A ambiguidade ocorre quando falta uma informação fundamental para dar significado à realidade, ou seja, quando um estímulo ao nível sensorial pode gerar diferentes interpretações em termos de perceção e identificação.
Exemplo disso é o conhecido vaso que ilustra os trabalhos de Rubin (1915) sobre a organização da figura-fundo na percepção visual. Todos nós, de um modo geral, temos tendência a ordenar estímulos ambíguos e acontecimentos aleatórios. Essa tendência constrói-se no nosso aparelho cognitivo pois apreendemos melhor os fenómenos ordenados do que os aleatórios, sendo essa nossa predisposição para criar padrões e estabelecer conexões que nos faz progredir e desenvolver.
Olhar para uma nuvem e distinguir uma figura ou observar a lua cheia e identificar um rosto, são experiências comuns. Encontrar padrões e dar sentido ao que vemos é uma tendência natural, automática e inconsciente.
Isto poderia não constituir um problema se esta tendência não estivesse demasiado enraizada o que por vezes nos leva a aceitar determinados factos como certezas e não apenas como hipóteses. Vemos coerência onde ela realmente não existe e chegamos a acreditar em fenómenos que nunca o foram. Nestes casos mesmo examinando repetidamente os resultados de experiências que contrariam as nossas crenças, continuamos a acreditar nelas. A nossa dificuldade em lidar com o que é aleatório e imprevisível, leva-nos a acreditar em factos que cremos serem reais e sistemáticos quando na realidade não passam de factos ilusórios para os quais apenas temos explicações muito simples e infundadas.