Um abraço que incomoda

Desconforto AssertividadeAlguns de nós já nos deparámos ao longo das nossas vidas com pessoas que precisam de muita atenção. De uma atenção desmedida e às vezes despropositada. Alguém que se cola a nós, por vezes apenas porque calha, outras vezes porque lhe inspiramos confiança, segurança ou até mesmo porque lhe fazemos lembrar alguém de muito significativo, que por uma ou outra razão, não está presente.

De um modo geral, vivemos a nossa vida afectiva com pessoas que nos são próximas, quer seja porque nos unem laços de sangue, ou porque as escolhemos como amigas ou companheiras. O estranho é quando alguém que mal conhecemos nos acha graça e se aproxima de nós de uma forma que se torna incomodativa, sem que nos tenha visto mais do que apenas uma ou duas vezes e sem que lhe tenhamos dado espaço para o fazer.

Não há nada melhor do que um abraço de alguém que amamos para nos fazer sentir bem, para nos sentirmos apoiados num momento difícil ou para celebrar um reencontro. Um abraço pode mesmo ser terapêutico, se dado pela pessoa certa e no momento certo. Mas e aquele abraço roubado, dado sem aviso, que vem sorrateiro e inesperado, da parte de alguém que vimos apenas uma ou duas vezes e com quem trocámos apenas meia dúzia de palavras? Esse pode ser difícil de receber. Se não houve da nossa parte, a mesma empatia com essa pessoa e se não faz parte dos nossos hábitos andar a abraçar assim sem mais ou menos, o que fazer? A pessoa que parte para esse gesto, decerto espera algo de nós. Acontece que podemos é não saber bem o quê. Por outro lado, essa proximidade pode ser para nós de tal forma perturbadora, que o risco de o deixar transparecer é elevado.

Num caso destes, parece-me só haver uma solução, que por um lado nos pode proteger de nova investida e por outro lado, permite revelar ao outro, sem deixar margem para dúvidas mas sem o magoar, aquilo que queremos que não volte a acontecer. Assertividade! Dizer ao outro que entendemos a sua forma de estar e de se manifestar, fá-lo-à sentir-se compreendido e apoiado, porém, explicar-lhe que não nos sentimos confortáveis com essa forma de expressão, dando uma alternativa, penso que possa ser o mais adequado. Mostrar compreensão pela sua forma de se comportar mas dizer que a nossa maneira de o poder apoiar não passa pelos mesmos gestos mas sim por nos podermos, por exemplo, disponibilizar para um momento de escuta activa ou para fazer uma actividade em conjunto, enfim, a alternativa terá que se adequar à situação em questão.

Desconfortável/assertividadePor vezes, a assertividade é um exercício complexo, principalmente se envolve estados emocionais, mais ou menos fragilizados, no entanto, temos que nos proteger e salvaguardar de situações que nos causem desconforto e que poderão por em risco a continuidade de um relacionamento pessoal. Um posicionamento firme e educado, que respeita os valores do outro mas que ao mesmo tempo nos permite dizer sim ou não, consoante seja o mais adequado, sem deixar de transmitir a nossa vontade e o nosso padrão de conduta, parece ser o único modo possível de lidar com situações deste tipo, sem dar lugar a mal-entendidos ou a situações desconfortáveis.

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