A adolescência é um período de grandes mudanças, tanto a nível fisiológico como psicológico. Fase de descoberta, afirmação e construção da identidade, é rica em experiências e vivências comuns e normativas mas revestidas de um potencial de risco que merece toda a atenção e cuidado. Quando o tema é a sexualidade, não é exceção.
A sexualidade é uma área que acompanha todo o curso de vida, desde o nascimento até à morte mas que tem particular relevância durante o período da adolescência. É nesta fase que o corpo e as suas transformações se tornam centrais na vida do jovem e emergem as questões relacionadas com a capacidade de atração e de desempenho. Numa fase inicial, os jovens preocupam-se mais com a sua aparência, baseiam-se muitas vezes em comparações com os modelos ditados pela sociedade e questionam-se acerca da adequação do seu desempenho, tendo em conta a sua ainda pouca experiência e dos seus pares.
Numa fase mais tardia da adolescência, as preocupações focam-se essencialmente na procura de intimidade na relação com o outro, em busca da validação e aceitação do parceiro e da resposta a questões e inquietações tão características desta fase da vida. A exploração da sexualidade constitui-se como um marco no desenvolvimento e assume grande relevância na descoberta da intimidade e do prazer, devendo constituir-se como uma vivência feliz e satisfatória, respeitadora da individualidade de cada um.
Todo este percurso de descoberta e experimentação, sendo normativo e saudável, encerra em si riscos que nem sempre são salvaguardados. Embora haja cada vez mais acesso à informação, alguma dela é baseada em fontes pouco credíveis, o que em conjunto com alguma inconsciência também típica desta idade, pode levar a situações pouco recomendáveis, como gravidezes indesejadas ou à transmissão de doenças. Por exemplo, o consumo excessivo de álcool ou outras substâncias psicoativas, potenciam comportamentos de risco em termos da vivência da sexualidade, como a promiscuidade ou a não utilização de preservativo, com repercussões que podem ser muito perturbadoras.
A correta e atempada informação acerca do tema, será certamente uma estratégia importante na prevenção de problemas relacionados com a sexualidade no adolescente. Parece haver evidência científica para o facto de que a educação sexual contribui para o início mais tardio da vida sexual, para uma maior utilização de meios de contraceção, para a existência de um número de parceiros mais reduzido e para uma menor probabilidade de gravidez precoce, assim como para um maior conhecimento sobre a fertilidade e sobre as doenças sexualmente transmissíveis.
A educação sexual nas escolas depara-se frequentemente com problemas na ordem da formação dos professores. Muitos docentes não possuem competências para atuarem nessa área, quer por terem pouco à-vontade para abordarem determinadas questões relacionadas com a sexualidade com os seus alunos, quer por não possuírem formação científica especializada nessa área. Por outro lado, o contexto escolar e de sala de aula, poderá inibir o adolescente e este poderá não se sentir confortável para abordar determinadas questões ou esclarecer as suas dúvidas. Estas podem efetivamente ser barreiras à correta passagem da informação aos jovens no que diz respeito à educação para a sexualidade.
Deste modo, recomenda-se a pais e outros cuidadores que fiquem atentos às limitações que possam existir, e que empreendam esforços de modo a capacitar os adolescentes para a obtenção de informação credível e adequada, ao mesmo tempo que lhes fornecem resposta às suas necessidades, apoio no esclarecimento de dúvidas e na resolução dos seus problemas. Só deste modo os jovens poderão assumir a responsabilidade dos seus atos e fortalecer a sua autonomia, agindo em conformidade. Para isso, poderão recorrer ao apoio de um psicólogo, com o qual o jovem irá estabelecer uma relação de confiança e confidencialidade, dentro da qual todos os assuntos e dúvidas irão caber e onde serão tratados com seriedade e responsabilidade.
Sugestão:
Gracinda e a Psicologia 