As crianças e a gestão do tempo

Uma das estratégias mais eficazes para o aumento da produtividade é a adequada gestão do tempo. Se para os adultos, o seu quotidiano beneficia de uma boa gestão do tempo, esta competência não é menos importante e benéfica, quando se trata de crianças e de adolescentes.

A gestão do tempo é um fator relevante e muitas vezes apontado pelos mais novos como uma dificuldade e preocupação. As crianças e adolescentes vêm-se confrontadas com múltiplas tarefas e exigências, que incluem a escola, a família, as atividades extracurriculares e as exigências sociais, fundamentais para um ótimo desenvolvimento enquanto seres humanos. Aprender a gerir o tempo é muito importante, não apenas para que consigam dar resposta adequada a todas as solicitações, mas também para que o tempo possa ser aproveitado com qualidade e para que haja um bom ajustamento psicossocial.

A gestão do tempo é um processo de priorização e organização de tarefas que envolve o seu planeamento e execução, orientados para o melhor aproveitamento do tempo investido nas mesmas, tendo como resultado uma maior produtividade e eficiência. O modelo de gestão do tempo de Lakein, é um modelo simples que sugere 3 fases distintas. Na 1ª fase o objetivo é incentivar a criança/adolescente a definir o que é mais importante para si, de modo que consiga determinar os seus objetivos a alcançar, ou seja, definir prioridades. Na 2ªfase, a criança/adolescente deverá definir tarefas para conseguir realizar de forma bem-sucedida as prioridades que estabeleceu, ou seja, o que é que precisa de fazer para atingir determinado objetivo. Na 3ª fase, a criança/adolescente deverá ser orientada na divisão do seu tempo disponível e na sua distribuição pelas tarefas definidas, começando pelas prioritárias.

Podemos entender a gestão do tempo como uma estratégia para hierarquizar os objetivos pelo seu grau de prioridade, pela definição das tarefas, pela sua execução e monitorização do seu progresso. Treinar este tipo de estratégias e aplicá-las às exigências do quotidiano tem certamente efeitos benéficos ao nível do autoconceito, autoeficácia, autoestima e satisfação, mas também na redução dos níveis de ansiedade, que podem por vezes comprometer o bom desempenho. Ao aprender a gerir o tempo, a criança/adolescente deverá contemplar não só as tarefas inerentes àquilo que gosta e deseja fazer, mas também as tarefas decorrentes de obrigações pessoais ou sociais. O desequilíbrio entre estas duas áreas pode tornar irrealista a divisão do tempo e a sua eficácia. A objetividade é um fator muito relevante quando se trata de gerir o tempo, ou seja, todas as tarefas devem ser claras e concretas no sentido da criança/adolescente saber exatamente o que tem que fazer e como fazer, para que se torne fácil estabelecer o limite de tempo necessário a cada uma delas.

Sabemos que os imprevistos acontecem, e daí a importância de haver um plano B. Deverá ser definido um plano de ação para lidar com as situações inesperadas. Gerir bem o tempo é não só cumprir com o planeado mas também saber ajustar o seu plano, sendo flexível perante o imprevisto, sem que algumas tarefas tenham que ficar para trás. Dar mais tempo ao tempo, poderá ser uma forma de ter tempo para se lidar com o inesperado não descurando outros afazeres. Prever no planeamento do tempo intervalos que permitam incluir novas atividades sem que seja necessário sacrificar outras mais importantes, pode ser o ideal!

A vida não é o que o tempo vai fazendo connosco, mas sim o que escolhemos fazer com o nosso tempo!

Fonte:

Lakein, A. (1973). How to get control of your time and your life. New York: New American Library.

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