Como estudar? A leitura ativa

Muitas das dificuldades de aprendizagem existentes entre os estudantes, podem ser explicadas pela falta ou pelo uso desadequado de métodos de estudo e de hábitos de trabalho, que facilitem a aprendizagem. Neste texto irei abordar o tema da leitura ativa como método de estudo.

Embora esta seja a época das tecnologias e do audiovisual, o livro continua a ser um importante instrumento de estudo. No entanto, muitos alunos confundem o saber estudar com um tipo de leitura superficial que não conduz à compreensão das ideias principais nem à respetiva assimilação. Uma leitura orientada para o estudo deverá fazer-se de acordo com regras específicas que passo a descrever.

A leitura ativa compreende duas etapas distintas. A primeira é a leitura “por alto” ou na diagonal. Nesta etapa recomenda-se um olhar rápido pelo conteúdo, de forma a obter uma “visão panorâmica” do assunto a explorar. Poderá passar pela leitura de um ou dois parágrafos do início, do meio ou do fim e pela exploração de títulos e subtítulos, esquemas, ilustrações e frases destacadas. Esta leitura destina-se a fornecer ao estudante a ideia principal do texto, orientando o trabalho para os aspetos mais importantes.

A segunda etapa de leitura ativa corresponde ao ler em profundidade, ou seja, o estudante deverá explorar e apreender o essencial do texto. Deverá fazer uma leitura integral, de forma aprofundada, tantas vezes quantas forem necessárias, até conseguir responder às seguintes questões: O que diz o autor? Que ideia pretende transmitir? Os factos e argumentos apresentados têm fundamento? O que é que o texto traz de novo? Tem informação útil? Posso aplicar na prática a informação veiculada pelo texto? Que relação tem o assunto com aquilo que já sei? O bom leitor expressa espírito crítico perante aquilo que lê. A leitura “em profundidade” é feita com a inteligência e não apenas com os olhos.

Outro processo inerente à leitura ativa é a consulta do dicionário. Só podemos captar corretamente as ideias de um texto, se compreendermos as palavras usadas pelo autor. Por isso, é muito importante a utilização de um dicionário sempre que encontramos palavras ou expressões desconhecidas, ou de sentido dúbio. O dicionário é uma fonte rápida e segura para tirar dúvidas e devemos tê-lo sempre acessível. Se por algum motivo o estudante não tiver acesso ao dicionário, deverá anotar as palavras cujo significado desconhece para esclarecer posteriormente. Através da consulta do dicionário, adquire-se também maior competência na comunicação oral e escrita.

Outra forma importante de prestar mais atenção e captar melhor o que se lê é sublinhar. Quando sublinhamos, lemos duas vezes. Um bom sublinhado permite também tirar bons apontamentos e fazer revisões rápidas. Para bem sublinhar é necessário conseguir salientar o essencial, que habitualmente é assinalado nos títulos e subtítulos ou através da insistência em determinadas ideias. Devemos dar prioridade às definições, fórmulas, esquemas, termos técnicos e outros elementos que sejam a chave da ideia principal, e não exagerar dos traços e cores pois basta destacar, por parágrafo, uma ou duas frases. Sublinhar tudo é o mesmo que não sublinhar nada.

Outra importante estratégia a utilizar na leitura ativa são as anotações. Anotar nas margens do livro demonstra o espírito crítico do leitor. As anotações são reações ou comentários pessoais ao que se lê, e podem expressar-se de várias formas como pontos de exclamação (surpresa ou entusiasmo), pontos de interrogação (dúvida ou discordância), palavras que resumam o essencial de um parágrafo ou referências a outras ideias sobre o assunto. Também os apontamentos são facilitadores  da assimilação e da retenção da matéria, da elaboração de trabalhos de casa e da revisão anterior aos testes de avaliação. Escrevendo, aprende-se melhor e guarda-se a informação por mais tempo. Os apontamentos podem ser de 3 tipos. O primeiro é a transcrição (copiar por extenso um texto ou parte dele) para estudar um assunto. As transcrições têm algumas regras como, não copiar textos demasiado longos, selecionar as partes mais importantes, colocar entre aspas os textos transcritos e em trabalhos escritos, recorrer a citações, indicando com precisão, a fonte, o nome do autor, o título do livro ou revista, o editor, o número e local de edição, a data e o número da página. Contudo, a elaboração de esquemas ou resumos poderá ser mais eficaz.

A utilização de esquemas pode ser outro método auxiliar de leitura ativa/estudo muito eficaz. Os esquemas são enunciados de palavras-chave, em torno das quais é possível arrumar grandes quantidades de conhecimentos. Os esquemas permitem destacar e visualizar o essencial e a sua elaboração desenvolve a criatividade e o espírito crítico. Podem assumir a forma de índices, quadros, gráficos, desenhos ou mapas. Por fim, referir os resumos como forma de facilitar a aquisição de conhecimentos. Resumir exige a capacidade de selecionar e reformular as ideias principais, usando frases bem articuladas. A metodologia mais aconselhável para resumir (sobretudo para estudantes menos experientes) é: compreender o texto na globalidade; descobrir a ideia-chave de cada parágrafo; registar as ideias-chave numa folha de rascunho e reconstruir o texto, de uma forma pessoal, respeitando o pensamento do autor.

No que diz respeito aos esquemas e aos resumos, é muito importante que sejam breves (cerca de um quarto do texto original), claros (apresentar as ideias sem confusão ou ambiguidade), rigorosos (reprodução das ideias sem erros ou alterações), originais (utilização de linguagem original, própria de cada leitor, mas transmitindo o ponto de vista do autor). Aprender a resumir é fundamental para comunicar o que sabemos, com rapidez e eficácia no momento da avaliação.

Não basta querer estudar, é preciso saber estudar e saber que estratégia de estudo funciona melhor com cada aluno e com cada matéria. Na base de um estudo eficaz está certamente a motivação. Um aluno desmotivado aprende pouco e esquece depressa. Um estudante motivado concentra-se no trabalho, não se dispersa nem interrompe o estudo. Além disso, tudo o que é significativo e interessante para o sujeito permanece mais tempo na memória e pode ser recordado com maior facilidade!

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