
Comunicar é uma necessidade inata ao ser humano. Desde sempre que os indivíduos procuram encontrar formas de interação em substituição da comunicação verbal ou em complemento a ela. A comunicação não-verbal tem vindo a ser utilizada e explorada, assumindo grande importância nas relações interpessoais.
Inicialmente, antes de haver uma linguagem estruturada, quer falada, quer escrita, a comunicação acontecia por meio de gestos e símbolos. Hoje em dia, continuamos a utilizar esse tipo de comunicação, mesmo que por vezes não tenhamos consciência disso. A comunicação não-verbal diz tanto sobre quem somos e sobre a forma como pensamos, que é necessário estar atento a ela, no sentido de salvaguardarmos as nossas relações interpessoais. Um dos componentes da linguagem não-verbal é a aparência. A aparência física é responsável pela primeira impressão causada no outro e pode expressar credibilidade ou a falta dela. O modo como nos vestimos mas também a forma como cuidamos o cabelo, a barba no caso dos homens, ou a maquilhagem no caso das mulheres, produzem a nossa imagem completa perante os outros. Adequar a imagem à situação é extremamente importante para uma comunicação e interação eficazes e transmissoras de confiança.

O modo como utilizamos o espaço em nosso redor (proxémica), nomeadamente a distância que mantemos em relação aos nossos interlocutores, pode ser reveladora do tipo de relacionamento que temos ou desejamos ter com eles. Em dinâmicas de grupo, é natural haver um espaço mais restrito entre cada elemento, caso contrário, se os indivíduos estiverem muito distanciados entre si, pode ser indicador de falta de empatia ou de conexão. Por outro lado, as modalidades de voz como o tom, a forma, o ritmo ou até o riso ou o bocejo, podem ser indicadoras dos nossos sentimentos, pensamentos ou opiniões. Já a emissão de sons como “hum hum”, ou “ahh” fazem parte da escuta ativa, tão importante para a eficácia da comunicação e são de grande relevância na expressão de empatia, atenção e feedback. A linguagem corporal (cinestésica), composta por gestos, postura, contato ocular, movimentos da cabeça e expressões faciais é o foco da comunicação não-verbal, sendo por isso habitualmente a mais referida e a mais estudada.

Assim, as várias formas de comunicação não-verbal descritas têm como função complementar, substituir, repetir, enfatizar, por vezes contradizer a linguagem verbal, ou até mesmo sinalizar relações de poder, no espaço físico em que decorre a interação. Atendendo à enorme importância deste tipo de linguagem, devemos estar atentos à postura de modo a evitar ombros curvados e braços fechados pois revelam barreiras e desalento. Procurar manter contato visual é fundamental para que possamos criar uma conexão com o interlocutor. Em casos de interação grupal, o contacto visual deverá ser mantido alternadamente com os vários elementos presentes. O tom de voz é também de grande importância na comunicação, devendo ser controlado, para evitar conflitos, mal-entendidos e interpretações erróneas. Observar a linguagem corporal e ouvir atentamente os outros permite-nos captar sinais sobre o modo como pensam e como se estão a sentir, dando-nos por isso mais informação. Por fim, há que ter o cuidado de prestar muita atenção à nossa própria expressão facial. Por vezes quando nos distraímos a nossa expressão pode ficar demasiado séria, podendo sugerir que estamos zangados ou aborrecidos. Devemos fazer em esforço para manter uma expressão “leve” e atenta para não deixar desconfortável o nosso interlocutor.

Nem todas as pessoas comunicam da mesma forma. Há estilos de comunicação bastante diferenciados entre si e com características próprias, que, de acordo com a personalidade do indivíduo, do contexto e do assunto em questão, podem variar muito e por vezes ir do mais agradável e assertivo ao mais agressivo e desconfortável. A assertividade não é característica comum a todos os seres humanos, no entanto, a boa notícia é que a comunicação assertiva pode ser aprendida e treinada, assim como outras competências sociais que podem facilitar a interação com os outros. O ensino e treino deste tipo de competências beneficia o indivíduo, se acontecer num período mais precoce do desenvolvimento, como a infância ou a adolescência. Porém, muitos adultos podem e devem trabalhar a comunicação pois os benefícios serão com certeza compensadores e promotores de maior bem-estar social.

Peça ajuda à Sua Psicóloga!