É sabido que a depressão tem uma expressão significativa na prevalência das perturbações do foro mental. Porém, nem tudo o que parece é. Há que avaliar cuidadosamente cada critério, cada conjunto de sintomas, uma vez que alguns podem ser comuns a mais do que uma perturbação.
A distimia é uma perturbação depressiva caracterizada pela presença de humor depressivo durante a maior parte do dia, manifesto durante pelo menos dois anos no adulto (em crianças) em mais de metade dos dias. O seu diagnóstico assenta no relato subjetivo (ou por observação dos outros) de pelo menos dois ou mais dos seguintes sintomas: aumento ou diminuição do apetite; dificuldades de sono (ex. insónia); cansaço e/ou falta de energia; baixa autoestima; dificuldades de concentração; dificuldade na tomada de decisões e sentimentos de desesperança. No indivíduo com distimia, estes sintomas podem causar mal-estar clinicamente significativo e/ou défice social, ocupacional ou em qualquer outra área do seu funcionamento.
Se uma criança/adolescente conseguir modificar o seu comportamento ou o seu modo de pensar acerca de uma dificuldade, pode por um lado melhorar o seu desempenho, ou por outro lado adaptar-se à sua condição, de modo a aprender a lidar com ela de forma a que ela seja menos perturbadora, ou até mesmo transformar a sua fraqueza em força.
De acordo com a opinião de vários especialistas nesta área, a intervenção psicológica em crianças e adolescentes deve contemplar vários domínios: físico, cognitivo, emocional e social. Qualquer avaliação implicará a inclusão destes 4 domínios, no sentido de perceber o funcionamento da criança e de orientar o plano de intervenção de modo a torna-lo mais completo, atrativo e eficaz. Ainda que as dificuldades apresentadas pela criança/jovem possam manifestar-se essencialmente num dos domínios, certo é que todos eles se interrelacionam e influenciam. Deste modo e a título de exemplo, se um jovem apresenta dificuldades ao nível do sono, o ensino e treino de estratégias de higiene de sono, que ao mesmo tempo incluem mudanças de comportamento e aquisição de hábitos de vida saudáveis, irá não só beneficia-lo no que diz respeito à qualidade do sono como também trazer-lhe vantagens ao nível físico, cognitivo e emocional.
Agora que o ano de 2020 está a aproximar-se do fim e que o balanço não é certamente positivo para a maioria das pessoas, há que renovar esperanças para o novo ano que se avizinha.
As expetativas de que um novo ano nos trará a resolução de alguns problemas, colide com a noção de que outros se desenham no horizonte e de que é necessário reunir esforços e recursos para lidarmos com um período de crise económica, política e de saúde. O aumento da taxa de desemprego, as dificuldades económicas que muitas famílias atravessam, as lutas políticas e ideológicas relacionadas com a gestão da situação pandémica e as repercussões do cenário social nas nossas vidas, darão origem a desafios alguns deles difíceis de enfrentar. Por outro lado, a esperança numa vacina eficaz, a vontade de retomar a “normalidade” e a enorme força da massa humana para ultrapassar a adversidade, concorre com todas as dificuldades.
É comum ouvir-se dizer que o ano de 2020 é “para esquecer”, no sentido em que têm sido tantas as perdas causadas pela pandemia que o melhor mesmo é fazer de conta que este ano não existiu. Mas será mesmo assim? Será que devemos esquecer ou pelo contrário, devemos refletir acerca do que aconteceu, está a acontecer e terá certamente impacto em nós e na forma como passamos a olhar o mundo? Esta é uma reflexão pertinente num momento em que se aproxima o início de um novo ano, situação que trás consigo por tradição a tomada de decisões acerca de aspetos das nossas vidas que decidimos mudar – as típicas resoluções de ano novo.
Para além das questões que se prendem com a subsistência, como manter ou mudar de emprego, investir capital para obter rendimento extra, iniciar uma atividade remunerada, enfim toda e qualquer resolução que implique resolver a situação económica de cada um, as decisões de mudanças comportamentais são as mais frequentes. Mudar o comportamento alimentar para perder peso ou para melhorar a saúde física, poderá estar no topo das resoluções de ano novo, motivado em parte pelos excessos cometidos na quadra natalícia. Também as decisões de iniciar ou retomar a prática de exercício físico são muito comuns. Comprar casa, carro, ou outros bens de consumo, são decisões que muitas vezes se tomam em início de ano. Até mesmo mudanças referentes aos comportamentos que se prendem com relações pessoais como, estar mais vezes com amigos, iniciar ou terminar uma relação, telefonar mais vezes a um familiar…
E que tal ter como resolução de ano novo a mudança do seu pensamento? Modificar a maneira como pensamos modifica também a forma como nos sentimos, e logo, muda também o nosso comportamento. Quantos de nós nos damos por vezes a ter pensamentos rígidos acerca de determinado assunto, que nos impede de ver a situação sob uma perspetiva diferente? A capacidade de se ser flexível no modo de pensar não faz de nós pessoas incoerentes mas sim, pessoas que se adaptam de forma mais adequada ás diferentes situações. Pensar diferente pode-nos ajudar a lidar com um problema com menor sofrimento. Pode não ser um trabalho fácil mas a reestruturação do nosso pensamento pode ter um efeito muito positivo no modo como olhamos o mundo e os outros, levando-nos a aceitar, compreender e a ter uma atitude mais positiva perante algumas questões com as quais temos dificuldade em lidar.
Pensamentos mais adaptativos levam a sentimentos mais positivos. As nossas emoções, por vezes tão complicadas de gerir, irão beneficiar se conseguirmos ter um pensamento mais flexível, o que pode implicar o distanciamento de uma situação e uma reavaliação da mesma. Tomar a decisão de mudar exige um exercício de reflexão e análise acerca de quem somos, qual a nossa forma típica de pensar, de sentir e de nos comportarmos. Mudar é difícil, exige aprendizagem, treino, monitorização e voltar ao ponto de partida, sempre que necessário. Mudar implica um trabalho de autoconhecimento complexo, por vezes demorado podendo levar à desistência e ao desânimo. Mudar, não é tarefa para se fazer sozinho. E que tal, definir como resolução de ano novo a procura de apoio, de ajuda especializada de um psicólogo/a?
Procure ajuda, mude a sua vida para melhor e seja mais feliz no ano de 2021!