A profecia autoconfirmatória é a tendência que temos para confirmar as nossas expectativas, sem nos darmos conta do quanto nós próprios contribuímos para esse processo. São pensamentos preditivos que uma vez emitidos se transformam na causa que os vai realizar, gerando deste modo uma expectativa que acabará por se cumprir.
Por exemplo, quando uma pessoa se sente triste e aborrecida e pensa que os que a rodeiam não têm interesse em estar com ela, a sua atitude de menor abertura e maior pessimismo sobre si mesma irá provavelmente levar a que os outros sintam de facto uma menor vontade de estar perto de si. O eventual distanciamento por parte dos outros, por sua vez, vai reforçar as expectativas iniciais dessa pessoa de que ela é realmente desagradável ou desinteressante, entrando assim num círculo vicioso.
Outro exemplo é o de quando alguém nos é apresentado e de imediato formamos uma opinião a seu respeito. Agimos conforme esse juízo de valor e embora não tenhamos consciência do poder dos nossos pensamentos, estes poderão exercer grande influência no futuro do nosso relacionamento com essa mesma pessoa.
Este é um processo que não é consciente e nem sempre a pessoa deseja que tais coisas aconteçam, mas ao “profetizar”, ou seja, ao acreditar que vão acontecer, acabará por colaborar para esse desfecho sem sequer perceber o quanto interferiu no resultado. Se por exemplo, alguém pensar que outra pessoa é hostil, essa pessoa poderá não ter oportunidade de corrigir essa impressão porque o outro tenderá a afastar-se dela. Para que uma profecia seja autoconfirmatória deve existir algum mecanismo que traduza a expectativa em acção confirmatória.
Estas profecias podem ter um efeito negativo ou positivo. É tudo uma questão de crenças e estereótipos. O modo como pensamos e aquilo em que acreditamos irá condicionar o nosso comportamento e a formulação das nossas opiniões. É a velha questão do copo meio cheio ou meio vazio.