Gerir o tempo

Gerir o tempoUma das estratégias mais eficazes para o aumento da organização e da produtividade é a correta gestão do tempo. Assim parece ser consensual que na vida do dia-a-dia, as pessoas possam retirar benefícios de uma boa gestão do seu tempo. E em relação ás crianças e adolescentes? Será igualmente importante que aprendam a fazer essa gestão no sentido de verem incrementada a sua produtividade, por exemplo, em termos de desempenho escolar?

A gestão do tempo é sem dúvida um fator relevante e muitas vezes apontado pelos mais novos como uma preocupação. Hoje em dia, as crianças e adolescentes vêm-se “a braços” com múltiplas tarefas e exigências que incluem a escola, a família, as atividades extracurriculares desportivas ou de lazer e as exigências sociais, fundamentais para um ótimo desenvolvimento enquanto seres humanos. Assim, torna-se cada vez mais importante a gestão do tempo, não apenas no sentido de o “fazer chegar” para tudo, mas também para que este possa ser aproveitado com qualidade e para que haja um bom ajustamento psicossocial. Continue a ler “Gerir o tempo”

Delírios, alucinações e outras perturbações

PsicoseAs perturbações do espectro da esquizofrenia e outras perturbações psicóticas referem-se a anomalias em um ou mais domínios, como delírios, alucinações, pensamento desorganizado, comportamento motor anormal ou grosseiramente desorganizado e sintomas negativos.

Os delírios referem-se a crenças fixas que não mudam perante a evidência oposta, ou seja, a pessoa não consegue deixar de acreditar em algo mesmo que lhe seja apresentada evidência concreta do contrário. Por exemplo, o delírio persecutório que corresponde à crença do sujeito em que vai ser prejudicado, perseguido ou incomodado por uma determinada pessoa ou grupo, é um dos mais comuns. O delírio de grandiosidade refere-se a casos em que o sujeito acredita ter habilidades excecionais, fortuna ou fama. O delírio de referência prende-se com o facto de o indivíduo acreditar que determinados comentários, gestos ou estímulos do ambiente são dirigidos a si. Estes parecem ser os delírios mais comuns nas perturbações do espectro da esquizofrenia, no entanto há que referir ainda o delírio erotomaníaco que significa que a pessoa acredita falsamente que alguém está apaixonado por si, o delírio niilístico que corresponde à convicção de que vai ocorrer uma catástrofe e o delírio somático, que é focado em preocupação com a saúde e com as funções orgânicas. Continue a ler “Delírios, alucinações e outras perturbações”

Outra birra!

Comportamentos de birraPodemos definir uma birra como sendo a expressão de sentimentos diversificados e intensos através de um comportamento ou reação exagerada, por vezes sem motivação racional.

Para o entendimento do que é uma birra deverão ser levados em consideração fatores como a relação entre a birra e os sentimentos, as características individuais e temperamentais da criança, o contexto, a idade e a etapa do desenvolvimento em que esta se encontra. As birras ocorrem quase inevitavelmente na infância, variando de frequência e intensidade de criança para criança, não havendo á partida distinção por género. Salvo algumas exceções, a idade mais comum para a expressão das birras é entre o ano e meio e os três anos. Esta corresponde a uma fase em que as crianças adquirem autonomia, principalmente na forma como se movimentam, o que lhes permite explorar e tentar dominar o ambiente que as rodeia. Para algumas pessoas pode parecer pouco compreensível o facto de, se a criança já iniciou a marcha e já consegue de alguma forma comunicar pela fala, ainda que de forma restrita, expressar-se “em forma de birra” parece não fazer sentido e habitualmente atribuem a um temperamento difícil o facto de as birras ocorrerem. Continue a ler “Outra birra!”

Parece que só passaram 5 minutos…

Psicologia infantilO Frederico tem 11 anos e foi à consulta de psicologia acompanhado pelo pai. O menino apresenta problemas ao nível do comportamento alimentar e uma marcada ansiedade generalizada. Na primeira sessão estava muito tímido, de olhar baixo e com um nervosismo que se notava pelo torcer constante da manga da camisola, e pouco falou. Na segunda sessão, começou a responder melhor às perguntas e a manter contacto visual, embora intermitente. Aderiu às tarefas de desenho propostas e ao longo da sessão foi revelando maior à-vontade e descontração. Na terceira sessão, o Fred (como gosta de ser chamado) revelou-se. Falou dos amigos, do que gostava e do que não gostava de fazer e também das suas preocupações. No final, quando se despede, diz “passou tão depressa esta hora. Parece-me que só passaram cinco minutos…”

Educar, ensinar e respeitar

Disciplinar e educarFalar da educação dos nossos filhos é falar de um tema sensível e por vezes difícil, uma vez que todos queremos fazer o melhor mas nem sempre sabemos como. Se por um lado não existem pais perfeitos, por outro lado também não existem crianças perfeitas. No entanto, pais e filhos podem relacionar-se de forma harmoniosa, amorosa e feliz, respeitando-se mutuamente.

Para que mantenha com os seus filhos uma relação tranquila, agradável e prazerosa, há que nunca esquecer a palavra equilíbrio, e para que haja equilíbrio, é necessário haver disciplina, regras e limites. Disciplinar significa ensinar: ensinar o que fazer, como fazer e quando fazer. Corrigir comportamentos desadequados, dar alternativas e ao mesmo tempo respeitar a perspetiva da criança ou do adolescente, pode ser a chave para o sucesso. Porém, estabelecer limites e fazer cumprir as regras pode não ser tarefa fácil. Uma das formas que pode tornar a tarefa mais acessível é dar o exemplo. As crianças também aprendem por imitação e os pais são os seus modelos mais próximos. Será muito difícil exigir que um filho mantenha o telemóvel fora da mesa do jantar, se os próprios pais passarem a hora da refeição ligados aos seus aparelhos. Este é apenas um exemplo, mas modelar um comportamento pode ser muito mais do que isto. Modelar é dar o exemplo, é fazer bem e ensinar como fazer bem, para que a criança possa aprender com o que vê fazer. Continue a ler “Educar, ensinar e respeitar”

O psicólogo e o desenho

Avaliação psicológica e o desenhoHá pouco tempo atrás ouvi alguém que dizia “o meu filho vai ao psicólogo só para fazer desenhos”. O tom de crítica era evidente, e, de facto, se a criança é acompanhada por um psicólogo apenas com o intuito de desenvolver as suas competências artísticas, pode realmente ser algo redutor… mas o desenho não é só arte.

O desenho, em contexto de avaliação ou de intervenção psicológica, assume um valor e uma importância que transcendem a mera revelação dos dotes artísticos da criança. O desenho é para o psicólogo um instrumento muito útil na sua prática clínica, quer se trate de avaliação, seleção ou intervenção psicológica. Através do desenho, o psicólogo consegue obter informação acerca do funcionamento da criança, do seu modo de estar perante os outros, do modo como projeta através dos elementos que desenha, o seu temperamento, as suas áreas de conflito, etc. Ao mesmo tempo, com recurso ao desenho, consegue-se facilitar o estabelecimento e a manutenção da relação entre a criança e o psicólogo. A criança por vezes consegue mais facilmente desenhar do que verbalizar. O pormenor ou a falta dele, o modo como adere à tarefa e se empenha nela, o tipo de traço que apresenta, a descrição dos detalhes, entre outros, representados através do desenho, podem fornecer informação relevante acerca da problemática em foco. Continue a ler “O psicólogo e o desenho”