Relações pessoais… a amizade

O Homem é um ser social, relacional. Desenvolve-se na sua relação com o contexto e com os outros. Uma relação pessoal caracteriza-se pela interação mútua em que o indivíduo reage ao comportamento do outro e pela sua continuidade no tempo. Numa relação pessoal existe uma história passada e uma expetativa de permanência e de futuro.

Se é verdade que os seres humanos são fundamentalmente seres relacionais, será que essa característica pode ser explicada pela teoria da evolução? Levando em consideração a Teoria Evolucionista, podemos dizer que a natureza relacional do Homem está associada à necessidade de preservação da espécie humana, através dos importantes comportamentos reprodutivos. Deste modo, homens e mulheres desenvolvem estratégias para assegurar a continuidade genética. Porém, nem todas as relações pessoais têm como finalidade a manutenção da espécie, existindo diversas formas de relacionamentos, cada qual com as suas características e particularidades. São exemplos disso as relações familiares, relações de amizade, de companheirismo estudantil, as relações meramente profissionais, entre outras.

Falar sobre a amizade é falar sobre um tipo de relação pessoal com regras menos rígidas e definidas, comparativamente à maior parte das outras relações, como por exemplo as relações amorosas. Uma relação de amizade pressupõe um grau de estruturação menor do que uma relação de amor. Para além de não implicar exclusividade, uma relação de amizade está mais dependente de fatores casuais, como a proximidade ou a comunhão de atividades, ideias ou valores. Cada relação de amizade pode assumir características próprias, umas mais frequentes e com elevado grau de partilha, outras mais distantes e esparsas mas sem que por isso sejam menos intensas e importantes. Enfim, desde os amigos inseparáveis, aqueles que raramente se vêm, mas que sempre que isso acontece é como se tivessem estado juntos no dia anterior, sem que o entusiasmo ou a emoção percam a sua força.

Vários autores que se dedicam ao estudo das relações pessoais, apontam diferenças significativas entre as amizades que se desenvolvem entre homens e aquelas que acontecem entre mulheres. As amizades entre homens são tendencialmente decorrentes de situações de proximidade e contacto, muitas vezes isentas de esforço voluntário. Caraterizam-se pela partilha de atividades comuns, hobbies e interesses em determinado tema e desenvolvem-se em redes sociais bastante alargadas, consoante os meios frequentados. Colegas de trabalho, amigos de infância que se mantiveram, contactos na área do desporto, atividade política ou associativismo, são exemplos frequentes de fatores que podem contribuir para o estabelecimento e manutenção de relações de amizade entre indivíduos do género masculino. Por sua vez, as relações de amizade entre mulheres, são tendencialmente mais restritas e quase sempre rodeadas de um núcleo de amigas, do mesmo sexo e mais próximas, com as quais estabelecem relações de tipo mais diádico, em que há maior intimidade, ajuda recíproca, tendência para a ocorrência de autorrevelações e troca de impressões sobre aspetos da vida privada ou até mesmo íntima. Numa fase em que têm filhos, as amigas tendem a aproximar-se, em especial se partilham o mesmo tipo de vivências. Frequentemente, a maternidade aproxima também as mulheres das suas próprias mães, transformando por vezes o tipo de relação que com elas tinham até então, numa relação caracteristicamente mais próxima da relação que têm com as amigas.

A manutenção de uma relação depende do grau de compromisso e de investimento na mesma. A uma relação de amizade, também se aplicam estes princípios, e á semelhança de outro tipo de relações, importam ainda três fatores fundamentais: a satisfação com a relação, o nível de comparação e os investimentos anteriores nessa mesma relação. Ou seja, a satisfação com uma relação de amizade, tal como noutro tipo de relação, é determinada pelos ganhos e custos que esta implica, pelas expectativas do indivíduo face à mesma e ainda pelos investimentos anteriores nessa mesma relação. Estes investimentos podem ser intrínsecos, como o conhecimento, a intimidade, as experiências comuns ou extrínsecos, como a partilha de uma tarefa ou atividade, por exemplo.

Relações de amizade satisfatórias e equilibradas promovem a saúde e o bem-estar físico e emocional. A título de exemplo, é de referir que o apoio social que advém da amizade pode ajudar na prevenção do stresse. Se perante um acontecimento causador de ansiedade o indivíduo sente que não dispõe dos recursos necessários para lidar com o problema, e quando o apoio dos amigos lhe faculta esses recursos, a pessoa passa a encarar a situação causadora de stresse como menos grave. Por outro lado, o convívio com amigos fomenta por norma atividades saudáveis, quer para o físico como para a mente. Fazer atividades físicas com amigos é mais estimulante, assim como seguir um regime alimentar mais saudável pode ser incentivado pelos amigos. Por outro lado, a socialização promove a expressão emocional e o diálogo, a positividade e a promoção da autoestima, melhorando a saúde emocional.

As relações de amizade podem ser iniciadas em qualquer momento do ciclo de vida. Numa fase mais precoce, são importantes para o desenvolvimento de competências, para a descoberta e para a própria construção da personalidade. Em fases mais tardias da vida, fornecem um suporte social que por vezes a família não consegue dar ou que as diferenças geracionais pode perturbar, por vezes por dificuldade de empatia ou de entendimento do que é rer-se “mais velho”. Assim, importa estabelecer, manter e alimentar, relações de amizade em todas as fases do ciclo de vida e retirar delas o que têm de melhor, não esquecendo que são relações de reciprocidade, em que cabem sempre novos elementos, sendo que cada um pode contribuir com o melhor de si.

Há quanto tempo não fala com aquela amiga especial? Alimente as suas amizades e promova a sua saúde física e principalmente emocional!

Motivar para aprender

A motivação é o ponto de partida parta uma aprendizagem eficaz. Alunos com capacidades cognitivas normativas, se motivados, estão predispostos a aprender e a dar significado às suas aprendizagens. A par da motivação está a autoestima. Um aluno com boa autoestima, reconhece as suas capacidades e permite-se utilizar estratégias adequadas a uma aprendizagem orientada para o sucesso!

Muitos jovens e até crianças, revelam nos dias de hoje, uma grande desmotivação face à escola e à aprendizagem, com efeitos muito significativos ao nível do decréscimo do rendimento escolar e do seu bem-estar emocional e familiar, O desinteresse e a desmotivação com a escola, habitualmente, não é determinado por uma única causa mas sim, por um conjunto de determinantes que podem englobar fatores temperamentais, ambientais ou contextuais e ainda fatores genéticos. Uma das causas mais frequentemente apontadas para a desmotivação para o estudo é a forma como os conteúdos programáticos são lecionados ou a dificuldade na relação com os professores. Outra razão para o desinteresse, prende-se com o facto de que as crianças e os jovens podem não reconhecer utilidade a alguns dos referidos conteúdos, ou de não entenderem de que forma essas aprendizagens lhe podem ser úteis, quer no presente, quer no futuro.

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Narcolepsia, uma perturbação do sono

As perturbações do sono-vigília englobam várias perturbações ou grupos de perturbações, entre as quais a perturbação de insónia, a perturbação do hipersonolência, a perturbação de pesadelos, as perturbações do sono relacionadas com a respiração ou a narcolepsia, entre outras. O mal-estar e os défices funcionais diurnos que resultam destas perturbações são características nucleares comuns a todas elas.

A narcolepsia faz parte do quadro de perturbações do sono-vigília e caracteriza-se por períodos recorrentes de necessidade irreprimível de dormir, adormecer ou fazer sestas. Para que possa chegar ao diagnóstico desta perturbação, deverá estar presente pelo menos um dos critérios que de seguida se descrevem. O sintoma/critério deverá ter ocorrido pelo menos 3 vezes por semana nos últimos 3 meses. Esses critérios são a cataplexia e que, em indivíduos com doença de longa duração, se referem à perda súbita bilateral do tónus muscular (breves segundos a minutos), com manutenção da consciência e que são precipitados pelo divertimento ou o riso. Noutros casos, podem ocorrer episódios de caretas espontâneas, abrir a boca com deglutição atípica ou até a hipotonia global, sem quaisquer desencadeadores emocionais. Há ainda outros critérios de diagnóstico que se prendem com défices de neurotransmissores, como por exemplo a hipocretina, responsável pela regulação da excitação, vigília e apetite. Outros exames médicos complementares para o diagnóstico podem ainda incluir o estudo da latência do sono.

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Solidão

Em tempos como os que vivemos desde há aproximadamente um ano e meio, o conceito de solidão tem estado muito presente na vida de muitos de nós. Uma das faixas etárias que mais terá sofrido as consequências do afastamento social é a dos idosos, uma população já de si mais vulnerável, por várias ordens de razão.

O conceito de solidão tem vindo a ser estudado por diversas áreas da ciência e do conhecimento, como a psicologia e a sociologia. A perceção de solidão é algo subjetiva, uma vez que, algumas pessoas convivem tranquilamente com o facto de estarem sós e outras se sentem sós e infelizes mesmo quando estão rodeadas de outras pessoas. Cada indivíduo sente a solidão à sua maneira e daí a dificuldade de se chegar a uma definição única e abrangente. As representações sociais da solidão incluem uma enorme heterogeneidade de significados, caindo em especificidades que dificultam a sua interpretação e entendimento. Em psicologia, o conceito de solidão pode ser caracterizado pela ausência afetiva do outro e com a sensação de se estar só. Ainda que próximo do ponto de vista geográfico, pode não haver aproximação psicológica devido à falta de interação e comunicação emocional entre os indivíduos.

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