Ciúme enquanto Construção Cognitiva

O ciúme, frequentemente interpretado como uma resposta emocional instintiva ou reativa, é na realidade um fenómeno psicológico complexo que emerge da interação entre estruturas cognitivas profundas, normas internas e processos de pensamento disfuncionais. A sua manifestação não é aleatória, mas sustentada por padrões de funcionamento mental que se autoalimentam e reforçam, dificultando a autorregulação emocional e comprometendo o equilíbrio relacional.

No cerne deste sistema encontram-se as crenças centrais, entendidas como esquemas cognitivos nucleares que estruturam a perceção do self, do outro e das relações interpessoais. Estas crenças são frequentemente formadas em fases precoces do desenvolvimento e tornam-se automáticas e inconscientes, operando como lentes que distorcem a realidade. Quando negativas, estas crenças moldam uma visão autodepreciativa ou desconfiada do mundo relacional. Por exemplo, a convicção “eu não sou digno de ser amado” pode conduzir a interpretações distorcidas de comportamentos neutros do parceiro, ativando estados emocionais como insegurança, ansiedade e medo de abandono (Beck, 1979).

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Distorções Cognitivas no Dia dos Namorados

O Dia dos Namorados, celebrado a 14 de fevereiro, é frequentemente associado ao romantismo, às demonstrações de afeto e à valorização das relações amorosas. No entanto, do ponto de vista da Psicologia Cognitivo-Comportamental (PCC), esta data pode ter impactos variados na saúde mental, dependendo das crenças e dos esquemas cognitivos de cada pessoa.

A PCC baseia-se na ideia de que os nossos pensamentos influenciam as nossas emoções e comportamentos. Assim, o Dia dos Namorados pode ser interpretado e vivenciado de formas diferentes consoante as cognições individuais. Para algumas pessoas, a data reforça sentimentos de felicidade e segurança emocional, enquanto para outras pode desencadear ansiedade, tristeza ou frustração.

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Impacto da Mudança de Emprego na Saúde Mental

A mudança de emprego é uma experiência que pode ter um impacto significativo na saúde mental e no bem-estar psicológico dos indivíduos. Embora a mudança esteja frequentemente associada à busca de melhores oportunidades, um ambiente de trabalho mais saudável ou uma maior satisfação pessoal, esta transição não é isenta de desafios emocionais e psicológicos.

O impacto positivo da mudança de emprego

Mudar de emprego pode ser uma oportunidade para o crescimento pessoal e profissional. Muitas vezes, essa decisão surge, por exemplo, da necessidade de ultrapassar um ambiente de trabalho tóxico, a monotonia profissional ou limitações no desenvolvimento de capacidades. Ao ingressar num novo emprego, os indivíduos podem beneficiar de uma maior motivação, devido à novidade das funções e à oportunidade de aprenderem e desenvolverem novas competências. Estas experiências positivas podem aumentar a autoestima, reduzir o stresse e proporcionar uma sensação de realização e autoeficácia. Além disso, uma mudança de emprego pode melhorar a qualidade de vida, especialmente se o novo papel oferecer melhores condições de trabalho, um salário mais justo ou maior flexibilidade horária. Estes fatores contribuem para um equilíbrio mais saudável entre a vida pessoal e profissional, promovendo o bem-estar geral (Oliveira et al., 2013).

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Férias de Verão: Birras e Comportamentos Difíceis

As férias de verão são uma época esperada com entusiasmo, especialmente para as crianças, que veem este período como uma oportunidade para relaxar, brincar e desfrutar de tempo livre. No entanto, para os pais, as férias podem trazer desafios inesperados, incluindo birras e comportamentos difíceis.

As birras são manifestações de frustração, raiva ou desconforto, e são comuns em crianças pequenas que ainda estão a aprender a regular as suas emoções e a expressar as suas necessidades de maneira adequada. Durante as férias de verão, são vários os fatores que podem desencadear birras. Entre os mais comuns estão a mudança de rotina, uma vez que em período de férias são muitas vezes alteradas as rotinas diárias das famílias e das crianças, o que lhes pode causar insegurança e desconforto. A ausência de horários fixos para refeições, sono e atividades pode aumentar a probabilidade da ocorrência de birras e comportamentos desadequados.

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O ingresso no ensino superior

A transição do ensino secundário para o ensino superior pressupõe uma série de alterações na vida dos jovens estudantes. As suas características pessoais e as exigências inerentes ao contexto académico, como a exposição a outras realidades e culturas, a saída de casa dos pais e a necessidade de maior autonomia, implicam mudanças que podem configurar o aparecimento de algumas dificuldades.

Os estudantes universitários veem-se obrigados a desenvolver mecanismos adaptativos resultantes dos diferentes graus de autonomia e de maturidade. Novas responsabilidades como a gestão de um orçamento, do aluguer de uma casa ou quarto, a sua limpeza e manutenção, a aquisição e confeção das refeições, as alterações às rotinas habituais, os novos papéis e as novas relações e até mesmo a flexibilidade de regras o ensino superior, são fatores que exigem dos jovens uma maior capacidade de fazerem escolhas, tomarem decisões e resolverem problemas.

A vida académica tem novos desafios aos quais os jovens estudantes vão ter que se adaptar. A complexidade de algumas matérias, a exigência dos trabalhos e exames, as descobertas inerentes aos novos relacionamentos, como a sexualidade, o consumo de álcool, são exemplo de alguns aspetos por vezes adversos e que podem gerar ansiedade, no entanto, também poderão contribuir de forma positiva para o desenvolvimento psicossocial e criativo dos jovens universitários.

A maioria dos alunos que ingressa no ensino superior tem expectativas positivas em relação à experiência académica e às experiencias sociais inerentes. Porém, nem sempre a realidade corresponde às espectativas construídas ao longo dos últimos anos do ensino secundário. Este “desajuste” das espectativas manifesta-se tendencialmente durante o primeiro ano de faculdade, e por conseguinte, são por vezes sentidas maiores dificuldades de adaptação e menor desempenho académico.

No final da adolescência os alunos possuem uma personalidade em construção, influenciam e são influenciados pelos grupos em que se inserem de forma recíproca. O ingresso no ensino superior vai oferecer-lhes um contexto experimentalmente estimulante, novos padrões de interação psicossocial e atividades curriculares e extracurriculares que preparam os alunos para a vida ativa, expressa pelas mudanças na sua dimensão pessoal e interpessoal ao longo do percurso académico.

Embora requeira um período de adaptação e alguns obstáculos a enfrentar, a maioria dos jovens que ingressa no ensino superior, leva a cabo com sucesso o seu percurso académico. Se este período de adaptação for demasiado exigente para os recursos emocionais do jovem, o acompanhamento psicológico poderá ser um benefício importante a considerar, tendo em vista não só o sucesso académico mas também o equilíbrio e bem-estar do jovem!

Natal sem stresses…

Com a aproximação das festas natalícias, algumas pessoas sentem-se invadidas por uma alegria e entusiasmo que contrastam com a tristeza e angustia de muitas outras. Cada um de nós associa ao Natal, emoções tão positivas quanto as nossas memórias e expetativas, o que faz com que este período tipicamente de celebração, se possa transformar para alguns, numa enorme “dor de cabeça”.

De forma a contribuir para a redução do “stresse natalício”, deixo aqui algumas dicas que poderá ter em linha de conta, se o seu humor e os seus pensamentos em relação a esta quadra não forem os mais tranquilos. Comecemos pelos gastos, ou seja, saibamos gerir o nosso orçamento com equilíbrio e moderação, de modo a evitar gastos exagerados que se possam refletir em problemas nos meses seguintes. Presentes simbólicos, acompanhados de gestos carinhosos aos quais associamos emoções positivas, podem dar a quem recebe, uma satisfação maior do que uma prenda cara mas impessoal.

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