Uma das principais intervenções para a gestão de comportamentos disruptivos em crianças é fornecer aos pais estratégias de gestão de comportamentos. As técnicas de treino parental foram cuidadosamente documentadas e têm suporte empírico significativo na literatura como uma intervenção para problemas de comportamento em crianças.
Existem alguns componentes-chave para a maioria dos programas de treino parental, incluindo a psicoeducação, o ensino de como fornecer atenção diferencial aos comportamentos das crianças, como fornecer instruções eficazes, como usar consequências como recompensas e em tempo apropriado e como integrar essas habilidades num abrangente plano de gestão comportamental. Os programas de treino parental são normalmente oferecidos em formatos de 8 a 12 sessões, muitas vezes promovendo competências de acordo com a fase de desenvolvimento da criança. Cada competência é ensinada através de informações didácticas, bem como modelagem e role playing com a mãe/pai e/ou a criança no consultório.
A Atenção diferencial é um dos métodos utilizados na gestão de comportamentos infantis. O propósito de ensinar os pais a utilizarem este método com os seus filhos é o de aumentar a sua probabilidade de reconhecerem os comportamentos positivos quando estes ocorrem. Muitas vezes, quando os pais procuram o psicólogo, podem ter dificuldade em perceber quando é que o seu filho se está a comportar desadequadamente, ou quando o comportamento apresentado pela criança é normativo para a sua faixa etária. Assim, um primeiro passo na formação dos pais passa por lhes ensinar a conhecer e identificar os comportamentos adequados e positivos da sua criança. O segundo passo é ensiná-los a não dar relevância a pequenos erros ou a usar o time out para retirar a criança da atenção dos pais ou de uma actividade preferida.
O time out é uma estratégia e não um castigo e tem como objectivo, acalmar não só a criança, como também os pais. Consiste em retirar a criança do local onde está a ocorrer o episódio problemático e levá-la para um outro local onde possa ficar sentada e sem distracções. Deve dizer-se à criança que irá permanecer ali durante alguns minutos até se acalmar e que não tem permissão para sair enquanto não for autorizada. Habitualmente o tempo de time out deve corresponder a um minuto por cada ano de idade da criança. Esta técnica permitirá que a criança se possa controlar internamente, reorganizar-se emocionalmente e pensar no que fez. Durante esse tempo não lhe deverão ser dadas quaisquer justificações ou explicações de modo a potenciar o seu efeito.
Por outro lado, o time in é descrito aos pais como o uso de contacto físico frequente e consistente com a criança quando esta manifesta um comportamento apropriado. Exemplos de time in incluem colocar a mão sobre o braço da criança quando ela vai sossegada no carro, acariciar as costas da criança brevemente enquanto ela brinca de forma independente com um brinquedo, ou apertar brevemente a mão da criança enquanto ela aguarda pacientemente que a sua mãe termine uma conversa com um amigo. Uma vez dominada a técnica do time in, que visa enriquecer a relação ao longo do tempo, recompensando o comportamento apropriado, as estratégias como ignorar ou utilizar o time out podem tornar-se muito mais eficazes.
É extremamente importante que sejam bem definidos quais os comportamentos que podem ser ignorados, como as queixinhas, por exemplo. Os pais, muitas vezes afirmam que o time out não funciona. Assim, devem-se explicar detalhadamente as regras para que esta estratégia funcione de forma mais eficaz. Por exemplo continuar a falar ou a gritar com a criança enquanto ela está em time out, é ineficaz, uma vez que pode levar a que o comportamento da criança entre numa escalada e se torne cada vez mais perturbador, em vez de melhorar.
Com paciência, persistência e muito autocontrolo, os pais podem aprender e treinar estas e outras estratégias, para melhor lidarem com os comportamentos difíceis dos seus filhos, no sentido de aumentarem a sua satisfação e sentido de autoeficácia, no exercício da parentalidade.