O desenvolvimento de competências sociais resulta da aprendizagem comportamental e relacional positiva. A adolescência, é um período da vida em que o relacionamento interpessoal sofre grandes alterações, em que se estabelecem novos relacionamentos e em que as relações com o grupo de pares assumem uma maior relevância.
Atualmente, a intervenção precoce na área da saúde mental juvenil, por meio de estratégias de prevenção e promoção da saúde e de estilos de vida saudáveis, assume cada vez mais importância. As normas internacionais orientam para uma maior preocupação com este assunto. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2001) determinadas perturbações mentais como a ansiedade ou a depressão, podem derivar da dificuldade de alguns jovens em lidarem com o stresse gerado pelas relações sociais. Assim, torna-se fundamental o desenvolvimento de competências socio emocionais.
Não há nada exterior a nenhum de nós que nos possa garantir ausência de sofrimento. Ainda que muitos possamos ter todas as coisas que tipicamente utilizamos para medir o sucesso externo (ex. boa aparência, pais carinhosos, filhos incríveis, estabilidade financeira, bons amigos, uma relação conjugal satisfatória, etc.) isso pode não ser suficiente para garantir o nosso bem-estar psicológico.
Os seres humanos podem usufruir de várias formas de conforto, entusiasmo e diversão, e mesmo assim experimentar grande sofrimento emocional. Os investigadores na área da psiquiatria e psicologia estão familiarizados com as sombrias estatísticas que confirmam uma dura realidade de indivíduos com enorme dor emocional, desespero e angustia. Estudos promovidos pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), por exemplo, revelam que as taxas de prevalência de perturbação mental ao longo da vida rondam atualmente os cerca de 50%.Muitas pessoas apresentem sofrimento emocional em consequência de problemas no trabalho, nos relacionamentos, na parentalidade e com as transições naturais do curso de vida, entre outros (Kessler et al., 2005).
Nos próximos dias 30 e 31 de Maio, estarei disponível online, mediante agendamento prévio, para responder ás vossas questões acerca de temas relacionados com a Psicologia, como por exemplo sintomas de psicopatologia, avaliação psicológica, tipos de intervenção, etc…
De forma gratuita, ofereço-lhe 30 minutos do meu tempo, que poderá utilizar para colocar as suas dúvidas, fazer a sua partilha, expor a sua opinião e claro, ficar também a conhecer o meu trabalho.
São muitas as variáveis que podem afetar a saúde mental das mulheres. Há especificidades biológicas e, principalmente, perspetivas sociais que orientam para uma inegável diferença de género, no que diz respeito à incidência e prevalência das perturbações psiquiátricas.
Hoje em dia, exercer a atividade de ”dona de casa”, ou seja, a mulher dedicar-se à casa e à família em exclusividade, sem desempenhar uma atividade profissional e remunerada, pode coloca-la numa situação de vulnerabilidade, por diversas ordens de razão. Podem haver fatores de risco para o desenvolvimento de psicopatologia, decorrentes da multiplicidade de papéis desempenhados e das inúmeras situações ansiogéneas às quais estas mulheres, nesta condição, poderão estar mais propensas. Estas vulnerabilidades relacionais, associadas aos processos biológicos (Ex. menarca, gravidez e menopausa) e potencialmente agravadas por questões sociais e económicas, como por exemplo a cítica, o isolamento social, a incompreensão, a violência doméstica, a dependência financeira ou a pobreza, podem comprometer a saúde mental destas donas de casa.
A avaliação psicológica insere-se nas competências profissionais exclusivas do Psicólogo/a e só a este/a é conferida legitimidade para a realização deste trabalho, com recurso a técnicas e instrumentos específicos para o efeito e para cuja utilização está capacitado.
O processo de avaliação psicológica tem início sempre que é pedida a resposta a uma questão ou um parecer profissional sobre um determinado caso ou indivíduo. O psicólogo/a analisa até que ponto se sente habilitado para dar resposta a esse pedido, mas também deve verificar se este se encontra dentro dos critérios éticos estabelecidos pelo código deontológico, que tem por objetivo guiar este profissional de saúde mental, no sentido de práticas de excelência, garantindo que o seu exercício profissional é o máximo ético e não o mínimo aceitável (Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Diário da República, 2.ª série — N.º 78 — 20 de Abril de 2011).
A Perturbação Dissociativa da Identidade (PDP) surge recentemente na literatura e envolve uma controvérsia associada principalmente à dificuldade na definição do termo dissociação. Entre outras formas, a dissociação pode ser descrita como uma falha na integração de dois ou mais diferentes sistemas de ideias e funções que constituem a personalidade.
O fenómeno dissociativo movimenta-se num espectro que vai desde a dissociação não patológica (ex. sonhar acordado ou estar intensamente focado numa tarefa) até à Perturbação Dissociativa da Personalidade, esta sim uma patologia do foro mental, habitualmente associada a experiências traumáticas. O processo dissociativo implica a alteração de um estado de consciência que não é organicamente induzida. Ou seja, envolve uma alteração temporária ou a separação de processos mentais que em situação normal estariam integrados. Segundo Bultler (2004), a natureza dos processos dissociativos normativos cinge-se a uma intensa concentração e envolvimento cognitivo em alguns aspetos da consciência, em detrimento de outros componentes. O grau de dissociação oscila num continuum desde os processos normativos e transitórios, decorrentes do dia-a-dia, até aos processos de dissociação patológicos, classificados como crónicos e severos.
Podemos definir a “depressão tardia” como o aparecimento de sintomatologia depressiva, clinicamente significativa, depois dos 65 anos de idade. Este estado depressivo está muitas vezes associado à presença de doença física ou neurológica, mas também às mudanças decorrentes da situação de reforma.
As queixas somáticas mais frequentes nos doentes mais velhos são as dores de cabeça, dores reumatológicas ou músculo-esqueléticas, bem como a sintomatologia gastrointestinal. Feito o despiste de doença fisiológica que explique a referida sintomatologia, a persistência dos sintomas pode ser explicado pela depressão, se combinada com outros sintomas típicos desta doença. Estes sintomas incluem a tristeza prolongada e profunda, sentimentos de vazio, dificuldade em retirar prazer de atividades anteriormente prazerosas, falta de energia, dificuldades de sono, alterações do apetite, choro recorrente, sentimentos de culpa ou de inutilidade, entre outros.
Os fatores de risco para a depressão no idoso prendem-se com questões de género, sendo mais prevalente nas mulheres do que nos homens. No entanto, outros fatores de risco para o desenvolvimento de patologia depressiva podem estar relacionados com o sistema endócrino ou o sistema vascular. O diagnóstico de doenças médicas não psiquiátricas, nomeadamente doença oncológica, demência, doenças cardiovasculares, hipotiroidismo ou artrite, entre outras, constitui-se também como um fator de risco relevante para o desenvolvimento da depressão. O tipo de personalidade do indivíduo pode também influenciar a propensão para estados depressivos, bem como as experiências de vida e o stresse crónico a que está ou esteve sujeito (familiar, social ou económico).
Alguns fatores psicológicos podem também constituir um risco acrescido de depressão. A não-aceitação do envelhecimento, a dificuldade em lidar com a imagem corporal, a redução da atividade ou dos interesses, o apego excessivo aos bens materiais, a incapacidade em lidar com a morte dos entres queridos (que pode levar a processos de luto patológico), a dificuldade em enfrentar a reforma e a consequente redução da exposição social e por vezes até mesmo o isolamento, são fatores de risco muito significativos para o desenvolvimento de sintomatologia depressiva grave.
Associada aos múltiplos fatores de risco anteriormente mencionados, junta-se a frequente dificuldade que alguns mais velhos têm em fazer um balanço de vida positivo, em aceitar as alterações das relações com alguns familiares muito significativos (ex. filhos e netos por vezes distantes) e a dificuldade em lidar com expectativas de reciprocidade ou dependência económica, desses mesmos familiares, que por vezes podem ficar muito aquém do idealizado.
As pessoas mais velhas tendem a dar relevância às adversidades (maiores ou menores) que as preocupam, focando-se mais no que perderam do que naquilo que ainda têm e podem conseguir. A depressão nesta faixa etária parece estar frequentemente sub-diagnosticada e sub-tratada, principalmente ao nível dos cuidados de saúde primários. À semelhança das outras faixas etárias, a depressão no idoso pode ter vários níveis de gravidade, podendo ser ligeira, moderada ou grave (depressão major). De um modo geral, a depressão ligeira pode ser tratada com sucesso apenas com o recurso à psicoterapia, no entanto, a depressão moderada ou grave, necessita muitas vezes da combinação de psicoterapia com medicação (antidepressivos) como forma de intervenção. A terapia cognitivo-comportamental, combinada ou não com a medicação, tem-se revelado muito eficaz no tratamento da depressão tanto no idoso como em qualquer outra faixa etária.
A depressão não é uma consequência natural do envelhecimento. Os idosos saudáveis, independentes e principalmente ativos, apresentam uma taxa de prevalência de depressão muito inferior à da população em geral. Porém, juntamente com outras problemáticas que possam existir, a depressão reduz consideravelmente a qualidade de vida da pessoa idosa pode aumentar de forma significativa o risco de suicídio. Deste modo torna-se fundamental ficar atento aos sinais e agir de forma precoce. Uma boa e atempada avaliação psicológica e uma adequada intervenção, pode evitar consequências funestas e tratamentos mais complexos e prolongados.
Volte a sorrir, procure apoio! Procure a Sua Psicóloga!
A avaliação psicológica desenvolveu-se através de diferentes quadros teóricos e modelos, com metas e objetivos distintos e complementares. Os modelos mais relevantes para a avaliação em psicologia são o traço, o médico, o cognitivo, o comportamental, o psicodinâmico e o construtivista (Fernández-Ballesteros, 2004).
O modelo traço tem por base as características individuais da pessoa. É uma abordagem que tem como objetivo primário descobrir o verdadeiro valor de uma característica específica e relacionar a sua verdadeira posição com um grupo normativo. É um modelo que utiliza várias técnicas psicométricas de recolha de informação e que tem como finalidade fazer a previsão de comportamentos futuros, ao mesmo tempo que ajuda os psicólogos na classificação e na descrição do indivíduo avaliado.
O modelo médico parte do pressuposto de que a explicação de um comportamento tem por base variáveis internas ou endógenas. Tem como foco a descrição de critérios e a classificação das perturbações mentais, tendo levado ao desenvolvimento de sistemas específicos de classificação, como é o caso do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-V) da Associação Americana de Psiquiatria. Este modelo utiliza um sistema de classificação que tem como finalidade oferecer descrições claras dos critérios de diagnóstico das respetivas perturbações.
O modelo cognitivo tem como objeto as estruturas e os processos mentais, e como objetivo a descrição, a predição, a explicação e a avaliação dos mesmos. É uma abordagem focada no estudo dos processos cognitivos e na sua influência e determinação sobre os comportamentos do indivíduo. A avaliação à luz deste modelo centra-se particularmente no desempenho dos sujeitos em tarefas cognitivas (Fernández-Ballesteros, 2004). Ao avaliar-se um indivíduo com base neste modelo, o psicólogo foca-se no que ocorre quando o indivíduo adquire informação nova e em como a elabora e imite, ou seja, como esta se manifesta no seu comportamento.
O modelo comportamental tem como objetivo a descrição, a predição, a explicação funcional, isto é a necessidade de intervenção, bem como a avaliação dos resultados da mesma. Esta abordagem sustenta-se através da premissa de que o comportamento humano pode ser explicado pela interação do indivíduo com o contexto, diferenciando 3 sistemas (motor, cognitivo, e psicofisiológico) e postulando que os problemas psicológicos advêm de múltiplas causas, principalmente ambientais. Assim, a avaliação comportamental pressupõe uma análise de múltiplos métodos, em que a avaliação das condições comportamentais, ambientais e interações adjacentes a estas, são efetuadas através da observação, do autorrelato e de técnicas psicofisiológicas.
Quanto ao modelo psicodinâmico, este centra-se essencialmente nos processos mentais inconscientes e na sua dinâmica por vezes conflituante, geradora de ansiedade. Foca-se também nos mecanismos de defesa do indivíduo e nos seus padrões interpessoais, regidos pelas suas experiências ao longo do desenvolvimento. Esta abordagem teórica explica aspetos estruturais e dinâmicos da personalidade, enfatizando os processos inconscientes do indivíduo. Como instrumentos de diagnóstico diferencial pode recorrer a técnicas projetivas, sendo estas facilitadoras das respostas livres. Este tipo de provas/testes procura obter respostas com um conteúdo rico em detalhes e centra-se na interpretação do mesmo.
Por último, o modelo construtivista, que tem como alvo o estudo dos sistemas de constructo pessoais e as narrativas do indivíduo. Ao contrário dos modelos anteriormente referidos, o modelo construtivista segue uma linha teórica que dita que cada indivíduo constrói a sua própria perceção da realidade. O principal objetivo deste modelo de avaliação é perceber a essência do indivíduo, focando-se na singularidade e unicidade de cada pessoa, bem como no modo como ela se vê a si mesmo e ao contexto onde está inserida. A avaliação do indivíduo é um processo de construção que emerge da interação entre o avaliador e o avaliado.
A avaliação psicológica é uma área amplamente desenvolvida e multimodal, uma vez que encerra em si diferentes quadros teóricos, cada um com as suas especificidades e objetivos. A diversidade de modelos permite ao psicólogo, assumir uma atitude integrativa e eclética, utilizando as múltiplas técnicas e instrumentos de avaliação que os vários modelos colocam à sua disposição.
Fonte:
Fernández-Ballesteros, R. (2004). Assement and Evaluation, Overview. In Spielberger, C. (Ed.). Encyclopedia of Applied Psychology (Vol. 2, p. 163-176). Oxford, UK: Elsevier.
A Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) é uma doença do foro psiquiátrico que se caracteriza pela presença de obsessões, isto é, pensamentos, impulsos ou imagens mentais recorrentes e desagradáveis, e/ou compulsões, que são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa se sente na obrigação de realizar em resposta às obsessões.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prevalência da POC em Portugal é de cerca de 4%. Esta organização introduziu a POC na lista das dez condições mais debilitantes em todo o mundo, salientando-se deste modo a importância de um diagnóstico precoce e do entendimento da forma como a patologia se caracteriza clinicamente. Em termos de diagnóstico, os critérios estabelecidos pela American Psychiatric Association (APA) foram definido pela presença de dois dos principais componentes da POC, sendo estes a presença de obsessões e compulsões, que embora possam ser independentes, estão fortemente associados.
Por mais que se fale de saúde mental e da importância da mesma para a manutenção da qualidade de vida do indivíduo, parece haver ainda algum preconceito associado à procura de ajuda, nomeadamente de um psicólogo/a. Ideias pré-concebidas erróneas, podem dificultar a tomada de decisão na hora de procurar apoio, ainda que muito dele se possa necessitar.
Reconhece-se hoje em dia que, entre muitas outras patologias, a perturbação de ansiedade e a perturbação de depressão são as doenças do foro mental mais comuns, com elevada prevalência tanto em crianças e adolescentes, como em adultos e idosos. Em alguns casos, uma intervenção de caráter preventivo, pode fazer a diferença entre desenvolver a doença, por vezes até à cronicidade, ou aprender a lidar com a sintomatologia, impedindo que a doença evolua e se instale, comprometendo a funcionalidade e o bem-estar do indivíduo. Deste modo, é fundamental que o psicólogo/a seja visto como alguém que pode fazer a diferença, na vida de uma pessoa, de uma família ou de uma comunidade.