Ensinar e aprender

O desejo de saber e a capacidade para aprender são características inatas do ser humano. Desde os primeiros dias de vida, as crianças utilizam as suas capacidades motoras, percetuais e sensoriais, para exercerem influência sobre os outros e sobre tudo o que os rodeia. É assim que identificam, apreendem e compreendem os vários ambientes onde se inserem, desenvolvendo competências físicas, cognitivas e sociais.

Quando as crianças entram na idade dos porquês, por volta dos 4 anos, isso não é mais do que a exploração da sua curiosidade, do seu desejo de saber. Na entrada para a para a escola, todo um novo mundo se abre às crianças. Mas será que o modelo clássico de escola e de ensino essencialmente expositivo, mata, aproveita ou incentiva o desejo de saber das crianças dos nossos dias? Supostamente a escola é uma fonte privilegiada de informação, onde as crianças têm acesso ao conhecimento e onde se dão, sem dúvida alguma, importantes processos de aprendizagem. Os professores são os grandes atores deste teatro de ensinamentos e conhecimentos, mas também os pares têm um papel muito significativo. Todas as experiências que ocorrem em contexto escolar, não só dentro da sala de aula mas também de recreio, são fontes de aprendizagem relevantes. No entanto, sem vontade e sem motivação não se aprende, não há aquisição de conhecimentos, ou se há, pode não ser suficientemente sólida e duradoura.

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Isolamento ou afastamento social na adolescência

Numa altura em que a palavra de ordem é isolamento, no sentido de mantermos distanciamento pessoal dos outros, importa entender o isolamento na adolescência. Muitos jovens, ao longo da difícil tarefa de crescer e se tornarem adultos, passam por momentos mais ou menos dolorosos em que por vezes se isolam, tornando esses momentos um tanto ou quanto perturbadores para os que com eles coabitam.

Comum no período da adolescência, o isolamento dos jovens geralmente ocorre em relação aos seus familiares mais diretos (pais) mas por vezes também em relação ao seu grupo de pares e à vida social em geral. A razão pelas quais o adolescente se isola pode ser de várias ordens. Por um lado, pode haver uma necessidade de se diferenciar em relação aos outros e de quebrar barreiras de autoridade que sente em relação a pais e professores. Mais do que isolamento, trata-se de um afastamento, por vezes marcado pela rebeldia, em que o jovem procura ter novas experiências, quebrar regras e testar limites. Por vontade própria relacionada com traços de personalidade, pressão dos pares ou por necessidade de se sentir parte integrante de um determinado grupo, o adolescente tende a afastar-se das ideias, opiniões e recomendações dos adultos significativos e fecha-se no seu mundo, passando a viver centrado em si em busca do auto-conhecimento e da autonomia.

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O meu filho dorme comigo…

Crianças a dormirem com os paisGeralmente aconselha-se que a criança durma sozinha, se possível a partir dos seis meses de vida, de preferência no seu próprio quarto, no sentido de favorecer a sua capacidade de estar só e de promover o desenvolvimento da sua autonomia.

Filhos a dormir no meio dos pais, mães ou pais a dormir na cama com o filho, o pai a dormir no sofá da sala porque o filho dorme com a mãe, a mãe a dormir na cama de um filho e o pai na cama com o outro… tantas possibilidades de cenários e tão reais e até frequentes. Vários são os argumentos utilizados pelos pais para justificarem algumas destas situações. “Se eu não for para a cama dele, ele não dorme”, “se não a deixar aconchegar-se no meio de nós ela passa a noite a acordar e ninguém tem sossego”, “eu deixo-o dormir comigo porque também gosto desse miminho” ou “é uma boa maneira de não ter que dormir com o meu marido”. São todos argumentos possíveis, e eu já os ouvi a todos!

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As minhas crianças estão muito preocupadas com o Covid-19!

De há um tempo a esta parte fui recebendo mensagens de pais que me questionavam sobre se seria normal a preocupação excessiva que algumas das suas crianças manifestavam acerca do Coronavírus. De facto o assunto tornou-se uma preocupação generalizada e os números de infetados, quer a nível nacional como internacional são muito significativos, tendo conduzido a esta situação de pandemia que hoje vivemos.

Algumas crianças mais ansiosas, começaram a preocupar-se com o novo vírus logo que se começou a falar dele. Outras, foram aos poucos dando atenção ao assunto e, principalmente após a adoção de medidas mais extremas como o fecho das escolas e as recomendações de isolamento social, entre outras, foram ficando “contaminadas” de medos e dúvidas, para algumas delas muito perturbadoras. Como tal, deixo aqui algumas dicas de como agir com a sua criança neste momento de inquietação tão novo para todos nós.

Não deixe de falar com a sua criança sobre este tema, começando por questionar a criança acerca do que ela já sabe ou de como pensa sobre o assunto. Ouça a sua criança com atenção e deste modo irá permitir que a criança se exprima, que fale sobre o que receia mas acima de tudo poderá corrigir alguma informação errada à qual a criança tenha tido acesso. Ensine à criança como se transmite o vírus e como se pode proteger, falando sempre com verdade e adequando a sua linguagem à idade da criança e à sua capacidade de entendimento. Use um tom de voz tranquilo pois informação e serenidade são recomendáveis em momentos como este.

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