O início de um novo ano letivo é, para muitos jovens, um período de expetativa e de renovação, mas também um momento marcado por ansiedade de desempenho. Do ponto de vista psicológico, este tipo de ansiedade surge quando a pessoa sente que o seu valor depende de resultados, temendo falhar perante os outros ou perante si própria. A transição para um novo ciclo de estudos, seja no ensino secundário ou universitário, intensifica este fenómeno: há novas rotinas, metas académicas mais exigentes e comparações inevitáveis com colegas.
Nos estudantes universitários, a ansiedade de desempenho manifesta-se frequentemente através da pressão para corresponder ao investimento financeiro e emocional da família e para construir um currículo competitivo. As primeiras semanas do ano letivo trazem desafios como a adaptação a uma maior autonomia, a gestão de horários mais complexos e a convivência em novos contextos sociais. Muitos jovens enfrentam receios de não estarem à altura das expectativas, o que pode provocar sintomas como insónia, tensão muscular, dificuldade de concentração e pensamentos autocríticos. Quando não acompanhada, esta ansiedade pode levar a procrastinação ou a evitamento, reforçando um ciclo de stresse.
A transição do ensino secundário para o ensino superior pressupõe uma série de alterações na vida dos jovens estudantes. As suas características pessoais e as exigências inerentes ao contexto académico, como a exposição a outras realidades e culturas, a saída de casa dos pais e a necessidade de maior autonomia, implicam mudanças que podem configurar o aparecimento de algumas dificuldades.
Os estudantes universitários veem-se obrigados a desenvolver mecanismos adaptativos resultantes dos diferentes graus de autonomia e de maturidade. Novas responsabilidades como a gestão de um orçamento, do aluguer de uma casa ou quarto, a sua limpeza e manutenção, a aquisição e confeção das refeições, as alterações às rotinas habituais, os novos papéis e as novas relações e até mesmo a flexibilidade de regras o ensino superior, são fatores que exigem dos jovens uma maior capacidade de fazerem escolhas, tomarem decisões e resolverem problemas.
A vida académica tem novos desafios aos quais os jovens estudantes vão ter que se adaptar. A complexidade de algumas matérias, a exigência dos trabalhos e exames, as descobertas inerentes aos novos relacionamentos, como a sexualidade, o consumo de álcool, são exemplo de alguns aspetos por vezes adversos e que podem gerar ansiedade, no entanto, também poderão contribuir de forma positiva para o desenvolvimento psicossocial e criativo dos jovens universitários.
A maioria dos alunos que ingressa no ensino superior tem expectativas positivas em relação à experiência académica e às experiencias sociais inerentes. Porém, nem sempre a realidade corresponde às espectativas construídas ao longo dos últimos anos do ensino secundário. Este “desajuste” das espectativas manifesta-se tendencialmente durante o primeiro ano de faculdade, e por conseguinte, são por vezes sentidas maiores dificuldades de adaptação e menor desempenho académico.
No final da adolescência os alunos possuem uma personalidade em construção, influenciam e são influenciados pelos grupos em que se inserem de forma recíproca. O ingresso no ensino superior vai oferecer-lhes um contexto experimentalmente estimulante, novos padrões de interação psicossocial e atividades curriculares e extracurriculares que preparam os alunos para a vida ativa, expressa pelas mudanças na sua dimensão pessoal e interpessoal ao longo do percurso académico.
Embora requeira um período de adaptação e alguns obstáculos a enfrentar, a maioria dos jovens que ingressa no ensino superior, leva a cabo com sucesso o seu percurso académico. Se este período de adaptação for demasiado exigente para os recursos emocionais do jovem, o acompanhamento psicológico poderá ser um benefício importante a considerar, tendo em vista não só o sucesso académico mas também o equilíbrio e bem-estar do jovem!
O momento em que os jovens terminam o enino secundário é um marco nas suas vidas. Aqueles que optam por continuar a sua formação em meio académico, enfrentam um grande desafio, desde o momento em que se candidatam, já para não falar, da por vezes difícil tomada da decisão acerca do curso e da instituição de ensino superior que irão escolher mas também até saberem se foram colocados, onde e em que curso. Tudo isto pode ser naturalmente, gerador de ansiedade.
A ansiedade é uma resposta natural do organismo a uma situação de alarme, medo, surpresa, desafio ou novidade. Por norma, aquilo que não conhecemos ou controlamos, pode provocar-nos ansiedade. É uma emoção normativa e por vezes muito protetora e adaptativa, no entanto, a ansiedade intensa e associada a sensações de angústia e a sintomas fisiológicos, pode tornar-se incapacitante e conduzir a patologia, causando um mal-estar significativo e pondo em causa a funcionalidade do indivíduo. A eminência da mudança, de um meio escolar conhecido e na maioria das vezes confortável, para ingressar no ensino universitário, novo e desconhecido, pode levar a uma expetativa apreensiva e causar sentimentos de ansiedade relacionados com a necessidade de adaptação ao contexto e ás vivências académicas.