, 33 anos, entrou no consultório com um sorriso, em contraste com a expressão carregada que geralmente trazia quando começou o acompanhamento há dois anos. Sentou-se confortavelmente e, com um tom sereno, começou a falar.

“Tenho pensado muito no percurso que fiz até aqui. Quando comecei, sentia-me completamente perdida. A ansiedade não me deixava dormir, e a depressão tirava-me a vontade de sair da cama. O trabalho, de que sempre gostei, parecia um fardo. Hoje, vejo como tudo mudou.”

A psicóloga sorriu, incentivando-a a continuar.

Aprendi a reconhecer os sinais da ansiedade antes de eles me dominarem. As técnicas de respiração e relaxamento que me ensinou fazem toda a diferença! No outro dia, no trabalho, um cliente difícil começou a levantar a voz comigo. Em vez de entrar em pânico, respirei fundo e consegui manter a calma. Antes, teria ficado aflita o resto do dia, mas consegui seguir em frente.”

Houve um momento de silêncio antes da Manuela acrescentar, com emoção:

A terapia ajudou-me a ver que eu não sou os meus pensamentos negativos. Agora, quando surgem, já não me afundo neles. Questiono-os, como me ensinou. E as pequenas coisas voltaram a ter valor para mim. Voltei a sair com amigos, a ler, a caminhar à beira-mar…”

A psicóloga reconheceu o progresso de Manuela, reforçando as suas conquistas. Ela sorriu, com gratidão.

“Obrigada por tudo. Sei que ainda há caminho a percorrer, mas agora sinto que sou eu quem controla as situações.”

Verão, férias e burnout

As férias vão-se aproximando a passos largos, á medida que os dias ficam mais quentes e soalheiros. O tão desejado e necessário período de férias de verão está à porta! Mas será que sabemos utilizar os dias de descanso para realmente descansar e repor energias? E também para refletir sobre a forma como a vida profissional pode estar a afetar de forma negativa a nossa saúde?

O descanso e o “desligar” das atividades profissionais/escolares é necessário para o restabelecimento do corpo e da mente, após o desgaste físico e psicológico decorrentes de meses de um dia-a-dia rotineiro e exigente. O excesso de trabalho e de solicitações pode levar a situações de esgotamento físico e psicológico – o Burnout. Este resulta do stresse crónico mal gerido, associado principalmente ao trabalho, e caracteriza-se por uma sensação de falta de energia ou exaustão, distanciamento mental face à atividade profissional, sentimentos negativos e perda de eficiência relativamente ao próprio trabalho, com consequências graves para a saúde física e mental. Um inquérito da DECO PROTESTE (2018) apontou para a existência de cerca de 30% de pessoas em situação de Burnout em Portugal, ou seja, uma percentagem bastante significativa.

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