Distorções Cognitivas no Dia dos Namorados

O Dia dos Namorados, celebrado a 14 de fevereiro, é frequentemente associado ao romantismo, às demonstrações de afeto e à valorização das relações amorosas. No entanto, do ponto de vista da Psicologia Cognitivo-Comportamental (PCC), esta data pode ter impactos variados na saúde mental, dependendo das crenças e dos esquemas cognitivos de cada pessoa.

A PCC baseia-se na ideia de que os nossos pensamentos influenciam as nossas emoções e comportamentos. Assim, o Dia dos Namorados pode ser interpretado e vivenciado de formas diferentes consoante as cognições individuais. Para algumas pessoas, a data reforça sentimentos de felicidade e segurança emocional, enquanto para outras pode desencadear ansiedade, tristeza ou frustração.

Um dos conceitos centrais da PCC é a distorção cognitiva, isto é, a presença de padrões de pensamento automáticos e negativos que podem levar a emoções desadaptativas. No contexto do Dia dos Namorados, algumas das distorções mais comuns incluem, por exemplo, o raciocínio dicotómico (pensamentos de tudo ou nada). Pessoas solteiras podem pensar: “Se não tenho um(a) parceiro(a), então sou um fracasso.” Esta visão extremista pode levar a sentimentos de inferioridade e tristeza. Outra distorção  cognitiva frequente é a personalização. Alguém que esteja num relacionamento, pode interpretar a falta de uma surpresa romântica como um sinal de desinteresse do parceiro, ignorando os outros aspetos positivos da relação. De referir também o filtro mental, isto é, a tendência de se focar apenas nos aspetos negativos, como a ausência de um presente ou uma discussão menor, esquecendo todos os momentos positivos e a globalidade da relação.

Para lidar com estas distorções cognitivas, a PCC sugere estratégias como a reestruturação cognitiva, que envolve a identificação e modificação dos pensamentos disfuncionais. Por exemplo, em vez de pensar “Estou sozinho, portanto ninguém me ama”, pode-se reformular para “Estar solteiro agora não significa que nunca terei uma relação; este é apenas um momento da minha vida”. Além disso, a PCC enfatiza a importância das ações na regulação emocional. Para quem sente pressão ou ansiedade neste dia, algumas estratégias eficazes incluem redirecionar o foco, ou seja, celebrar o amor de diferentes formas, como através da amizade ou do autocuidado; evitar comparações, por exemplo, as redes sociais podem criar uma perceção irrealista do amor e da felicidade, que por comparação, podem ser altamente destrutivas. É fundamental lembrar que cada relação tem a sua própria dinâmica e comunicar expectativas, pois num relacionamento, expressar o que se espera deste dia pode prevenir mal-entendidos e frustrações.

O Dia dos Namorados pode ser um momento de celebração para algumas pessoas e de reflexão para outras. A Psicologia Cognitivo-Comportamental sugere que, ao mudarmos a nossa perceção sobre a data e adotarmos estratégias saudáveis, podemos reduzir a ansiedade e promover o bem-estar emocional, independentemente do nosso estado civil.

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