O/a Psicólogo/a, ao ajudar um enlutado, não deve esperar reações idênticas de luto em pessoas diferentes. Deve validar as emoções intensas do indivíduo, não comparar tragédias e reconhecer o comportamento “normal” de uma pessoa em luto. O enlutado deve ser apoiado na elaboração das tarefas de autocuidado, na promoção do (re)estabelecimento de relações com outras pessoas e na identificação das mudanças verificadas no contexto. A pessoa em luto, deve ser ajudada no por vezes muito difícil processo de aprender a sobreviver sem o objeto perdido, a adaptar-se a num mundo necessariamente diferente e a lidar e resolver relações modificadas.
Ensinar às crianças a lidar com o bullying é importante para toda a vida e pode mudar o seu futuro, uma vez que potencia uma vida mais tranquila, segura e feliz. A autoestima, o respeito mútuo, as necessidades sociais e os direitos fundamentais estão na base do desenvolvimento de ferramentas promotoras da compaixão e do reconhecimento.
O bullying é um fenómeno complexo uma vez que integra em si uma variedade de “motivos” que vão desde a aparência, o modo de vestir, as características físicas ou de personalidade, hábitos, modos de estar, enfim, uma diversidade de razões pelas quais o agressores agem contra as vítimas. É importante salientar que no bullying podemos encontrar agressores, vítimas e testemunhas, sendo que todas elas precisam de ajuda. Os pais são elementos fundamentais nos processos de bullying uma vez que devem estar atentos aos seus filhos de modo a poderem ajuda-los, reconhecendo a situação e não permitir que o seu filho continue a ser vítima de abuso, mas também monitorizando-se para que não sejam eles próprios promotores de comportamentos de bullying por parte dos seus filhos.
A autoestima é como o nome inica, a estima pelo próprio. Pode definir-se como a consciência do nosso valor e está relacionada com a ideia que fazemos de nós mesmos e do quanto nos respeitamos enquanto indivíduos.
O psicoterapeuta norte-americano Nathaniel Branden, reconhecido pelos seus trabalhos sobre autoestima, defende que esta está diretamente associada a características como racionalidade, realismo, intuição, independência, flexibilidade, capacidade de adaptação à mudança, disponibilidade para reconhecer e corrigir os próprios erros, bem como com benevolência e cooperação. Para este autor, a baixa autoestima está fortemente relacionada com irracionalidade, rigidez de pensamento, falta de abertura à experiência, conformismo, submissão e medo ou sentimentos de hostilidade em relação aos outros. A pessoa com baixa autoestima estará potencialmente mais suscetível a esquecer-se de quem realmente é, a desenvolver relacionamentos com os outros menos satisfatórios, com maiores dificuldades de comunicação e sentimentos de inferioridade.
Branden defende que a autoestima é consequência de atitudes geradas internamente, e propõe que o desenvolvimento de algumas atitudes, possa aumenta-la. Assim, determina aquilo a que chamou os “seis pilares da autoestima”, que todas as pessoas deveriam desenvolver. O primeiro pilar é a consciência, ou seja, a importância de termos consciência daquilo que está subjacente aos nossos comportamentos. Quanto maior for a nossa consciência, entendida como um recurso de sobrevivência, melhor será a nossa relação com a vida. O segundo pilar da autoestima é a aceitação de nós próprios. Sem autoaceitação, a autoestima não é possível Aceitarmo-nos e valorizarmo-nos significa respeitarmo-nos e permitirmo-nos ser. O terceiro pilar tem a ver com a responsabilidade. Sermos responsáveis pela concretização dos nossos desejos, pelas nossas escolhas, pelo nível de consciência com que agimos e vivemos os nossos relacionamentos, pelo nosso comportamento com os outros, pela forma como comunicamos, por aceitarmos e escolhermos os valores pelos quais nos regemos.
O quarto pilar da autoestima é, segundo Branden, a autoafirmação, ou seja, a disposição para honrar os meus desejos e as minhas necessidades. Sem autoafirmação agimos como meros expectadores e não participantes. É necessário sermos atores das nossas próprias vidas. O quinto pilar refere-se à intencionalidade, à atenção necessária para estabelecermos objetivos realistas e produtivos. Viver de forma intencional é assumirmos as nossas escolhas com responsabilidade e de forma consciente. Para vivermos de forma intencional e produtiva, segundo Branden, é necessário desenvolver dentro de nós a autodisciplina, que é uma virtude de sobrevivência. Por fim, o sexto pilar é o da integridade pessoal. Corresponde à integração dos ideais, das convicções, dos critérios, das crenças e dos comportamentos. A integridade é a congruência dos nossos atos, dos nossos valores, compromissos e prioridades. É ter consciência e, responsabilidade, sermos íntegros connosco mesmos, admitindo os nossos erros sem culpar os outros, compreendendo, corrigindo e reparando os danos causados, com o compromisso intencional de agir diferente, de agir melhor.
De referir ainda a ideia veiculada por Branden de que quanto maior for a nossa autoestima, maior será o respeito, a benevolência e a boa vontade com que tratamos os outros, pois não os percebemos como ameaça. O autor pressupõe ainda que se não nos sentirmos capazes de ser amados, dificilmente acreditamos que alguém nos possa amar. A autoestima é fundamental para a saúde psicológica, realização, felicidade pessoal e estabelecimento e manutenção de relacionamentos positivos. No mundo caótico e competitivo de hoje, a autoestima é a base para o nosso poder pessoal, familiar, relacional e profissional.
Fonte: Branden, N. (2002). Autoestima e os seus seis pilares. 7ª Ed. São Paulo: Saraiva.
As relações pessoais são essenciais ao ser humano. Com elas podem vir as maiores alegrias, aprendizagens e partilhas. No entanto, muitas vezes são também fonte de discórdia, tensão, mágoas ou sentimentos de incompreensão. A empatia permite-nos colocar no lugar do outro e melhorar significativamente as relações, as interações e a nossa própria satisfação com os outros e com a vida.
A empatia é a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, de “calçar os seus sapatos” e o perceber emocionalmente, com o objetivo de estabelecer uma ligação profunda e verdadeira. É a capacidade de nos identificarmos com alguém e partilhar os seus sentimentos e motivações. Só consegue ser empático aquele que desenvolveu a sua inteligência emocional e que, por isso, tem a capacidade de identificar, reconhecer e lidar com os seus sentimentos e com os dos outros.
Nem todas as pessoas conseguem ser espontaneamente empáticas, porém, se quiserem podem aprender a desenvolver essa competência. Há um conjunto de características que definem uma pessoa empática, como por exemplo ser curiosa, observadora, sensível, disponível, saber escutar, ser recetiva às emoções dos outros e ter uma boa capacidade de reflexão. Algumas pessoas são naturalmente mais empáticas que outras mas esta é uma competência que se pode aprender e desenvolver ao longo da vida.
Os três principais passos para o desenvolvimento da empatia são: saber praticar a escuta ativa, evitar “frases feitas” que servem para qualquer situação e tentar pensar e sentir como a outra pessoa. O primeiro passo é sem dívida saber ouvir. Focar-se na conversa sem distrações, adotar uma postura corporal que expresse o seu interesse no outro, evitando por exemplo, cruzar os braços, não interromper o discurso da outra pessoa, fazer apenas perguntas pertinentes, clarificar o que possa não ter entendido bem e ter um interesse real no que a pessoa lhe está a dizer.
Ainda que sejam ditas com a melhor das intenções e para tranquilizar a outra pessoa, frases “cliché” como “não te preocupes”, “vai correr tudo bem” ou “isso resolve-se”, não só não ajudam, como podem criar uma barreira na comunicação impedindo que a pessoa desabafe e expresse os seus sentimentos. Do mesmo modo, os conselhos, em determinados momentos não são recomendados uma vez que podem ser entendidos como um sermão ou uma verdade absoluta. Quando não sabemos o que dizer, o melhor mesmo é não dizer nada, nunca esquecendo que saber ouvir pode ser a melhor ajuda a dar naquele momento.
Pensar e sentir como a outra pessoa, é o terceiro passo para a empatia mas sem dúvida o mais difícil e desafiante. Colocarmo-nos no lugar do outro, perceber a sua perspetiva e procurar compreender e aceitar os seus sentimentos e emoções, pode exigir um enorme esforço da nossa parte. Tendemos a tirar conclusões ou fazer julgamentos sobre o que está a ser dito ou sobre o que está a acontecer, com base no nosso sistema de crenças, história de vida e expectativas. Porém, para sermos empáticos, é fundamental que deixemos de acreditar que os outros devem viver como nós e agir como achamos conveniente, aceitando a diferença, e, se possível, aprendendo com ela.
É sabido que a depressão tem uma expressão significativa na prevalência das perturbações do foro mental. Porém, nem tudo o que parece é. Há que avaliar cuidadosamente cada critério, cada conjunto de sintomas, uma vez que alguns podem ser comuns a mais do que uma perturbação.
A distimia é uma perturbação depressiva caracterizada pela presença de humor depressivo durante a maior parte do dia, manifesto durante pelo menos dois anos no adulto (em crianças) em mais de metade dos dias. O seu diagnóstico assenta no relato subjetivo (ou por observação dos outros) de pelo menos dois ou mais dos seguintes sintomas: aumento ou diminuição do apetite; dificuldades de sono (ex. insónia); cansaço e/ou falta de energia; baixa autoestima; dificuldades de concentração; dificuldade na tomada de decisões e sentimentos de desesperança. No indivíduo com distimia, estes sintomas podem causar mal-estar clinicamente significativo e/ou défice social, ocupacional ou em qualquer outra área do seu funcionamento.
Por mais que se fale de saúde mental e da importância da mesma para a manutenção da qualidade de vida do indivíduo, parece haver ainda algum preconceito associado à procura de ajuda, nomeadamente de um psicólogo/a. Ideias pré-concebidas erróneas, podem dificultar a tomada de decisão na hora de procurar apoio, ainda que muito dele se possa necessitar.
Reconhece-se hoje em dia que, entre muitas outras patologias, a perturbação de ansiedade e a perturbação de depressão são as doenças do foro mental mais comuns, com elevada prevalência tanto em crianças e adolescentes, como em adultos e idosos. Em alguns casos, uma intervenção de caráter preventivo, pode fazer a diferença entre desenvolver a doença, por vezes até à cronicidade, ou aprender a lidar com a sintomatologia, impedindo que a doença evolua e se instale, comprometendo a funcionalidade e o bem-estar do indivíduo. Deste modo, é fundamental que o psicólogo/a seja visto como alguém que pode fazer a diferença, na vida de uma pessoa, de uma família ou de uma comunidade.
Com a abrangência da internet e a diversidade de dispositivos à qual se pode aceder, as crianças e os adolescentes desta era digital, têm ao seu dispor plataformas e conteúdos, a qualquer hora e a partir de qualquer lugar. Queremos acreditar que na maioria dos casos, a ligação à internet proporciona oportunidades positivas e benefícios, no entanto, sabemos que oferece também riscos, aos quais devemos estar muito atentos.
A internet permite que estejamos ligados ao mundo, com tudo o que isso tem de positivo, mas também de negativo. Se por um lado, as crianças e adolescentes podem utilizar a internet para estudar, pesquisar e adquirir conhecimento, comunicar com os amigos, jogar e fazer atividades em grupo, partilhar fotos, enfim, um sem número de possibilidades de interação e socialização, por outro lado, têm também a possibilidade de “cair em armadilhas” que os podem conduzir a situações de perigo, que no limite, podem por em causa a sua integridade física e moral. A violência e os conteúdos de cariz sexual, são exemplos de riscos aos quais as crianças e jovens podem estar expostos através do acesso à internet, podendo estes ser alvo de exploração e abusos.
O estereótipo é o conjunto de crenças que dá uma imagem simplificada das características de um grupo, generalizando aos membros que dele fazem parte. Preconceito é um juízo pré-concebido, que se manifesta numa atitude discriminatória perante pessoas, crenças, sentimentos ou tendências de comportamento.
Os estereótipos são crenças a propósito de características, atributos e comportamentos dos membros de determinados grupos. São formas rígidas, infundadas e esquemáticas de pensamento, que resultam dos processos cognitivos de simplificação e que se generalizam não só a determinado grupo como a todos os elementos que o integram. Estereótipo significa impressão sólida, e pode dizer respeito á aparência, roupas, comportamentos, cultura, etc. Os estereótipos são muitas vezes confundidos com preconceito, uma vez que acabam por se tornar rótulos, frequentemente pejorativos, causando impacto negativo nos indivíduos alvo, estando muitas vezes na base do racismo, da xenofobia e da intolerância religiosa.
O preconceitoé a atitude que envolve um pré-julgamento, na maioria das vezes negativo, relativamente a pessoas ou grupos, ignorando as diferenças individuais. Embora o preconceito também esteja assente na categorização social, difere do estereótipo porque para além de atribuir as características ao grupo, ainda as avalia, emitindo, na maior parte dos casos, juízos negativos a seu respeito. O preconceito é um juízo preconcebido, expresso geralmente na forma de uma atitude discriminatória perante pessoas, locais ou costumes singulares, considerados “anormais”. O preconceito indica o desconhecimento pejorativo de alguém ou de um grupo social, ao que lhe é diferente. As formas mais comuns de preconceito são: social, racial e sexual. De modo geral, o ponto de partida do preconceito é uma generalização superficial, definido anteriormente como estereotipo. No entanto, é possível relacionar os dois conceitos na medida em que o estereótipo fornece os elementos cognitivos de um grupo e o preconceito lhes acrescenta a componente afetiva, crítica e de juízo de valor.
Os estereótipos têm uma função social e cognitiva, uma vez que a categorização da realidade social nos permite enfrentar eficazmente o mundo em que vivemos, determinando o certo e o errado, o bem e o mal e o justo ou o injusto. Outra função dos estereótipos é de cariz afetivo e tem a ver com a identidade social. De facto, reconhecemo-nos enquanto pertencentes a grupos com os quais nos identificamos. Parte do que somos relaciona-se com o facto de pertencermos a determinados grupos sociais, o que nos leva a distinguirmo-nos dos outros que pertencem a outros grupos distintos e desenvolvemos o sentimento de “nós” por oposição aos “outros”. Assim, os estereótipos permitem que um determinado grupo se defina positiva ou negativamente, por comparação a um outro, sendo que ao caracterizarem o grupo dos “outros”, reforçam a identidade ao grupo ao qual pertencemos.
O preconceito é uma atitude que envolve um juízo ou julgamento prévios, na maior parte das vezes negativo, relativamente a pessoas ou grupos sociais, podendo refletir-se em comportamentos de discriminação. Contudo, não se pode confundir discriminação com preconceito, uma vez que este corresponde a uma atitude, enquanto a discriminação diz respeito ao comportamento que decorre dessa atitude, ou seja, do preconceito. Observar características comuns a determinados grupos pode ser considerado preconceituoso, principalmente se referentes a agressividade ou discriminação. Porém, reparar em características sociais, culturais ou mesmo físicas por si só não é sinónimo de preconceito. Estas podem referir-se apenas a costumes, modos de estar de determinados grupos ou até mesmo a aparência de povos de determinadas regiões, única e exclusivamente como forma ilustrativa ou educativa. Assim, entende-se que o estereótipo pode ter uma função cognitiva, social ou afetiva, ao contrário do preconceito, que é sempre um erro.
É sabido que o consumo de tabaco é responsável por inúmeros danos na nossa saúde, desde o aumento do risco de cancro ao aumento da propensão para os acidentes vasculares cerebrais, entre outros malefícios. No entanto, embora deixar de de fumar traga muitos benefícios para a saúde e para a “carteira”, muitas pessoas têm grande dificuldade em fazê-lo.
O Tabaco é uma planta do género nicotínico, existindo cerca de cinquenta espécies diferentes. A Nicotina Tabacum, planta originária do continente americano, é a que ao longo do tempo tem despertado maior interesse. Historicamente, a sua utilização é difundida por toda a Europa, sobretudo por causa do grande e suposto valor terapêutico que lhe era atribuído. No entanto, aos dias de hoje, embora fumar seja uma prática socialmente aceite, ela envolve sérios riscos para a saúde, não só do fumador mas de quem com ele priva. O tabaco pode ser fumado ou mascado, tendo em qualquer uma das formas um potencial patogénico significativo. O grau de toxicidade do tabaco deve-se em grande parte à maneira como é consumido, assim como à intensidade da inalação que se faz desta substância. Quer pela inalação de monóxido de carbono através do tabaco fumado, quer pela absorção da nicotina e outros agentes carcinogéneos pelas mucosas, o consumo de tabaco é altamente nocivo.
A ansiedade é uma reação comum e até certo ponto funcional, na vida de qualquer indivíduo, podendo manifestar-se por comportamentos de fuga ou evitamento. É normal que cada um de nós, em vários momentos da nossa existência, experienciemos o sentimento de ansiedade, sempre que avaliamos cognitivamente uma situação ou um acontecimento que consideramos importante.
O regresso às aulas é para a maioria crianças e jovens, um momento aguardado com alguma ansiedade. Corresponde ao reinício de rotinas e tarefas, interrompidas pelo período de férias. Principalmente as crianças do primeiro ciclo, tendem a revelar uma grande vontade de recomeçar a escola e de rever colegas e professores, o que de um modo geral, nem sempre é vivido com o mesmo entusiasmo por parte dos adolescentes. De qualquer modo, o momento de se confrontarem com novos professores, distribuição de turmas e horários, bem como novas disciplinas e novas matérias, pode ser sempre acompanhado de alguma ansiedade e outras emoções intensas.