O início de um novo ano letivo é, para muitos jovens, um período de expetativa e de renovação, mas também um momento marcado por ansiedade de desempenho. Do ponto de vista psicológico, este tipo de ansiedade surge quando a pessoa sente que o seu valor depende de resultados, temendo falhar perante os outros ou perante si própria. A transição para um novo ciclo de estudos, seja no ensino secundário ou universitário, intensifica este fenómeno: há novas rotinas, metas académicas mais exigentes e comparações inevitáveis com colegas.
Nos estudantes universitários, a ansiedade de desempenho manifesta-se frequentemente através da pressão para corresponder ao investimento financeiro e emocional da família e para construir um currículo competitivo. As primeiras semanas do ano letivo trazem desafios como a adaptação a uma maior autonomia, a gestão de horários mais complexos e a convivência em novos contextos sociais. Muitos jovens enfrentam receios de não estarem à altura das expectativas, o que pode provocar sintomas como insónia, tensão muscular, dificuldade de concentração e pensamentos autocríticos. Quando não acompanhada, esta ansiedade pode levar a procrastinação ou a evitamento, reforçando um ciclo de stresse.
Muitos estudantes enfrentam períodos em que se sentem desmotivados em relação aos estudos, por diversas razões. No entanto, muitas vezes a falta de motivação e o baixo rendimento, prende-se com o facto de não terem desenvolvido ainda, métodos de estudo eficazes. Aqui ficam algumas estratégias simples, que podem ajudar os alunos a recuperar o entusiasmo e a encontrar a motivação necessária para o sucesso.
Em primeiro lugar recomenda-se que sejam definidos objetivos claros e alcançáveis para os estudos. Falamos de metas de curto prazo, como executar ou concluir uma tarefa específica, mas também metas de longo prazo, como obter uma determinada nota a uma determinada disciplina ou até mesmo passar de ano! Analisar e definir exatamente o que tem que ser feito, é o primeiro passo para se organizar o tempo para estudar, sem esquecer que também é preciso tempo para se divertirem.
Algumas crianças lidam desde cedo com medos e inseguranças que podem ser motivados por diversas ordens de razão. Estes medos podem fazer com que a criança deixe de querer “arriscar” ou quando o faz, seja acompanhado por muita ansiedade, comprometendo o seu desempenho e reforçando as suas inseguranças.
Para ajudar a criança que tem medo de falhar, é muito importante, em primeiro lugar que reconheça a situação. Devemos revelar que percebemos o que se está a passar e procurar que a criança fale sobre o assunto, ou seja, que expresse a sua preocupação. Exemplos como “vejo que estás preocupado com a apresentação do teu trabalho de amanhã na escola. Vamos conversar um pouco sobre isso? Este poderá ser o ponto de partida para ajudar a criança insegura com o seu desempenho numa atividade escolar. Validar os sentimentos da criança e refletir sobre o assunto, pode também ser bastante eficaz, para que ela se consiga acalmar. “Estás muito ansioso por causa do teu trabalho, eu compreendo, por vezes é difícil ter tantas coisas na cabeça e essa matéria é realmente complexa”. Será igualmente útil ajudar a criança a processar o medo. “O que achas que pode acontecer se te enganares numa data ou num nome, quando apresentares o trabalho de História amanhã? Qual é a pior coisa que pode acontecer? E então?“.
A transição do ensino secundário para o ensino superior pressupõe uma série de alterações na vida dos jovens estudantes. As suas características pessoais e as exigências inerentes ao contexto académico, como a exposição a outras realidades e culturas, a saída de casa dos pais e a necessidade de maior autonomia, implicam mudanças que podem configurar o aparecimento de algumas dificuldades.
Os estudantes universitários veem-se obrigados a desenvolver mecanismos adaptativos resultantes dos diferentes graus de autonomia e de maturidade. Novas responsabilidades como a gestão de um orçamento, do aluguer de uma casa ou quarto, a sua limpeza e manutenção, a aquisição e confeção das refeições, as alterações às rotinas habituais, os novos papéis e as novas relações e até mesmo a flexibilidade de regras o ensino superior, são fatores que exigem dos jovens uma maior capacidade de fazerem escolhas, tomarem decisões e resolverem problemas.
A vida académica tem novos desafios aos quais os jovens estudantes vão ter que se adaptar. A complexidade de algumas matérias, a exigência dos trabalhos e exames, as descobertas inerentes aos novos relacionamentos, como a sexualidade, o consumo de álcool, são exemplo de alguns aspetos por vezes adversos e que podem gerar ansiedade, no entanto, também poderão contribuir de forma positiva para o desenvolvimento psicossocial e criativo dos jovens universitários.
A maioria dos alunos que ingressa no ensino superior tem expectativas positivas em relação à experiência académica e às experiencias sociais inerentes. Porém, nem sempre a realidade corresponde às espectativas construídas ao longo dos últimos anos do ensino secundário. Este “desajuste” das espectativas manifesta-se tendencialmente durante o primeiro ano de faculdade, e por conseguinte, são por vezes sentidas maiores dificuldades de adaptação e menor desempenho académico.
No final da adolescência os alunos possuem uma personalidade em construção, influenciam e são influenciados pelos grupos em que se inserem de forma recíproca. O ingresso no ensino superior vai oferecer-lhes um contexto experimentalmente estimulante, novos padrões de interação psicossocial e atividades curriculares e extracurriculares que preparam os alunos para a vida ativa, expressa pelas mudanças na sua dimensão pessoal e interpessoal ao longo do percurso académico.
Embora requeira um período de adaptação e alguns obstáculos a enfrentar, a maioria dos jovens que ingressa no ensino superior, leva a cabo com sucesso o seu percurso académico. Se este período de adaptação for demasiado exigente para os recursos emocionais do jovem, o acompanhamento psicológico poderá ser um benefício importante a considerar, tendo em vista não só o sucesso académico mas também o equilíbrio e bem-estar do jovem!