Segundo Vygotsky, “a arte só poderá ser objecto de estudo científico quando for considerada como uma das funções vitais da sociedade em relação permanente com todos os outros campos da vida social e no seu condicionamento histórico completo”.
Assim a aplicação da psicologia dos sentidos dá o seu contributo para o entendimento da arte, mas não apresenta a consistência necessária para o entendimento de uma Psicologia da Arte materialista, por não considerar os sentidos, além de “reacções biológicas, como uma elaboração socialmente construída” ( Vygotsky, 1999). A arte transpõe o mundo dos sentidos com a intenção de ir mais além e alcançar a percepção na sua forma mais criativa.
Embora o desenho partilhe propriedades básicas comuns a outros tipos de linguagem, este, pela sua própria constituição, tem características particulares que o distingue de outras formas de expressão. Podemos caracterizar o desenho, enquanto imagem visual, pela sua globalidade e possibilidade de percepção imediata. O signo visual é icónico e mantém relações de semelhança com os objectos representados, opondo-se deste modo ao signo verbal, que se caracteriza pela arbitrariedade em relação ao objecto referido. Assim, do ponto de vista semiótico, o desenho pode ser visto como uma linguagem privilegiada, pois permite o exercício relativamente mais livre de construção da forma, estabelecendo relação entre significado e significante de modo mais elementar, em comparação com a linguagem verbal.
Em relação à representação espacial, presente no desenho, é de salientar o seu carácter de linguagem universal, pois é sustentada por vivências comuns a todos os seres humanos. No que concerne ao carácter de metalinguagem, que é a linguagem de formas de espaço, as formas de espaço constituem tanto o meio como o modo da nossa compreensão na medida em que fornecendo as imagens à imaginação, o espaço torna-se mediador entre a experiência e a expressão.