Punição: palmada sim ou palmada não?

Punição físicaAs práticas de punição física são as menos eficazes porque traduzem um modelo de violência, porque não ensinam um comportamento adequado alternativo e ainda, porque promovem um comportamento de obediência baseado no medo, com efeitos habitualmente pouco duradouros e por vezes devastadores para o desenvolvimento da criança.

É frequente ouvir-se dizer que uma palmada no momento certo nunca fez mal a ninguém. Também ouvimos muitas vezes, pais que dizem coisas do género “também apanhei muitas vezes e não morri” ou “levei muitas palmadas e não fiquei traumatizada”. Enfim, quem nunca disse ou ouviu este tipo de desabafo? A palmada, ou seja, a punição física, no âmbito da educação de uma criança é milenar. Pais, outros familiares e até professores, eram legitimados a exercer a força física no sentido de educar, disciplinar ou controlar as crianças. No entanto, hoje em dia essa prática tem vindo a ser condenada e desaconselhada uma vez que se trata de um ato de agressividade, habitualmente perpetrada por uma pessoa adulta a uma criança, com toda a desigualdade que isso implica.

PalmadaBater é um comportamento agressivo dos pais para com os filhos, mais do que um procedimento educativo ou disciplinar. Na grande maioria dos casos, os pais batem porque estão com raiva,  porque não a sabem controlar e não porque no momento em questão, estão a pensar na palmada numa perspetiva educativa. Ao bater e gritar com uma criança, o pai ou a mãe estão a exercer violência física e verbal. Ao ser agredida, a criança vai entender que é ela quem está errada e não o seu comportamento. Por outro lado, a criança espera dos pais amor, carinho e sobretudo proteção. Ser agredida por aqueles de quem espera conforto, provoca na criança um sentimento de confusão e ambiguidade.

Punição físicaA punição, em especial a punição física, geralmente, só consegue controlar o mau comportamento momentaneamente. A criança apanha a dita palmada, assusta-se e cessa o comportamento, porém, o que é que aprende naquele momento? Aprende que aquilo que está a fazer está errado, aprende que não pode repetir aquele comportamento ao pé dos pais mas não lhe é ensinado um comportamento alternativo, isto é, a criança pode até aprender o que não deve fazer, mas não aprende o que fazer. No meio da zanga e da raiva, os pais não conseguem ter o discernimento necessário para ensinar à criança o que é esperado dela. Bater pode até resolver a situação na altura, mas não oferece nada de positivo à criança.

PalmadasQuando uma criança é agredida sente-se humilhada e isso tem um grande impacto na sua autoestima, podendo com o tempo e com a continuidade desse tipo de punição, tornar-se numa criança insegura. A criança com baixa autoestima e sentimentos de insegurança pode vir a ser um adolescente com dificuldades de adaptação socio-emocional. As crianças que são agredidas fisicamente com muita frequência correm maior risco de desenvolverem problemas de ansiedade, medos e pouca responsividade. Do mesmo modo, pode desenvolver o medo de agir, interiorizando assim algumas emoções e fechando-se sobre si mesma. É claro que estas repercussões negativas na vida da criança se referem a situações de violência, intensa e repetida.

Punição física Então e aquela palmadinha de “sacudir o pó” que por vezes parece tão eficaz? Uma palmadinha pode de facto não dar origem a este tipo de consequências negativas anteriormente descritas. Uma pequena palmada se não for acompanhada de gritos e insultos, mas sim de uma explicação do que está errado e do ensinamento de um comportamento adequado alternativo, não terá certamente impacto negativo significativo na vida da criança. É fundamental que os pais, perante este tipo de situação deixem bem claro que não é o seu amor pela criança que está em causa mas sim o desagrado pelo seu comportamento. Os pais zangaram-se e deram a palmada porque não se controlaram perante o comportamento desadequado da criança e não porque não gostam dela. No entanto, a banalização da palmada, ainda que “ligeira” não é aconselhável.

Punição físicaEm alternativa à palmada, os pais deverão optar por falar com clareza, segurando o braço da criança com firmeza, controlando-lhe os movimentos. Isto poderá ser o suficiente para que a criança perceba a autoridade dos pais e obedeça. Os pais devem repetir apenas a instrução sem longos discursos ou explicações, que naquele momento podem não ser ouvidas e muito menos compreendidas. É de salientar a importância da coerência dos pais na educação dos filhos. Uma coisa que hoje é não e amanhã é sim, vai confundir a criança e deixá-la na expectativa e na incerteza de como agir. Também é certo que algumas crianças têm temperamentos mais difíceis mas para os casos mais complexos, em que os pais podem apresentar grandes dificuldades para lidarem com os comportamentos desadequados dos filhos, há sempre a possibilidade de pedirem ajuda especializada. A Sua Psicóloga poderá ajuda-lo/a a implementar um conjunto de estratégias educativas, monitorizando a sua eficácia, no sentido de melhorar a relação pais-filhos e a harmonia familiar.

O uso da punição física e da agressividade na educação de um filho faz muita diferença quando se fala de crianças saudáveis, seguras e criativas ou de crianças amedrontadas, inseguras e indisciplinadas.

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