Falando um pouco sobre esquizofrenia

Este é um daqueles temas que muitas pessoas evitam ou só conhecem através de estereótipos errados. Quando pensamos em esquizofrenia, é fácil lembrarmo-nos de filmes ou séries que mostram pessoas completamente desconectadas da realidade, mas a verdade é bem mais complexa e, sobretudo, muito mais humana.

A esquizofrenia é uma perturbação psiquiátrica grave que afeta a forma como a pessoa pensa, sente e percebe o mundo à sua volta. Normalmente, os primeiros sinais aparecem no final da adolescência ou no início da idade adulta. Não é, como algumas pessoas pensam, uma “dupla personalidade” ou simplesmente “loucura”. É uma condição séria que pode ter um grande impacto na vida da pessoa doente e das pessoas à sua volta.

Continue a ler “Falando um pouco sobre esquizofrenia”

Sexualidade e saúde mental

A Sexualidade é um tema indissociável do ser humano, presente em todos os contextos e capaz de desencadear todo o tipo de reações, como o riso, a vergonha, a dúvida ou a curiosidade. Qualquer comportamento sexual tem uma componente biológica, psicológica, e interpessoal, baseando-se em conceitos culturais de normalidade e moralidade.

A Saúde Mental é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), não apenas como a ausência de doença, mas também como um estado de bem-estar em que cada indivíduo realiza o seu próprio potencial, conseguindo lidar com os desafios normativos da vida, como por exemplo, trabalhar de forma produtiva e assim contribuir para a sociedade. Para a OMS, a sexualidade inclui vários aspetos da experiência humana: as diferenças biológicas entre mulheres e homens, as identidades e papéis de género, a orientação sexual, o erotismo, o prazer, a intimidade e a reprodução. A interligação entre variáveis como o sexo atribuído à nascença, o género, e a orientação sexual, e a forma como estas se relacionam é tão fluída e livre como a complexidade da própria existência humana.

A história pessoal de cada indivíduo e a forma como se relaciona com os outros e com o mundo, é de certo modo influenciada pelo género e pela sexualidade. A a sua expressão pode mudar ao longo da vida, desde a adolescência até à idade adulta avançada. O género e a sexualidade estão presentes na vivência humana, na forma como a paixão é experienciada, na intimidade, no amor, no modo como cada um de nós se afirma perante a sociedade, na elaboração e na construção das relações afetivas e na forma como cresceremos nessas mesmas relações.

As diversas formas de expressão da sexualidade humana são todas elas normativas e legítimas, desde que sejam vivenciadas de forma saudável e que não interfiram com a liberdade e a vontade dos outros. A vivência da sexualidade pode por vezes conduzir a períodos de angústia, tristeza, ansiedade, medo, vergonha, ou até mesmo desalento e resignação. Em alguns desses momentos, a partilha com um profissional de saúde habilitado, poderá ajudar a encontrar soluções para as dificuldades apresentadas. Estes podem oferecer informação, sugestões e estratégias para ajudar a lidar com as dificuldades, assim como poderá, após avaliação do caso, encaminhar para outro profissional especializado.

 As crenças e normas sociais atuais, podem por vezes ainda não estar ajustadas à diversidade humana, que se vê forçada muitas vezes a inserir numa sociedade que ainda pune e ostraciza muitas das expressões individuais da sexualidade, como é o caso dos indivíduos com incongruência entre o género sexual vivenciado e o seu género atribuído à nascença. A mudança de género e o processo de reatribuição sexual são processos organizadores na vida dos indivíduos, no entanto, são questões ainda fraturantes numa sociedade binária, apesar de terem vindo a ser feitos progressos nesta área.

A sexualidade e a doença mental podem influenciar-se ou determinar-se mutuamente. As perturbações depressivas, as perturbações de ansiedade, o consumo de substâncias psicoativas, a perturbação bipolar ou a esquizofrenia, são exemplos de perturbações que podem dar origem ou estar em comorbilidade com dificuldades ao nível da sexualidade. Por outro lado, as disfunções sexuais podem de igual modo agravar ou desencadear patologia do foro psicológico ou psiquiátrico.

O estilo de vida é também por si só potenciador das dificuldades ao nível da sexualidade, como por exemplo os consumos de álcool, tabaco ou drogas, que influenciando a saúde física se podem repercutir na saúde mental e sexual. Também as perturbações do sono, a alimentação e a ausência de atividade física, têm impacto a esse nível o que não deve ser desvalorizado. Outro fator que pode ter grande impacto na função sexual do indivíduo é alguma medicação crónica, pelos seus efeitos secundários. Este é um fator muito relevante e que merece toda a atenção, uma vez que é muitas vezes é a causa principal para o abandono da medicação, com todo o risco que isso pode implicar.

As dificuldades ao nível da sexualidade e da sua vivência, podem ocorrer em qualquer idade e relacionam-se com a forma como o corpo, a mente, a intimidade se relacionam. As dificuldades sexuais resultam muitas vezes em sentimentos de culpa e de falha e fracasso. O apoio psicológico pode ser uma importante ajuda uma vez que fornece um “lugar” de contenção, de segurança para a expressão emocional, para a reestruturação de alguns pensamentos desadaptativos e também para o ensino e treino de estratégias para lidar com o problema. Estas perturbações são geralmente reversíveis com abordagens relativamente simples, sendo a sua maior barreira a desvalorização do problema ou a tardia procura de ajuda.

Não deixe que sentimentos de vergonha, culpa, inferioridade ou desalento tomem conta da situação. Procure ajuda!

Demência, vale mais prevenir…

Com o aumento da esperança média de vida, a população portuguesa está claramente a envelhecer. Nascem menos, morre-se mais tarde e temos na nossa população cada vez mais idosa, com tudo o que isso acarreta, quer a nível do bem-estar pessoal, como a nível social, pelo impacto de algumas doenças associadas ao envelhecimento. A Demência é uma delas.

Havendo mais idosos, as problemáticas que caracterizam esta faixa etária tendem a ser mais prevalentes. Se noutros tempos a maior parte das pessoas morria antes dos 75 anos, hoje em dia, houve já a necessidade de se estabelecer uma quarta idade, uma vez que há cada vez mais pessoas que ultrapassam a fasquia dos 90, bem como aqueles que chegam a centenários. Assim, se anteriormente a Demência era uma patologia que afetava principalmente os que estoicamente chegavam a velhos, hoje em dia a probabilidade de se ficar demente aumenta com a possibilidade de se poder viver mais.

Continue a ler “Demência, vale mais prevenir…”

A senhora salvou-me a vida…

A Paula é uma mulher de 35 anos que está em acompanhamento psicológico há cerca de um ano. O diagnóstico inicial foi uma depressão major, com encaminhamento para psiquiatria, tendo sido imediatamente medicada, ao mesmo tempo que iniciou intervenção psicológica cognitivo-comportamental. A Paula tinha uma ideação suicida muito forte, tendo já havido uma tentativa prévia. Não conseguia trabalhar, não conseguia cuidar da sua filha de 3 anos…

A Paula tem sido muito cooperante e estabeleceu uma forte relação terapêutica. Não falha uma consulta e faz todos os “trabalhos de casa”. A melhoria é significativa, embora haja ainda um caminho a percorrer. Há dias, em sessão, verbalizou: “Não sei o que seria de mim sem a Dra., a senhora salvou-me a vida“…

O mérito é todo dela!

Não deixe que o preconceito ou os estereótipos a/o impeçam de pedir ajuda. Não deixe que um impulso a/o ponha em risco. Cuide de si!