Memória, recordar e esquecer

O processo cognitivo através do qual podemos aprender, reter e recordar informação é a memória. A memória é um processo complexo que permite que ao longo da vida vamos “enchendo as nossas gavetas” através de experiências que vamos vivenciando e nas quais estão envolvidos os sentidos.

A memória pode ser classifica em três tipos: memória sensorial, de curto prazo e de longo prazo. A primeira tem a sua origem nos órgãos dos sentidos e toda a informação captada é retida por breves segundos. Esta informação pode ser processada, passando para a memória de curto prazo ou memória de trabalho. Aqui a informação é guardada por um período de tempo também limitado, podendo perder-se em pouco tempo, ou, pelo contrário, a informação pode ser codificada, e os dados passam a ficar armazenados na memória de longo prazo, podendo aqui permanecer por dias, meses, anos ou mesmo por toda a vida, sempre que se mantenha a capacidade de recordaçã

O esquecimento refere-se à incapacidade de um indivíduo para recordar uma memória previamente processada e armazenada. É um fenómeno de certa forma natural e que ocorre com mais frequência numa fase mais adiantada da vida. O esquecimento tem uma conotação quase sempre negativa e patológica mas nem sempre assim o é.  O esquecimento torna-se fundamental à própria condição da memória. É porque nos esquecemos do mais irrelevante que mantemos a capacidade de continuar a apreender e reter informação. Porém, há diversos fatores que podem influenciar o esquecimento, como a interferência de novas aquisições, a alteração do traço mnésico e a motivação inconsciente. A alteração do traço mnésico corresponde a um conjunto de alterações sofrida pela informação armazenada, ao ponto de já não a conseguirmos reconhecer. Por outro lado, a motivação inconsciente é um processo natural em que o nosso inconsciente pode selecionar informação dolorosa e afasta-la da consciência, tornando a sua recordação mais difícil ou mesmo impossível, como um mecanismo de defesa para evitar conflito dor emocional.

A memória constitui-se como a base dos nossos conhecimentos, pensamentos e emoções. É a partir dos conhecimentos que cada indivíduo possui, que é possível a sua adaptação ao meio, a atribuição de significado às suas experiencias de vida e à aquisição do sentimento de identidade social. Com o passar dos anos, o nosso corpo vai envelhecendo e vão aparecendo sinais como as rugas, os cabelos brancos e também, as dificuldades de memória. Á semelhança de outros órgãos, o nosso cérebro também envelhece e começa a notar-se o declínio de algumas das suas funções. O treino e a estimulação cognitiva podem retardar os efeitos da idade no funcionamento cognitivo, e nomeadamente na memória. Ler, escrever, fazer cálculos, resolver problemas, são exemplos de atividades que podem ajudar a sua “cabeça” a manter-se saudável por mais tempo. Quando as dificuldades de memória se tornam uma preocupação, deverá ser feita uma avaliação, no sentido de se poder despistar e intervir, casos de início de demência, como por exemplo a doença de Alzheimer.

Exercite o seu cérebro, mantenha-se cognitivamente ativo e preserve a sua qualidade de vida!

Praticar a empatia com as crianças

A empatia é a base do desenvolvimento socioemocional. Carl Rogers, psicólogo e fundador da psicologia centrada no indivíduo descreve a empatia como a capacidade de se colocar no lugar do outro, de compreender a sua perspetiva, de sentir como se fosse ele próprio e de retomar ao seu lugar e oferecer a ajuda necessária. Esta é uma competência fundamental na relação entre pais e filhos.

Os vários acontecimentos na vida de uma criança, podem trazer em alguns momentos instabilidade e dificuldades de adaptação. É essencial que os pais consigam ser empáticos com a criança, que por exemplo, acabou de ver nascer um irmão mais novo e que vê alterada a sua realidade familiar. É natural que a criança apresente mudanças no seu comportamento, que deverão ser entendidas como normativas. Ficar mais agitada, tanto em contexto escolar como em casa, pode ser uma reação à “novidade”. As alterações do sono ou do apetite podem também ocorrer, bem como algum retrocesso nas competências já adquiridas, no sentido da infantilização. Os comportamentos desafiantes e a dificuldade em cumprir regras podem ser manifestações de adaptação da criança à sua situação de irmã mais velha.

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Relações pessoais… a amizade

O Homem é um ser social, relacional. Desenvolve-se na sua relação com o contexto e com os outros. Uma relação pessoal caracteriza-se pela interação mútua em que o indivíduo reage ao comportamento do outro e pela sua continuidade no tempo. Numa relação pessoal existe uma história passada e uma expetativa de permanência e de futuro.

Se é verdade que os seres humanos são fundamentalmente seres relacionais, será que essa característica pode ser explicada pela teoria da evolução? Levando em consideração a Teoria Evolucionista, podemos dizer que a natureza relacional do Homem está associada à necessidade de preservação da espécie humana, através dos importantes comportamentos reprodutivos. Deste modo, homens e mulheres desenvolvem estratégias para assegurar a continuidade genética. Porém, nem todas as relações pessoais têm como finalidade a manutenção da espécie, existindo diversas formas de relacionamentos, cada qual com as suas características e particularidades. São exemplos disso as relações familiares, relações de amizade, de companheirismo estudantil, as relações meramente profissionais, entre outras.

Falar sobre a amizade é falar sobre um tipo de relação pessoal com regras menos rígidas e definidas, comparativamente à maior parte das outras relações, como por exemplo as relações amorosas. Uma relação de amizade pressupõe um grau de estruturação menor do que uma relação de amor. Para além de não implicar exclusividade, uma relação de amizade está mais dependente de fatores casuais, como a proximidade ou a comunhão de atividades, ideias ou valores. Cada relação de amizade pode assumir características próprias, umas mais frequentes e com elevado grau de partilha, outras mais distantes e esparsas mas sem que por isso sejam menos intensas e importantes. Enfim, desde os amigos inseparáveis, aqueles que raramente se vêm, mas que sempre que isso acontece é como se tivessem estado juntos no dia anterior, sem que o entusiasmo ou a emoção percam a sua força.

Vários autores que se dedicam ao estudo das relações pessoais, apontam diferenças significativas entre as amizades que se desenvolvem entre homens e aquelas que acontecem entre mulheres. As amizades entre homens são tendencialmente decorrentes de situações de proximidade e contacto, muitas vezes isentas de esforço voluntário. Caraterizam-se pela partilha de atividades comuns, hobbies e interesses em determinado tema e desenvolvem-se em redes sociais bastante alargadas, consoante os meios frequentados. Colegas de trabalho, amigos de infância que se mantiveram, contactos na área do desporto, atividade política ou associativismo, são exemplos frequentes de fatores que podem contribuir para o estabelecimento e manutenção de relações de amizade entre indivíduos do género masculino. Por sua vez, as relações de amizade entre mulheres, são tendencialmente mais restritas e quase sempre rodeadas de um núcleo de amigas, do mesmo sexo e mais próximas, com as quais estabelecem relações de tipo mais diádico, em que há maior intimidade, ajuda recíproca, tendência para a ocorrência de autorrevelações e troca de impressões sobre aspetos da vida privada ou até mesmo íntima. Numa fase em que têm filhos, as amigas tendem a aproximar-se, em especial se partilham o mesmo tipo de vivências. Frequentemente, a maternidade aproxima também as mulheres das suas próprias mães, transformando por vezes o tipo de relação que com elas tinham até então, numa relação caracteristicamente mais próxima da relação que têm com as amigas.

A manutenção de uma relação depende do grau de compromisso e de investimento na mesma. A uma relação de amizade, também se aplicam estes princípios, e á semelhança de outro tipo de relações, importam ainda três fatores fundamentais: a satisfação com a relação, o nível de comparação e os investimentos anteriores nessa mesma relação. Ou seja, a satisfação com uma relação de amizade, tal como noutro tipo de relação, é determinada pelos ganhos e custos que esta implica, pelas expectativas do indivíduo face à mesma e ainda pelos investimentos anteriores nessa mesma relação. Estes investimentos podem ser intrínsecos, como o conhecimento, a intimidade, as experiências comuns ou extrínsecos, como a partilha de uma tarefa ou atividade, por exemplo.

Relações de amizade satisfatórias e equilibradas promovem a saúde e o bem-estar físico e emocional. A título de exemplo, é de referir que o apoio social que advém da amizade pode ajudar na prevenção do stresse. Se perante um acontecimento causador de ansiedade o indivíduo sente que não dispõe dos recursos necessários para lidar com o problema, e quando o apoio dos amigos lhe faculta esses recursos, a pessoa passa a encarar a situação causadora de stresse como menos grave. Por outro lado, o convívio com amigos fomenta por norma atividades saudáveis, quer para o físico como para a mente. Fazer atividades físicas com amigos é mais estimulante, assim como seguir um regime alimentar mais saudável pode ser incentivado pelos amigos. Por outro lado, a socialização promove a expressão emocional e o diálogo, a positividade e a promoção da autoestima, melhorando a saúde emocional.

As relações de amizade podem ser iniciadas em qualquer momento do ciclo de vida. Numa fase mais precoce, são importantes para o desenvolvimento de competências, para a descoberta e para a própria construção da personalidade. Em fases mais tardias da vida, fornecem um suporte social que por vezes a família não consegue dar ou que as diferenças geracionais pode perturbar, por vezes por dificuldade de empatia ou de entendimento do que é rer-se “mais velho”. Assim, importa estabelecer, manter e alimentar, relações de amizade em todas as fases do ciclo de vida e retirar delas o que têm de melhor, não esquecendo que são relações de reciprocidade, em que cabem sempre novos elementos, sendo que cada um pode contribuir com o melhor de si.

Há quanto tempo não fala com aquela amiga especial? Alimente as suas amizades e promova a sua saúde física e principalmente emocional!

Socorro, sou um adolescente!

Ao atingir a puberdade, as crianças experienciam grandes e rápidas mudanças físicas, emocionais e sexuais, sobre as quais não têm controlo. Estas mudanças requerem uma adaptação e uma compreensão das mesmas, sendo por vezes difícil ao adolescente lidar com o seu corpo e com os seus pensamentos, o que pode conduzi-lo a sentimentos de ansiedade mas também ao isolamento social.

Perante algumas questões como “será normal a minha aparência’” ou “o que é que os outros pensam de mim?”, o adolescente toma consciência de si mesmo mas também pode sentir alguma angústia, pela inevitabilidade das mudanças com as quais está a ter que lidar, sem que muitas vezes esteja preparado para tal. Por vezes, a segurança e as certezas da infância parecem desaparecer, dando lugar á incerteza e à ansiedade. Estes sentimentos são normativos, desde que o jovem consiga manter a sua funcionalidade a aos poucos, adaptar-se a um novo corpo, a um novo modo de estar e de se sentir. Porém, alguns adolescentes, pelas suas características, demoram mais tempo a fazer essa adaptação, com custos elevados no seu bem-estar pessoal, familiar e relacional.

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Perda, luto e emoções

O luto é a reação emocional a uma perda. Quando essa perda se refere a um ente querido toma particularidades que se prendem com as características individuais do enlutado, do contexto em que aconteceu o óbito, do tipo de relação entre ambos, da fase da vida em que cada um se encontra e de mais um conjunto de fatores específicos que podem ser facilitadores ou não do decorrer do processo de luto.

O luto corresponde a um período particularmente difícil, com uma exigência elevada do ponto de vista emocional. É um período de transição onde se operam mudanças nas nossas rotinas mas também nas nossas expectativas. Cada um de nós, passa por cada processo de luto de forma única, manifestando a sua dor de diferente forma, intensidade e duração. Com o passar do tempo e por vezes com acompanhamento psicológico adequado no sentido de ajudar a compreender as diferentes fases deste processo, a pessoa enlutada poderá retomar as suas atividades, elaborar novas rotinas, desenvolvendo uma maior capacidade de adaptação á nova realidade de forma a conviver de forma saudável com as suas lembranças.

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Divórcio e filhos pequenos

O projeto de família que leva duas pessoas a unirem-se e a partilharem as suas vidas, quer pelo casamento quer pela união de facto, por vezes não perdura no tempo, sendo a separação ou o divórcio uma realidade com que os casais e os respetivos filhos têm que lidar. Alguns pais têm para com os seus filhos pequenos, alguns comportamentos pouco saudáveis e adequados, uns de forma intencional e para magoar o/a ex-companheiro/a, outros, apenas porque não sabem fazer melhor.

Se de repente se separou e se viu sozinha/o com o seu filho pequeno, não estranhe se a sua criança começar a apresentar comportamentos diferentes do habitual. Alguns comportamentos podem ter a ver com o facto da sua estrutura familiar ter mudado, bem como devido à alteração das rotinas do dia-a-dia. Porém, sendo as crianças seres em rápido desenvolvimento, têm por vezes comportamentos desadequados apenas porque ainda estão a aprender a lidar com as suas emoções. Num caso de separação, recomenda-se aos pais que façam um esforço maior por terem muita paciência, tolerância e dedicação para com os seus filhos, mas também para não descurarem o cumprimento das regras e o estabelecimento dos limites.

Não permita que a sua separação seja um motivo para que o seu filho a/o manipule. As regras e o seu cumprimento são de grande importância para o seu filho, tanto no presente como na sua adaptação à vida em sociedade, no futuro. Procure não ficar demasiado preocupada/o se o seu filho revelar reações de hostilidade, com frequência mais dirigidas ao progenitor com quem ficou a viver mais tempo. Ele poderá culpa-la/o de ser responsável pela separação e isso pode ser “normal” numa primeira fase. Dê á sua criança tempo para aceitar a mudança. Se for possível, dedique-lhe alguns minutos por dia para conversarem sobre o que se está a passar. Fale com ela sobre o que a preocupa ou assusta. Prepare-se para o aparecimento de alguns comportamentos regressivos (ex. falar “à bebé”, voltar a fazer xixi na cama, mau comportamento na escola, isolamento, etc.). Se estes comportamentos persistirem, peça apoio psicológico.

Guarda partilhada? É fundamental que os pais pensem muito bem se este é o regime que beneficia a criança. Será benéfico para a sua criança mudar de casa todas as semanas? Como fazer em relação aos brinquedos, roupas, livros e à escola? Conseguem criar dois ambientes (casa da mãe e casa do pai) idênticos no que diz respeito a regras e rotinas? A guarda partilhada é uma solução cada vez mais com expressão em novos casos de divórcio, no entanto, a permanência numa casa fixa, com visitas semanais, quinzenais ou outras a combinar com o outro progenitor, poderá promover uma maior estabilidade emocional à criança. Pensem bem antes de decidir. Ponham sempre à frente o superior interesse da criança e nunca caia no erro de a utilizar para atingir o outro. Nunca se esqueça que os momentos que passa junto dos seus filhos devem ser de qualidade, muito mais do que em quantidade e assim sendo, o facto de poder passar menos tempo com as suas crianças não tem que ser sinónimo de ter uma pior relação com elas.

Na escola, é essencial que a professora/educadora seja informada acerca das alterações que sofreu a vida familiar da criança. A sua colaboração nesta fase será de grande importância, principalmente no que se refere à capacidade de empatia e de a saber ouvir. Os professores devem ter em conta que o divórcio pode prejudicar o rendimento escolar da criança, além de poder estar associado ao aparecimento de comportamentos agressivos ou regressivos e a problemas relacionados com a concentração e a atenção. Peça à professora/educadora que lhe comunique se a sua criança alterar significativamente os seus comportamentos após a sua separação. Se os comportamentos se tornarem desadequados e preocupantes, a ajuda da professora pode ser muito útil na avaliação da criança e na definição de estratégias de apoio.

Está muito zangada/o ou magoada/o com o seu ex-companheiro/a? De facto por vezes e principalmente numa fase inicial, pode ser muito difícil o relacionamento entre os elementos de ex-casais. Evite ao máximo discutir com o pai/mãe da sua criança na sua presença. Seja antes, durante ou após o processo de separação, trocar argumentos e acusações na presença das crianças aumenta a sensação de conflito, gera confusão, sentimentos de culpa e de revolta nos mais pequenos. Procure que o processo de divórcio não seja demasiado prolongado. A separação pode causar muito sofrimento a uma criança mas ela certamente saberá ultrapassá-la, depois de um processo normal de luto, de duração variável.

Nunca culpe os seus filhos, é fundamental que eles compreendam que os pais se separam porque já não se amam e porque já não querem viver juntos e não porque eles fizeram algo de errado. É fundamental que continue a transmitir às suas crianças o quanto as ama. Embora um filho seja uma excelente companhia e ofereça um grande conforto, ele não é o seu melhor amigo. Não confunda os papéis. Pai e mãe são isso mesmo, pai e mãe. Tornar-se uma espécie de melhor amigo da criança pode levar a graves problemas de autoridade no futuro. Por outro lado, evite transformar o pai/mãe numa figura ausente. Na infância, sentir que o pai/mãe é uma figura presente, mesmo não vivendo diariamente com a criança, sentir a sua proteção, vê-lo como modelo e referencia, e como alguém que estabelece regras e exerce a autoridade quando é necessário, é fundamental para que a criança cresça com estabilidade emocional e equilíbrio psicológico.

Se se sentir emocionalmente afetado, com dificuldade em lidar com os seus sentimentos e em ultrapassar esse momento tão particular que é o fim de uma relação, procure ajuda profissional. Por vezes, a mudança de perspetiva pode transformar um problema numa solução!

A vinculação humana e as relações interpessoais futuras

Podemos entender a vinculação como um laço emocional profundo e duradouro que une duas pessoas. Em psicologia, a palavra vinculação remete-nos para a relação mãe-bebé e pressupõe um comportamento instintivo, decorrente da necessidade básica de sobrevivência e de segurança.

Falar de vinculação é falar do estabelecimento de uma relação do bebé com uma figura de referência (e. g. mãe), através de comportamentos inatos de promoção e manutenção da proximidade. Desta relação resulta o desenvolvimento das representações mentais sobre si próprio, sobre os outros e sobre os relacionamentos. Da mãe (ou outro cuidador), espera-se a satisfação das necessidades básicas do seu bebé de forma a assegurar a sua sobrevivência e a proporcionar a segurança necessária ao seu desenvolvimento saudável. A vinculação é um comportamento universal e transcultural, que nasce dessa interação e que é a base para o desenvolvimento socio-emocional da criança, tendo grande influencia no modo como a ela vai vivenciar os seus relacionamentos interpessoais e desenvolver competências relacionais futuras. A vinculação é ainda determinante no modo como a criança vai “explorar” o mundo que a rodeia.

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Bebés irritáveis vs. bebés silenciosos

Nos dias de hoje e na vivência da parentalidade, valorizamos muito a criança e tendemos a não poupar esforços de forma a suprir eficazmente as necessidades básicas os nossos filhos. E se há crianças que se apresentam como um enorme desafio pelo seu temperamento difícil, outras há que passam despercebidas por serem tão quietas…

Os bebés à nascença, apresentam já competências sensoriais e comportamentais.  Reagem à luz, mostram preferência por vozes mais agudas, sentem-se atraídos por odores doces, rapidamente reconhecem o cheiro da mãe e o tacto constitui-se como um meio de comunicação com o ambiente que os rodeia. A capacidade de comunicar do bebé, de forma relativamente voluntária e seletiva, permite reciprocidade na comunicação com as suas figuras parentais. O impacto da experiência precoce no modo como cérebro da criança se organiza e funciona é grande e pode ter consequências tão positivas e facilitadores de um desenvolvimento adequado como devastadoras. O bebé apresenta desde muito cedo a capacidade de empatizar e de responder socialmente: segue movimentos com o olhar e tem precocemente a fantástica capacidade de dar significado às palavras e ao vocabulário, muito antes mesmo de se conseguir expressar.

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A pandemia e o sono

Um sono de qualidade é fundamental para a manutenção de uma boa saúde física, psicológica e qualidade de vida de todos nós. Dormir bem aumenta a nossa capacidade de atenção e concentração, promove a regeneração celular e potencia a disposição para enfrentarmos as nossas rotinas, entre outros benefícios.

São várias as dificuldades de sono que nos podem afetar. São apenas alguns exemplos as insónias, os pesadelos, o sonambulismo ou a privação do sono. Estes problemas podem levar à diminuição da qualidade de vida dos indivíduos, quer pela sua interferência na saúde física, quer pelo seu impacto negativo na saúde mental. Dormir pouco e dormir mal aumenta a probabilidade de se ter acidentes, diminui a nossa capacidade de trabalho, faz baixar a produtividade e o desempenho, ao mesmo tempo que pode levar à deterioração da saúde física, aumentando a nossa vulnerabilidade à doença. Também as nossas emoções podem sofrer devido às dificuldades de sono. Noites mal dormidas potenciam o surgimento de emoções negativas como a tristeza ou a irritabilidade, levando a um mal-estar psicológico e a sentimentos de tristeza e angústia.

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Inteligência emocional e gestão de conflitos

A comunicação e as relações interpessoais nem sempre são fáceis e por vezes implicam ter conversas difíceis, sobre assuntos igualmente difíceis e que podem ferir suscetibilidades ou gerar conflito, tanto a nível pessoal e familiar como profissional.

O conceito de inteligência emocional pressupõe a capacidade de se identificar emoções, dos próprios e dos outros, bem como saber geri-las de forma adaptativa. Deste modo, a gestão de conflitos está incluída nesta competência tão necessária á nossa adaptação aos desafios do dia-a-dia. Por vezes, evitar ou adiar uma “conversa difícil” pode ser protetor e adequado naquele momento, no entanto, só resolve o problema a curto prazo. Se o assunto é realmente importante, mais cedo ou mais tarde terá que ser abordado e se pensarmos bem, quanto mais cedo for esclarecida uma dúvida, resolvido um mal-entendido ou esclarecida uma confusão, mais cedo a nossa paz interior será reestabelecida.

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