Verão, Férias e Psicopatologia: Uma relação mais complexa do que se possa pensar

O verão, frequentemente associado à leveza, ao descanso e ao bem-estar, é para muitos um período aguardado com entusiasmo. Contudo, esta estação, marcada por alterações de rotinas, exposição prolongada ao calor e maior pressão social para se “ser feliz”, pode ter efeitos contraditórios sobre diversas psicopatologias. De facto, longe de ser um antídoto universal para o sofrimento psíquico, o verão e as férias podem intensificar ou até desencadear certas condições clínicas, revelando uma relação mais complexa entre o ambiente sazonal e a saúde mental.

Comecemos por considerar as perturbações do humor. Existe um fenómeno bem documentado que é a perturbação afectiva sazonal, geralmente associada ao inverno, mas que, em menor grau, pode também manifestar-se no verão. A chamada “depressão de verão” caracteriza-se por insónia, irritabilidade, ansiedade e perda de apetite, contrastando com a forma invernal, mais marcada por letargia e hiperfagia (Rohan et al., 2009). As causas são ainda pouco compreendidas, mas sabe-se que fatores como a alteração dos ritmos circadianos, a exposição intensa à luz solar e o calor extremo podem contribuir para um desequilíbrio neurobiológico.

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Distorções Cognitivas no Dia dos Namorados

O Dia dos Namorados, celebrado a 14 de fevereiro, é frequentemente associado ao romantismo, às demonstrações de afeto e à valorização das relações amorosas. No entanto, do ponto de vista da Psicologia Cognitivo-Comportamental (PCC), esta data pode ter impactos variados na saúde mental, dependendo das crenças e dos esquemas cognitivos de cada pessoa.

A PCC baseia-se na ideia de que os nossos pensamentos influenciam as nossas emoções e comportamentos. Assim, o Dia dos Namorados pode ser interpretado e vivenciado de formas diferentes consoante as cognições individuais. Para algumas pessoas, a data reforça sentimentos de felicidade e segurança emocional, enquanto para outras pode desencadear ansiedade, tristeza ou frustração.

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Síndrome do impostor

A síndrome do impostor relaciona-se com a avaliação que cada um faz de si próprio e do seu desempenho. Refere-se a um sentimento de descrença no seu valor, mesmo quando confrontado com provas da sua competência em tarefas bem-sucedidas.

A síndrome do impostor tem a ver com a forma como nos avaliamos a nós próprios, bem como a forma como avaliamos o nosso desempenho. Muitas vezes, quando temos um bom desempenho em determinada tarefa, acabamos por atribuir as responsabilidades do sucesso a fatores externos, não conseguindo aceitar que o sucesso tem a ver principalmente com a qualidade do nosso trabalho. Algumas pessoas com síndrome do impostor, avaliam-se a si mesmas como uma “fraude”, chegando mesmo a recear serem descobertas, sem que verdadeiramente haja motivo para tal. É como se não aceitassem como válidas as suas capacidades e duvidassem das suas competências.

Alguém que sofre da síndrome do impostor pensa frequentemente que se fez algo bem, foi porque teve sorte e não porque se esforçou ou se preparou bem para a tarefa, chegando mesmo a pensar que numa próxima vez, as coisas não irão correr tão bem. No fundo trata-se de uma falta de confiança e de uma perceção distorcida da sua autoeficácia.

Os sintomas mais frequentes da síndrome do impostor estão relacionados com o pensamento, havendo um medo recorrente de se ser descoberto como fraude. Outro sintoma comum é o estabelecimento de comparações com os outros, acreditando que estes são mais inteligentes e capazes. A imagem idealizada daquilo que é suposto atingir numa situação, é outra característica destes indivíduos, que acabam por nunca ficar satisfeitos com o resultado final do seu trabalho, por consideraram que não está suficientemente bom. A síndrome do impostor faz ainda com que a pessoa tenha uma tendência para se escusar de receber elogios, lidando mal com os mesmos, por acreditar que o sucesso não é por responsabilidade sua. Esta situação poderá também conduzir a problemas de ansiedade.

Foram identificados alguns fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome do impostor, sendo eles a baixa autoestima ou os elevados padrões de exigência durante a infância, como por exemplo a exigência por parte dos pais por notas máximas em provas escolares, ou até por um comportamento social exemplar. Quando sistematicamente o indivíduo sente que estava aquém do que esperavam dele, ou isso estava implícito na cultura familiar, este vai achar que é insuficiente e que nunca vai conseguir fazer suficientemente bem, originando ansiedade (variável de pessoa para pessoa) e dependência da validação externa.

O primeiro passo para ultrapassar o mal-estar provocado pela síndrome do impostor é a tomada de consciência. Há que separar a realidade, daquilo que são pensamentos disfuncionais e emoções por eles geradas. Há que conseguir perceber que é necessário alterar a perceção que se tem da realidade, isto é, pensar que a função que se desempenhou e que foi elogiada, estava de facto bem conseguida, graças às capacidades e empenho do próprio e não a fatores como a sorte. Há ainda que ajustar as espectativas e refletir acerca do que se é e do que se pretende ser, no sentido de evitar a frustração. O apoio das pessoas significativas pode ser determinante neste trabalho de aceitação de si e também do erro, uma vez que este faz parte de qualquer processo.

O apoio psicológico pode ajudar na necessária reestruturação cognitiva, orientando e acompanhando o processo de mudança!

Os jovens e a ansiedade financeira

Uma das principais fontes de stresse é o dinheiro, tanto para os mais jovens como para os mais velhos. No entanto, na atual conjuntura socioeconómica e perante a crise mundial, os jovens parecem ser dos mais afetados pela ansiedade financeira, uma vez que são cada vez mais incertas as perspetivas de futuro.

A ansiedade financeira corresponde ao sentimento de preocupação, receio ou desconforto no que diz respeito às finanças pessoais (OPP). Os jovens que estão num período de transição para a idade adulta, tendem a sofrer deste tipo específico de ansiedade, perante as dificuldades que anteveem na aquisição da sua autonomia, devido à precariedade de emprego e aos baixos salários que se praticam no nosso país. Planear o futuro é uma tarefa cada vez mais complexa e geradora de stresse, que pode conduzir os jovens a sentimentos de ansiedade, irritabilidade, insegurança ou tristeza, e que vão interferir com as suas atividades diárias, podendo comprometer, por exemplo, as suas relações sociais.

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Muitas pessoas fantásticas têm baixa autoestima

Muitas pessoas revelam uma forte tendência para destacarem as suas fraquezas e darem pouca importância ás suas capacidades. Muitas pessoas são incapazes de se verem como realmente são. Muitas pessoas têm baixa autoestima.

A autoestima pode definir-se como como um conjunto de sentimentos e pensamentos do indivíduo em relação ao seu próprio valor, competência, confiança, adequação e capacidade para enfrentar desafios, que se traduz numa atitude positiva ou negativa em relação a si mesmo. Considera-se a autoestima um importante fator que influencia a forma da pessoa se perceber, se sentir e responder ao mundo. A alta ou baixa autoestima está relacionada com as experiências do indivíduo ao longo da vida, principalmente, aquelas que se referem à afeição, ao amor, à valorização, ao sucesso ou ao fracasso. Parece ser consensual que uma autoestima positiva é fundamental para que uma pessoa desenvolva ao máximo as suas capacidades.

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