Os comportamentos desajustados das crianças cumprem na maioria das situações, um papel no seu desenvolvimento, associado ao teste dos limites e regras, às imposições por parte dos adultos e aos seus próprios processos de autorregulação emocional.
Todos nós, pais, educadores e outros profissionais que lidamos frequentemente com crianças, já nos deparamos inúmeras vezes, com birras amuos e outros comportamentos desajustados e que por vezes nos põem à prova. As crianças, como seres em desenvolvimento acelerado, passam por várias fases num relativamente curto espaço de tempo, tendo que se adaptar constantemente às exigências de cada uma das fases do desenvolvimento normativo. Por vezes, comportam-se mal porque não sabem fazer de outra maneira, porque ainda não aprenderam a fazer diferente.
Para lidarmos com os comportamentos difíceis das nossas crianças (e por vezes também dos adolescentes), precisamos de estratégias que nos ajudem a assumir uma atitude com autoridade sem sermos autoritários, e ao mesmo tempo disciplinadora, no sentido de ensinarmos às nossas crianças, como se devem comportar perante as mais diversas situações e contextos. E como disciplinar não é punir mas sim ensinar, vamos lá controlar as nossas emoções, respirar fundo, contar até 3 e utilizar as estratégias que realmente funcionam.
Dentro de um leque mais ou menos diversificado de estratégias, a instrução eficaz tem como objectivo principal a prevenção. Refere-se à instrução que é dada à criança, pelos pais ou outros cuidadores e que serve como um importante antecedente para o comportamento desejado (ou para evitar o comportamento indesejado). A instrução dada, para ser eficaz tem que ser clara e breve. Os pais devem garantir que estão a utilizar uma linguagem que a criança já consegue compreender mas também ter a certeza de que a criança está a ouvir. Deve haver contacto visual no momento da instrução e esta deve ser afirmativa, por exemplo, “vem sentar-te à mesa para jantar” em vez de “podes vir sentar-te à mesa para jantar?”. É ainda importante que se dêem instruções referentes a tarefas que os pais tenham a certeza que a criança consegue cumprir, devendo-se especificar a tarefa em vez de dizer algo vago, passível de interpretações várias.
Por fim, devemos permitir que a criança complete a tarefa, dando-lhe algum tempo antes de emitir uma nova instrução. Os pais também devem elogiar, sempre que a criança responde com o comportamento esperado e adequado, imediatamente a seguir à ocorrência desse comportamento, para que a criança perceba de forma clara que o elogio e o agrado dos pais se devem àquele comportamento específico. Dar instruções eficazes vai com certeza reduzir o número de pedidos ineficazes, dados pelos pais ao mesmo tempo que irá aumentar a probabilidade da criança cumprir com o que se pretende.
Deste modo poderemos ver reduzidas as expressões de irritação ou raiva, por parte dos pais e o cansaço a que estas levam quando repetidas sistematicamente. Educar não é fácil e ensinar dá trabalho, mas com persistência e calma podemos atingir os objectivos desejados com menor esforço e poupando recursos como tempo e disposição, que podem ser usados em momentos de brincadeira e mimo, envolvendo a família num ambiente de afectos positivos.