As pessoas deprimidas sentem uma diminuição da vontade de executar tarefas, bem como dificuldade em obter satisfação com atividades que anteriormente lhes agradavam. A estruturação comportamental pode ser o primeiro passo, numa caminhada para combater a depressão.
A depressão pode contribuir para a redução do numero de atividades que realiza e com as quais está comprometido/a. Ao mesmo tempo, estar deprimido/a retira a vontade de realizar tarefas que são do seu agrado e que lhe podem trazer bem-estar. Assim, uma forma de lidar com essa dificuldade de agir, é precisamente estruturar o seu dia-a-dia. Sozinho/a ou com o apoio do seu psicólogo/a, a implementação de um plano de estruturação comportamental e o comprometimento com o mesmo, são fundamentais para que possa aos poucos sair dessa “escuridão” que é o estado depressivo.
O envelhecimento da população mundial é uma realidade e Portugal não é exceção. Dos fatores que contribuem para esta situação, destacam-se a baixa natalidade mas também a melhoria das condições de vida e os avanços médicos e tecnológicos, que assim promovem o aumento da esperança média de vida.
Segundo dados do Eurostat, em Portugal cerca de26,6% da população tem 65 anos ou mais e estima-se que em 2050 esse valor ultrapasse os 40%. Este facto está a transformar as sociedades e a economia a nível global, levantando questões como o financiamento dos cuidados de saúde e as medidas de proteção social. Por outro lado, importa também não esquecer a importância da criação e implementação de programas de promoção da saúde e prevenção da doença, para que a qualidade de vida e o bem-estar das populações se mantenha o mais satisfatória possível, ao longo de todo o curso de vida, nomeadamente nos anos mais tardios.
Perante esta realidade, e uma vez que os adultos mais velhos estão mais vulneráveis à doença crónica, isolamento social, depressão e processos de demência, entre outras patologias, os/as psicólogos/as podem ter um papel fundamental na avaliação e acompanhamento destas pessoas, tendo em vista uma resposta adequada às suas necessidades. Tendo em conta a sua formação e o conhecimento cientifico teórico-prático sobre desenvolvimento, comportamento e sobre o impacto psicológico do processo de envelhecimento, os/as psicólogos/as estão preparados para apoiar os adultos mais velhos nos seus diferentes contextos de vida e problemáticas.
A eficácia da intervenção psicológica está demonstrada nas várias fases do desenvolvimento humano (desde a primeira infância). Assim sendo, alguns adultos mais velhos poderão beneficiar de uma intervenção psicológica com muito bons resultados, ao invés de intervenções apenas farmacológicas. Esta população apresenta frequentemente comorbilidades com outras patologias características da idade, encontrando-se por vezes muito medicada. Em muitas situações o recurso à psicologia pode ser a melhor opção. E quais poderão ser os campos de ação do/a psicólogo/a na sua intervenção com pessoas idosas?
Com esta população específica, o/a psicólogo/a pode ajudar a promover o envelhecimento ativo rentabilizando o potencial de cada indivíduo, para que numa relação terapêutica possam trabalhar as suas várias dimensões, tendo em vista o aumento do seu bem-estar. Questões como informar e consciencializar a pessoa acerca do natural processo de envelhecimento, desmistificar crenças e mitos sobre a velhice, promover uma perspetiva realista mas positiva da vida, salientar e potenciar os pontos fortes do individuo, facilitar a sua participação ativa em sociedade/comunidade, são áreas de abrangência do trabalho do/a psicólogo/a. A facilitação da expressão emocional, a compreensão dos processos e situações problemáticas da vida da pessoa idosa, bem como o apoio na adaptação a possíveis mudanças decorrentes do passar do tempo, cabem também na esfera da intervenção psicológica. A acrescentar, este profissional pode ajudar na aceitação e controlo da doença. física ou mental e respetivo tratamento, assim como ensinar e treinar estratégias para lidar com a dor, com a ansiedade, entre outras patologias típicas desta fase da vida, como por exemplo a prevenção da demência ou ainda o apoio em processos de luto.
Envelhecer faz parte da vida e saber envelhecer é muito importante na preservação da qualidade de vida e da satisfação com a mesma. Há que ter uma perspetiva de aceitação e de esperança e tomar decisões importantes para o seu próprio bem-estar emocional, físico e social. A felicidade é um direito universal e cada um de nós pode contribuir efetivamente para ela.
Não basta dar anos á vida, é fundamental dar vida aos anos. Se para isso sentir que precisa de ajuda, não espere mais, peça-a á Sua Psicóloga!
A Perturbação daPersonalidade Esquizoide expressa-se essencialmente por três características: a falta de interesse nas relações sociais, a tendência para o isolamento e a frieza emocional.
Apesar da semelhança semântica e de alguns sintomas comuns (como o embotamento emocional e o isolamento), a Perturbação da Personalidade Esquizoide não é o mesmo que esquizofrenia. A esquizofrenia caracteriza-se sobretudo, por uma fragmentação da estrutura básica dos processos de pensamento, acompanhada pela dificuldade em estabelecer a distinção entre experiências internas e externas, como é o caso dos sintomas psicóticos de delírio ou alucinação. O termo esquizoide foi criado por Eugen Bleuer, no início do século XX, para definir uma tendência da pessoa para dirigir a sua atenção para o mundo interior, fechando-se ao mundo exterior e á experiência.
A característica central que define esta perturbação da personalidade é o padrão evasivo de distanciamento dos relacionamentos sociais, a par com uma diminuta expressão emocional em termos interpessoais. Este padrão começa tipicamente no início da idade adulta e revela-se nos diversos contextos em que a pessoa se move. Os indivíduos com personalidade esquizoide parecem não ter um desejo de intimidade, preferindo passar o tempo sozinhos em detrimento de estar com outras pessoas, mesmo no contexto familiar. As atividades escolhidas são predominantemente solitárias e mesmo quando se tratam de momentos passados com outras pessoas, a interação é diminuta. Deste modo, identifica-se uma preferência por tarefas mecânicas ou abstratas, assim como uma satisfação reduzida com experiências sensoriais
Um indivíduo com Perturbação da Personalidade Esquizoide parece ser igualmente indiferente às críticas ou elogios. Pode parecer lento e letárgico, com um discurso monocórdico, tendo tendencialmente um humor negativo. Esta perturbação da personalidade pode emergir durante a infância ou adolescência, sob a forma de solidão, fraco relacionamento com os pares e baixo rendimento escolar, o que pode conduzir a situações em que estas crianças/adolescentes sejam vistas como diferentes e como alvos de bullying. A Perturbação da Personalidade Esquizoide é diagnosticada com uma frequência levemente superior em sujeitos do sexo masculino. Pode ainda ter uma prevalência maior entre os familiares de indivíduos com Esquizofrenia ou Perturbação da Personalidade Esquizotípica.
Os critérios de diagnóstico desta perturbação são a existência de um padrão de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão emocional em contextos interpessoais, que começa no início da idade adulta e está presente numa variedade de contextos, indicado pelo menos por quatro dos seguintes critérios: não deseja nem retira prazer de relações próximas, incluindo fazer parte de uma família; escolhe habitualmente atividades solitárias; manifesta pouco ou nenhum interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa; tem prazer em poucas atividades, ou em nenhuma; não tem amigos íntimos ou confidentes sem ser familiares em primeiro grau; mostra-se indiferente a elogios ou críticas dos outros; demonstra frieza emocional, distanciamento ou afetividade embotada.
A psicoterapia, tendo uma forte natureza interpessoal, a partir da qual se estabelece a relação terapêutica, pode inicialmente ser difícil de aceitar por parte dos indivíduos com Perturbação da Personalidade Esquizotípica. Estas pessoas poderão ter algumas dificuldades na colaboração e relação com o psicólogo. A psicoterapia poderá trazer sentimentos ambíguos, havendo o receio por parte do cliente de que a mesma o faça descobrir mais falhas na sua personalidade e aumentar o seu sentido de desadequação. Poderá ainda ser igualmente, difícil definir objetivos terapêuticos de mudança e colaboração. Porém, com validação por parte do terapeuta, será importante o foco da atenção na idiossincrasia do problema, isto é, naquilo que preocupa o cliente num determinado assunto, que será relevante clarificar. Será difícil para o psicólogo, por exemplo, aceitar objetivos terapêuticos que não incluam a integração social e que não vão de encontro destas crenças. Por exemplo, quanto à temática de “não ter amigos”, o psicólogo poderá considerar que seria importante para o cliente ter um amigo ou dois, quando para este, o importante neste tema, poderá ser que a família não esteja sempre a dizer-lhe que devia ter amigos.
A intervenção psicológica com clientes com este tipo de personalidade, cujas crenças e perceções podem contrastar significativamente com as do psicólogo, poderá trazer algumas dificuldades e é sem dúvida um desafio. O cliente poderá ter crenças muito enraizadas como: “as pessoas são cruéis”; “as pessoas são frias”; “as pessoas apenas deverão falar se houver alguma coisa para falar”. Do ponto de vista terapêutico, muito mais do que tentar iniciar processos de mudança comportamental ou de reestruturação cognitiva, é conduzir a intervenção no sentido do estabelecimento de uma relação de empatia e confiança, fortalecida pela sua forma centrada no cliente. O que se pretende é lentamente ir ganhando a confiança do cliente ao mesmo tempo que este adquire segurança e aos poucos vai expressando as suas necessidades e emoções, com o objetivo ir conduzindo a intervenção no sentido da diminuição o seu défice funcional e aumento da sua adaptação aos diversos contextos em que se move.
Fonte:
Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais – Quinta Edição (DSM-V). American Psychiatric Association.
Em tempos como os que vivemos desde há aproximadamente um ano e meio, o conceito de solidão tem estado muito presente na vida de muitos de nós. Uma das faixas etárias que mais terá sofrido as consequências do afastamento social é a dos idosos, uma população já de si mais vulnerável, por várias ordens de razão.
O conceito de solidão tem vindo a ser estudado por diversas áreas da ciência e do conhecimento, como a psicologia e a sociologia. A perceção de solidão é algo subjetiva, uma vez que, algumas pessoas convivem tranquilamente com o facto de estarem sós e outras se sentem sós e infelizes mesmo quando estão rodeadas de outras pessoas. Cada indivíduo sente a solidão à sua maneira e daí a dificuldade de se chegar a uma definição única e abrangente. As representações sociais da solidão incluem uma enorme heterogeneidade de significados, caindo em especificidades que dificultam a sua interpretação e entendimento. Em psicologia, o conceito de solidão pode ser caracterizado pela ausência afetiva do outro e com a sensação de se estar só. Ainda que próximo do ponto de vista geográfico, pode não haver aproximação psicológica devido à falta de interação e comunicação emocional entre os indivíduos.
Após quase um ano de pandemia por Covid-19 em Portugal, o cansaço está a apoderar-se de muitos de nós. É um cansaço físico por redução da atividade, mas essencialmente psicológico devido às constantes adaptações às mudanças que nos foram impostas e que em tanto alteraram o nosso quotidiano.
Depois de terminarmos o fatídico ano de 2020 que tanta mudança operou nas nossas vidas, vimo-nos, ao contrário do que muitos esperávamos, confrontados com uma situação de aumento de casos de infeção por Covid-19 e consequentemente, um aumento de mortes e hospitalizações muito preocupante que puseram à prova a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde e dos decisores políticos. Bem ou mal, depende do entender de cada um, o confinamento foi decretado novamente e voltamos a ficar impedidos de levar as nossas vidas, com a “normalidade” a que já nos estávamos a habituar… Mas pelos dados que vão chegando ao nosso conhecimento, o confinamento está a ter eficácia, quer pelo decréscimo de número de novos infetados que se tem vindo a observar nos últimos dias, quer por algum desafogo nas unidades de cuidados intensivos. No entanto, não deixa de ser penoso, preocupante e altamente stressante o esforço que cada um de nós está a fazer para se manter confinado.
Sendo as perturbações de ansiedade das mais prevalentes no universo infantojuvenil, a fobia social é um tipo de perturbação com grande expressão na adolescência, quer pelas suas especificidades, quer pelas características do desenvolvimento típicas desta faixa etária.
A ansiedade social caracteriza-se por um medo acentuado e persistente de uma ou mais situações sociais e de desempenho, nas quais o jovem está exposto a pessoas com as quais não tem proximidade nem à-vontade. Nessas situações, o jovem sente-se observado e avaliado e teme ser humilhado, envergonhado ou criticado. Nas situações em que tem que se expor, o adolescente sente-se muito ansioso embora possa reconhecer que tal sentimento é irracional e excessivo. Em alguns casos, o facto de ter que se expor, por exemplo perante a turma para a apresentação oral de um trabalho, o jovem pode mesmo ver escalar a sua ansiedade para um ataque de pânico. O medo da avaliação dos outros é normativo na adolescência, contudo quando esse medo impede a funcionalidade do jovem e lhe causa sofrimento, deverá ser alvo de avaliação e intervenção.
Em tempos de pandemia, situação que já não vai sendo nova e com os números de infetados a aumentar, podemo-nos ver a qualquer momento obrigados a entrar em isolamento, quer por apresentarmos sintomatologia suspeita de Covid-19, quer por termos tido conhecimento de ter havido contacto próximo com alguém infetado.
No sentido de ajudar as pessoas que se possam encontrar nesta situação, deixo aqui algumas dicas, que podem ser úteis, quer a nível da manutenção da nossa saúde física, quer para a preservação da nossa saúde mental. Assim, torna-se necessário dar atenção á alimentação. Uma alimentação equilibrada é sempre recomendável em todas as fases da vida. Numa situação de recolhimento, em que a atividade física e as rotinas habituais inevitavelmente se veem alteradas, a alimentação assume um papel ainda mais importante. Privilegie os alimentos naturais, frutas e legumes, que pelo facto de serem ricos em fibras, minerais, antioxidantes e vitaminas, vão certamente contribuir para o bom funcionamento do seu corpo e para uma mais rápida recuperação, no caso de estar doente.
Numa altura em que a palavra de ordem é isolamento, no sentido de mantermos distanciamento pessoal dos outros, importa entender o isolamento na adolescência. Muitos jovens, ao longo da difícil tarefa de crescer e se tornarem adultos, passam por momentos mais ou menos dolorosos em que por vezes se isolam, tornando esses momentos um tanto ou quanto perturbadores para os que com eles coabitam.
Comum no período da adolescência, o isolamento dos jovens geralmente ocorre em relação aos seus familiares mais diretos (pais) mas por vezes também em relação ao seu grupo de pares e à vida social em geral. A razão pelas quais o adolescente se isola pode ser de várias ordens. Por um lado, pode haver uma necessidade de se diferenciar em relação aos outros e de quebrar barreiras de autoridade que sente em relação a pais e professores. Mais do que isolamento, trata-se de um afastamento, por vezes marcado pela rebeldia, em que o jovem procura ter novas experiências, quebrar regras e testar limites. Por vontade própria relacionada com traços de personalidade, pressão dos pares ou por necessidade de se sentir parte integrante de um determinado grupo, o adolescente tende a afastar-se das ideias, opiniões e recomendações dos adultos significativos e fecha-se no seu mundo, passando a viver centrado em si em busca do auto-conhecimento e da autonomia.
A adolescência é um período da vida humana especialmente complexo e ambíguo. A vontade de crescer e de se tornar adulto e autónomo, colide por vezes com a vontade de se manter criança, livre de responsabilidades ou encargos. “Entre o medo e o desejo de crescer” (Manuela Fleming).
Se para nós adultos a situação de pandemia causada pelo vírus Covid-19 está a revelar-se difícil de ultrapassar, na medida em que encerra em si diversos desafios, principalmente de adaptação a uma nova realidade, para os adolescentes, pelas suas características, o desafio pode estar a ser mais difícil de vivenciar. As súbitas alterações das rotinas e do estilo de vida de muitos jovens, a par com a dificuldade que alguns possam ter em cumprir as regras de conduta adequadas no contexto atual, pode levar a situações de grande sofrimento emocional, de isolamento, aumento dos níveis de ansiedade, depressão ou problemas de comportamento. No futuro, também poderá vir a tornar-se um problema o retomar hábitos, horários e rotinas anteriores.
E como podem os pais ajudar os seus filhos adolescentes a passarem por esta fase com o menor dano possível? Em primeiro lugar deverão informar os seus filhos sobre a realidade atual. Essa informação passa por fornecer informação fidedigna ou orientar os jovens na procura de informação adequada nos meios de comunicação disponíveis. A informação é o ponto de partida para o entendimento da situação e para a adoção de medidas de proteção e segurança para evitar a contaminação. Uma boa informação ajudará certamente na aceitação do problema e esta será a melhor estratégias para se lidar com algo que é inevitável.
Manter as rotinas possíveis é extremamente importante. Com o fecho das escolas houveram muitas alterações em termos de horários. As horas de deitar, de acordar, de fazer as refeições, etc., podem sofrer grandes alterações devido às mudanças inevitáveis causadas pela adaptação à situação e pelo confinamento necessário. No entanto, é muito importante para o bem-estar geral, que o dia-a-dia seja estruturado de modo a que tudo o que for possível seja mantido, programando e executado. Dever-se-á estabelecer uma hora fixa de levantar, fazer a higiene diária e tomar o pequeno-almoço adequada à situação de cada jovem em termos de exigências escolares ou académicas. Nos dias do fim-de-semana esses horários poderão ser flexibilizados, à semelhança do que eram em tempos “normais”, no sentido de manter uma diferenciação entre os dias de semana e os dias de descanso semanal.
Planear as atividades diárias, quer escolares como lúdicas e destinar um tempo para cada uma delas, poderá ser o modo mais fácil de as cumprir e de dar sentido aos dias. No final do dia o jovem terá a possibilidade de verificar de que forma conseguiu cumprir o planeado e refletir sobre as tarefas efetuadas, ao mesmo tempo que tem a possibilidade de reestruturar as suas tarefas de forma mais eficaz, se sentir essa necessidade. Os pais devem ficar atentos às atividades dos jovens, no sentido de os ajudarem e apoiarem em algumas tarefas com as quais eles possam ter maiores dificuldades. Por outro lado, esse acompanhamento deverá ser positivo e reforçador. Elogie cada esforço do seu filho para se adaptar às novas realidades e para cumprir com as exigências escolares. Lembre-se sempre de que esta é uma situação nova e difícil para todos e procure ser tolerante na relação com o adolescente, sem descurar o estabelecimento de regras e limites.
E como ser tolerante quando o comportamento do jovem é difícil, desafiante ou desobediente? Antes de mais expresse sempre o seu amor pelos seus filhos, qualquer que seja a sua idade, adequando as suas palavras e gestos, claro. O que poderá estar em causa e provocar-lhe desagrado é o comportamento do seu filho e não ele. Validar os sentimentos dos jovens é muito importante. Permitir que expressem as suas emoções, que coloquem as suas dúvidas e que manifestem as suas dificuldades, vai certamente ajuda-los a lidarem com os problemas decorrentes da situação atual. A vivência dos afetos é importante em todos os momentos, principalmente quando estes são mais instáveis e difíceis de nos adaptarmos.
Por fim, procure integrar o seu filho adolescente nas atividades da família para promover o convívio e evitar o isolamento. Destine um tempo em família para fazer atividades em conjunto como jogos de tabuleiro, assistir a filmes, partilhar tarefas como a culinária, ou outras que sejam do agrado de todos. Se o seu filho adolescente tem dificuldades ao nível dos relacionamentos sociais, promova o contacto dele com colegas e amigos através dos meios de tecnologia existentes. Isolamento social não significa deixar de comunicar com os outros mas sim manter-se fisicamente afastado dos outros. Hoje em dia, a tecnologia permite inúmeras interações, que na dose certa podem ser muito gratificantes. E tenha muita paciência e calma, aos poucos e com muitos cuidados, a vida irá seguindo o seu curso.
De há um tempo a esta parte fui recebendo mensagens de pais que me questionavam sobre se seria normal a preocupação excessiva que algumas das suas crianças manifestavam acerca do Coronavírus. De facto o assunto tornou-se uma preocupação generalizada e os números de infetados, quer a nível nacional como internacional são muito significativos, tendo conduzido a esta situação de pandemia que hoje vivemos.
Algumas crianças mais ansiosas, começaram a preocupar-se com o novo vírus logo que se começou a falar dele. Outras, foram aos poucos dando atenção ao assunto e, principalmente após a adoção de medidas mais extremas como o fecho das escolas e as recomendações de isolamento social, entre outras, foram ficando “contaminadas” de medos e dúvidas, para algumas delas muito perturbadoras. Como tal, deixo aqui algumas dicas de como agir com a sua criança neste momento de inquietação tão novo para todos nós.
Não deixe de falar com a sua criança sobre este tema, começando por questionar a criança acerca do que ela já sabe ou de como pensa sobre o assunto. Ouça a sua criança com atenção e deste modo irá permitir que a criança se exprima, que fale sobre o que receia mas acima de tudo poderá corrigir alguma informação errada à qual a criança tenha tido acesso. Ensine à criança como se transmite o vírus e como se pode proteger, falando sempre com verdade e adequando a sua linguagem à idade da criança e à sua capacidade de entendimento. Use um tom de voz tranquilo pois informação e serenidade são recomendáveis em momentos como este.