
A psicologia estuda os processos mentais e o comportamento humano no sentido de os avaliar, compreender, organizar, classificar, prever e modificar, no sentido da otimização dos recursos internos e do aumento da qualidade de vida.
A Psicologia da Saúde é a área disciplinar da psicologia que se refere ao estudo do comportamento humano em contexto de saúde ou da falta dela. Corresponde a um conjunto de contribuições técnicas, educacionais e cientificas da psicologia, para a promoção da saúde, a sua manutenção e a prevenção da doença, ou, no caso de esta estar instalada, trabalhar a aceitação do diagnóstico, a adaptação à situação de doença e ao tratamento da mesma. Nesta área da psicologia, o psicólogo assume um papel de profissional da saúde como um todo e não apenas da saúde mental e oferece uma intervenção de cuidados inclusivos, ou seja, ao longo do tempo e sempre que necessário em articulação com uma equipa multidisciplinar, como por exemplo o pediatra, o nutricionista ou o fisioterapeuta, ou outros.

A medicina biomédica tem vindo ao longo do tempo a desenvolver-se e a permitir desse modo o aumento da esperança média de vida. Assim sendo, e uma vez que se vivem mais anos, cabe a todos os profissionais de saúde, nomeadamente ao psicólogo, ajudar os indivíduos na promoção da sua saúde e na manutenção da qualidade de vida, no sentido de “dar vida aos anos”. Para isso é fundamental uma deteção precoce de alguns tipos de doença assim como a prevenção das mesmas, sempre que possível. A medicina tem um papel extremamente importante nesta matéria, no entanto há um “agente patogénico” que influencia fortemente o sucesso das intervenções que é o comportamento. Este tem na maioria das vezes que ser modificado e é aqui que o psicólogo assume um papel muito relevante na intervenção, preparando e apoiando o indivíduo no processo de mudança.

Um paciente que não adere ao tratamento não tomando os medicamentos ou não seguindo outras indicações médicas terá certamente muito a perder. Uma pessoa com vulnerabilidade para uma determinada doença que não empreenda ações de mudança para a prevenir, terá mais tarde a mais dura tarefa de lidar com os seus efeitos nefastos. Nem tudo é possível prever e nem tudo é possível curar, no entanto, muitas vezes (quase sempre) aceitar a realidade e aprender a viver com ela é certamente o mais adaptativo para o doente. Este pode ser um processo mais ou menos complexo para o qual estão envolvidas variáveis como o contexto familiar e profissional do indivíduo, a sua rede de apoio social, a sua personalidade, o seu estado emocional, as condições socioeconómicas, entre outras.

O psicólogo da saúde deverá desenvolver uma abordagem “não patologizante” do indivíduo com doença física. Deverá focar-se na pessoa e não na doença e deverá intervir na prevenção da perturbação mental que muitas vezes tende a aparecer como consequência de um diagnóstico de doença física. E a intervenção psicológica não deve restringir-se apenas ao doente, deverá alargar-se aos restantes elementos do contexto familiar, no sentido de lhes permitir não só a expressão emocional mas também fornecer-lhes “ferramentas” para os ajudar a lidar com a situação e com a pessoa em causa. O diagnóstico pode ser uma total “surpresa” à qual todos precisam de se adaptar. Essa adaptação exige recursos internos aos quais por vezes o indivíduo não consegue aceder sozinho, nem utilizar da forma mais adequada.

O psicólogo da saúde pode ainda ter um papel importante na mediação da comunicação médico-doente. A utilização de linguagem técnica, a dificuldade em transmitir informação ou a distância que alguns profissionais de saúde, mais focados na doença do que no doente, mantêm em relação ao mesmo, pode dificultar não só o entendimento da situação como também ser por si só um elemento ansiogénico para o indivíduo. Por outro lado, o indivíduo confrontado com um diagnóstico preocupante poderá ter uma reação de evitamento, de apatia ou de agressividade e revolta que dificultará a comunicação com o profissional de saúde. Assim, cabe ao psicólogo da saúde se necessário, adequar a informação de forma a ser melhor compreendida e aceite pelo doente, salvaguardando obviamente a autenticidade da mesma, bem como preparar e conter o indivíduo num momento de possível desorganização emocional ou cognitiva.

A psicologia da Saúde tem um propósito preventivo uma vez que tem em vista a permanência da condição de saúde e o possível evitamento de uma condição de doença. Numa perspetiva contrária, a psicologia da doença visa a aceitação do doente em relação ao diagnóstico e a adaptação do mesmo, ao processo de doença e respetivo tratamento.