
A memória é a capacidade que o indivíduo tem de adquirir, armazenar e evocar informação. Podemos distinguir 3 tipos de memória: sensorial, de curto prazo e de longo prazo.
A memória sensorial é um tipo de memória que tem origem nos órgãos dos sentidos. Deste modo podemos referir a memória auditiva, visual, olfativa, etc. A informação obtida através dos órgãos dos sentidos é retida por um curto espaço de tempo (0.2 a 2 segundos). É a memória sensorial visual que nos permite, por exemplo, ver um filme. Por outro lado, a memória sensorial auditiva permite-nos entender uma notícia que ouvimos ser relatada na rádio. A informação obtida através deste tipo de memória, se for processada, passa para a memória de curto prazo, caso contrário, a falta de processamento, leva a que a informação se perca. A memória sensorial é ilimitada, ou seja, são ilimitados os dados passíveis de serem registados pelos nossos cinco sentidos. Para que a informação seja captada pela memória sensorial não é necessário o envolvimento da atenção, o processo é automático e involuntário.

A memória de curto prazo é assim o “armazém” da memória sensorial. A informação obtida é retida durante cerca de 30 a 60 segundos e é limitada, ou seja, podemos conservar em memória de curto prazo cerca de sete elementos (mais ou menos 2). O tempo de retenção desta informação poderá aumentar se esta for repetida mentalmente. Se pensarmos por exemplo, quando consultamos um número de telefone, este manter-se-á na nossa memória até o digitarmos no nosso telefone. A memória de curto prazo, também chamada de memória de trabalho, memória operacional ou ativa, pressupõe assim alguma atenção por parte do indivíduo. Os dados obtidos pela memória de trabalho que forem processados passarão para a memória de longo prazo.

A memória de longo prazo alimenta-se dos dados presentes na memória de trabalho que são codificados em símbolos. A memória de longo prazo mantém estes dados durante horas, meses, anos ou para toda a vida. Os conteúdos aprendidos numa aula, por exemplo, serão conservados na memória de longo prazo, e, dependendo de diversos fatores como o interesse da matéria, a motivação do aluno, a eficácia do professor, etc. esses dados poderão manter-se até ao fim da vida. Este tipo de memória é ilimitada e pressupõe uma atenção moderada.

Designa-se por esquecimento a incapacidade de recuperar e recordar a informação memorizada. De um modo geral, o esquecimento tem uma conotação negativa, sendo considerado uma falha, um prolema de memória. No entanto, o esquecimento é natural e até necessário. É porque nos esquecemos que continuamos a reter informação. Seria impossível conservarmos todos os materiais que vamos armazenando pela vida fora. O esquecimento tem a função de selecionar naturalmente alguns conteúdos, para que possamos adquirir outros novos. Esta é uma função seletiva adaptativa que afasta a informação irrelevante e desnecessária. A memória não reproduz os dados tal qual foram armazenados. É um processo ativo que tem duas funções fundamentais: seletividade (nem toda a informação é armazenada) e adaptação (a informação é transformada).

São vários os fatores que explicam o esquecimento. Podemos esquecer por interferência das aprendizagens. As recordações anteriores podem afetar a capacidade de se adquirirem novas aprendizagens e por outro lado, as novas aprendizagens podem afetar a capacidade de se recordarem conteúdos armazenados anteriormente. Também podemos esquecer por alteração ou desaparecimento do traço nemésico, isto é, a modificação, com o passar do tempo, dos conteúdos armazenados. O material que não conseguimos recordar, sofre modificações geralmente pelo efeito de transferência de aprendizagens e experiências posteriores. Por vezes pensamos que nos esquecemos de determinada informação mas o que realmente aconteceu, foi que essa mesma informação sofreu tantas alterações que já não a reconhecemos.

Outro fator que pode explicar o esquecimento tem a ver com a motivação inconsciente, isto é, podemos esquecer porque não nos interessa recordar. Os conteúdos traumáticos e penosos, por exemplo, podem ser esquecidos para que se encontre o bem-estar psicológico. Segundo Freud, esquecemos através do recalcamento, um mecanismo de defesa através do qual os pensamentos e sentimentos dolorosos são afastados da consciência, com o objetivo de reduzir o sofrimento.

A memória é a base nos nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Sem memória não poderíamos reagir às mais diversas situações do quotidiano, não teríamos a capacidade de reconhecer o que nos rodeia, desde objetos a sentimentos ou emoções. É na nossa “bagagem” mnésica que reside a nossa capacidade de adaptação ao meio, a atribuição de significado às experiências vividas e a aquisição do sentimento de identidade.