Perante um diagnóstico de cancro, na grande maioria dos casos o doente perceciona a doença como fortemente ameaçadora. A malignidade, a imprevisibilidade, a incerteza, as sequelas e a ameaça de morte inerentes a este diagnóstico, podem concorrer para o desenvolvimento ou o agravamento da patologia psiquiátrica.
Alguns dos fatores que podem influenciar o desenvolvimento de psicopatologia ligada ao cancro são principalmente o stresse elevado causado por um possível mau prognóstico, a idade (mais jovens e medo de morte prematura), os baixos rendimentos e o fraco suporte social. Perante um diagnostico de cancro, as respostas emocionais mais comuns são o choque, a negação e a revolta, mas também a desesperança, as dificuldades de concentração, a ansiedade e a depressão. É também comum o aparecimento de dificuldades de sono como a insónia, muitas vezes provocada pelos pensamentos intrusivos relacionados com a doença, e com a forma como ela vai afetar a funcionalidade do doente. Por norma, estes sintomas tendem a desaparecer ou a reduzir significativamente após alguns dias ou semanas.
Terminadas as férias de verão, o regresso ás aulas pode ser algo tão desejado como temido. Se para muitas crianças e adolescentes este momento é esperado com entusiasmo, para muitos outros é vivido com enorme ansiedade. Os pais também podem sentir apreensão ou mesmo receio, no momento de levarem os seus filhos de regresso á escola.
O regresso às aulas é para a maioria crianças e jovens um momento aguardado com alguma ansiedade, embora nem sempre pelas mesmas razões. As crianças mais pequenas tendem a aguardar com entusiasmo o momento de regressar á escola, de rever colegas e professores e de retomar as suas rotinas, atividades e brincadeiras. A escola para além das aprendizagens em sala de aula é também um lugar de diversão e partilha, para o qual as crianças mais novas habitualmente anseiam regressar no final do verão. No entanto, e principalmente em anos de mudança de ciclo ou de escola, a ansiedade pode ter um papel importante na forma como crianças e pais avaliam esse momento, o que é perfeitamente normal, principalmente se o contexto escolar no qual a criança vai ingressar for novo e desconhecido.
As perturbações da alimentação e da ingestão são caracterizadas por uma perturbação persistente na alimentação ou na ingestão, que resulta na alteração do consumo dos alimentos e que provoca défice significativo na saúde física e psicológica, e/ou no funcionamento psicossocial. Entre estas perturbações encontram-se a anorexia nervosa, bulimia nervosa, a perturbação de ingestão alimentar restritiva ou compulsiva, entre outras.
Quando uma pessoa ingere alimentos de forma rápida, numa quantidade muito abundante, de forma descontrolada ou até mesmo em segredo, muitas vezes em resposta a emoções negativas, stresse ou preocupações emocionais, poderá estar a sofrer de uma perturbação de ingestão alimentar compulsiva, os seja, uma perturbação do comportamento alimentar. Durante os episódios de compulsão alimentar, a pessoa experimenta uma sensação de perda do controlo sobre a ingestão dos alimentos, sentindo por vezes uma enorme urgência ou necessidade irresistível de comer até ficar indisposta, mesmo sem ter fome física real.
Após esses episódios de ingestão compulsiva, para além do mal-estar físico marcado, é frequente a ocorrência de sentimentos de culpa e de vergonha ou até raiva para consigo mesma. A pessoa sente-se mal e recrimina-se por não ter conseguido controlar o impulso de comer, mesmo sem fome, e de ingerir quantidades exageradas de alimentos (habitualmente pouco saudáveis), no sentido de obter um alívio das suas emoções negativas, ainda que apenas temporário.
As Perturbações do Comportamento Alimentar não devem ser subestimadas nem ignoradas, pois podem conduzir a estados de saúde física e mental muito graves e por vezes à morte. Os principais fatores de risco para a perturbação de ingestão alimentar compulsiva são os genéticos, podendo ocorrer em famílias, o que pode refletir influencias genéticas adicionais. Esta é uma perturbação que se revela de frequência semelhante na maioria dos países industrializados.
Estas perturbações podem condicionar a adaptação ao desempenho dos papéis sociais, originar défices na qualidade de vida por problemas de saúde, pode contribuir para o aumento do peso/desenvolvimento de obesidade, bem como aumento da morbilidade e da mortalidade médicas. De referir ainda o aumento do recurso aos serviços médicos e de saúde, por parte destes indivíduos, em consequência da sua perturbação. De salientar que esta é uma perturbação que apresenta maior prevalência em indivíduos que procuram tratamentos de emagrecimento, do que na população em geral.
É extremamente importante que este tipo de perturbações sejam diagnosticadas o mais precocemente possível, sendo que em estádios iniciais o problema poderá ser resolvido apenas com recurso à psicoterapia. Casos mais graves e perturbações já instaladas há muito tempo necessitam de uma abordagem mais abrangente, podendo ir do acompanhamento psiquiátrico e nutricional em ambulatório, até ao internamento em unidade hospitalar especializada. A perturbação de ingestão alimentar compulsiva está associada a comorbilidade psiquiátrica significativa, comparável á bulimia ou á anorexia nervosas, sendo as perturbações mais frequentes a doença bipolar, perturbação depressiva, perturbação de ansiedade e ainda a perturbação de uso de substâncias.
No entanto, a recuperação é possível e a procura de apoio psicológico é certamente o primeiro passo, para uma vida mais equilibrada, saudável e feliz!
Fonte:
DSM-V – Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (Quinta edição) de American Pshychiatric Association.
Na terapia de casal a intervenção foca-se essencialmente no casal e não na relação em si. O importante é avaliar cada elemento do casal e intervir no sentido de melhorar a sua saúde emocional. Pessoas emocionalmente estáveis tendem a ter relações mais saudáveis e satisfatórias.
Os “ingredientes” mais importantes para o sucesso de uma terapia de casal são o amor e a vontade de continuarem juntos. Alguns dos erros mais comuns dos casais com dificuldades relacionais são a procura de ajuda muito tardia; quando um elemento do casal quer pedir apoio e o outro vai “por arrasto” (falta de sintonia no processo de mudança); quando um dos elementos não reconhece que há um problema (fase de não contemplação); quando um ou os dois elementos do casal reconhecem que há problemas, mas não estão preparados para a mudança (contemplação); quando um dos dois pode não estar preparado para a ação (empreender ações de mudança) e quando há a crença de que o caminho de ambos passa por continuarem juntos, o que pode não ser a melhor opção…