
A vivência da parentalidade pelos casais homossexuais suscita opiniões controversas. Se uns aceitam e normalizam a adoção de crianças por casais do mesmo género, quer seja masculino ou feminino, outros levantam uma série de obstáculos, não apoiando essa possibilidade, criticando e acusando o impacto negativo no desenvolvimento das crianças.
A investigação científica tem-se dedicado ao estudo destas questões e parece haver evidência de que as famílias homoparentais se constituem como um “espaço seguro e adequado” para a educação e o desenvolvimento infantil. O tipo de família e a forma como esta se estrutura não ´é um indicador válido para determinar se as características do contexto familiar, no que diz respeito ao género das figuras parentais, é ou não favorável à educação e ao desenvolvimento dos filhos (Ceballos Férnandez, 2012). Para além de serem potencialmente bons pais ou mães, os casais homossexuais, à semelhança dos heterossexuais, também apresentam diferentes estilos parentais, uns mais adaptativos e funcionais e outros nem tanto (Golombok et al., 2003).

Um trabalho de 2003, levado a cabo por Golombock e seus colaboradores, estudou crianças pertencentes a famílias homoparentais femininas e concluiu que existem relações positivas mãe-criança e um bom ajustamento psicológico. Não foram identificadas diferenças significativas entre as mães homossexuais e as mães heterossexuais na maior parte das variáveis da parentalidade. Neste mesmo trabalho verificou-se que as mães homossexuais afirmaram dar menos castigos corporais (ex. palmadas) aos seus filhos e ainda reportaram envolver-se mais em brincadeiras que apelam à imaginação com as suas crianças, comparativamente às mães heterossexuais.

É de referir também um estudo de Crowl, Ahn e Baker (2008) que concluiu que os pais do mesmo sexo reportaram uma melhor relação com os filhos do que os pais heterossexuais. Isto pode ser explicado pelo facto destes casais serem por norma mais observados e monitorizados do ponto de vista do seu desempenho enquanto pais/mães, e, deste modo estarem mais pressionados a manterem relacionamentos de muita qualidade com as suas crianças.

Os níveis de stresse parental dos pais homossexuais parecem ser idênticos aos dos pais heterossexuais As famílias constituídas por casais homossexuais, em comparação com outros grupos familiares, representam o contexto familiar com o indicador mais elevado de qualidade, com todo o benefício que isso constitui para o desenvolvimento psicológico e afetivo dos filhos (Arranz et al., 2010). Assim, com base nos inúmeros estudos efetuados sobre esta temática, conclui-se que a orientação sexual dos pais não tem influencia negativa na qualidade do exercício da parentalidade. A investigação sugere que as constelações familiares, os seus processos, as qualidades e as competências dos seus intervenientes, assim como os processos de vinculação é que podem predizer o resultado da qualidade da parentalidade.
