O ser humano tem desde que nasce, a necessidade de comunicar com os outros. Comunicar é uma capacidade que se vai desenvolvendo ao longo da vida e que se vai aprimorando com a aquisição da linguagem falada, depois a escrita e também através da linguagem corporal, tão rica e tão clara que por vezes torna as palavras dispensáveis.
Cada um de nós, ao seu jeito e influenciado por factores diversos, tem o seu estilo próprio de comunicação. O temperamento de cada um de nós dá o seu contributo à forma como nos expressamos, assim como a educação, o contexto e a cultura em que nos inserimos. Uns mais calmos e doces, outros mais bruscos e intempestivos, cada um diferente do outro e igual a si mesmo.
Sabemos que uns têm um estilo de comunicação mais passivo, que pretende agradar ao outro, sem que por vezes consigam expressar os seus desejos, ideais ou emoções, com receio de confrontar, beliscar ou contradizer o seu interlocutor. Normalmente estas pessoas apresentam uma baixa autoestima, dificilmente se conseguem fazer ouvir e tendem a provocar nos outros um sentimento de pena, desagrado ou até mesmo de desinteresse. O seu modo de interagir frequentemente lhes faz sentir um certo desapontamento consigo mesmas, por não se terem conseguido expressar de outra forma, podendo levar a estados de ansiedade, evitamento de acontecimentos sociais e isolamento. Tudo isto, associado à incapacidade de alcançarem os seus objectivos, pode provocar um sério sentimento de revolta e de grande sofrimento.
Por outro lado, todos nós conhecemos os que utilizam um estilo de comunicação mais agressivo. Estes caracterizam-se por serem directos e por manifestarem aquilo que desejam, pensam ou sentem, sem terem em consideração os valores ou ideias dos outros, chegando mesmo a desrespeitá-los ao imporem as suas convicções de forma acérrima. Frequentemente não se importam de dominar ou humilhar as outras pessoas, convencidos da sua superioridade. Por vezes, após uma interacção dominada pela sua comunicação agressiva, chegam a sentir algum arrependimento mas têm dificuldade de expressa-lo, parecendo sempre revoltados e zangados com o mundo. Este tipo de comunicação provoca nos outros sentimentos de revolta, raiva e indignação, levando por vezes ao evitamento ou mesmo ao desejo de vingança. Estas pessoas conseguem frequentemente alcançar os seus objectivos, passando por cima, atropelando e até mesmo cansando quem está à sua volta, no entanto, magoam ou outros, deixando um sentimento de antipatia, desagrado e pouca vontade aos outros de manterem consigo um relacionamento próximo.
E depois temos os assertivos. Pessoas que se expressam de forma correta e apropriada com o único objectivo de comunicar, sem desrespeitar o ponto de vista dos outros nem impor o seu, mas sim de expressá-lo de forma directa, firme e delicada. Estas pessoas são habitualmente calmas, seguras e confiantes, com boa autoestima e um bom sentido de autoeficácia. O seu interlocutor tende a respeitá-las e a ter uma visão positiva a seu respeito. Esta forma de comunicação promove o alcance dos objectivos ao mesmo tempo que fomenta o estabelecimento e a manutenção de bons relacionamentos interpessoais.
Uma pessoa assertiva é alguém que tem uma relação positiva consigo mesma, que expõe as suas ideias e valores sem desrespeitar os do outro e sem desvalorizar os sentimentos alheios, mesmo quando estes não são congruentes com os seus. A assertividade passa pelo autoconhecimento, ou seja, por identificarmos os nossos pontos fortes e pontos fracos, reconhecermos e controlarmos as nossas emoções, de modo a podermos lidar com as adversidades sem atribuirmos a responsabilidade dos nossos actos ou falhas a terceiros.
A comunicação assertiva é uma ferramenta que permite optimizar as relações humanas e que pode ser aprendida e treinada de modo a melhorar as competências relacionais em diversos contextos da vida. Uma boa comunicação permite reduzir o stresse, controlar melhor os impulsos, melhorar a autoestima, identificar e controlar as emoções, ganhar o respeito e a consideração dos outros e aumentar a satisfação com os relacionamentos pessoais, em família, com os amigos ou em contexto académico ou laboral.
A assertividade não é um dom, podemos ser naturalmente assertivos mas também podemos aprender e treinar para sermos assertivos. E como em muitas outras coisas, a psicóloga pode ajudar!