Nos tempos que correm, a Internet e tudo o que ela nos possibilita e facilita são de grande importância no nosso dia-a-dia. À semelhança de outras modernices, ficámos reféns da sua utilização e ela faz parte das nossas vidas, de um modo mais ou menos permanente. Mas até que ponto a nossa utilização da Internet e dos meios de comunicação electrónicos é funcional ou desajustada? As questões que se seguem, orientam para uma primeira abordagem no rastreio e avaliação dos problemas relacionados com dependência da Internet.
Sente que a Internet e a sua utilização estão a ocupar demasiado espaço e tempo na sua cabeça e na sua vida? Pensa constantemente em actividades online que já realizou ou sente-se frequentemente ansioso pela sessão online seguinte? Sente que tem necessidade de utilizar a Internet por períodos de tempo cada vez maiores, para se sentir satisfeito? Já tentou reduzir, controlar ou até mesmo parar de utilizar a Internet, sem que tenha conseguido? Sente-se agitado, mal-humorado, triste, ou irritado quando tenta diminuir ou parar a utilização da Internet? Fica online por mais tempo do que aquele que pretendia inicialmente? Já pôs em risco uma relação pessoal, o emprego, ou o seu desempenho escolar/académico, por causa do modo como utiliza a Internet? Já mentiu a familiares, terapeutas ou outras pessoas para esconder o quanto utiliza a Internet? E pense bem, usa a Internet como um escape para os seus problemas ou como forma de aliviar sentimentos de impotência, culpa, ansiedade, tristeza, solidão ou outros?
Se respondeu de forma afirmativa a 5 ou mais destas questões, provavelmente não está a utilizar a Internet de uma forma adequada, podendo mesmo estar a correr sérios riscos de se tornar dependente. Sinais como a negligência das tarefas diárias ou das responsabilidades, os cuidados de higiene e/ou de alimentação, bem como um comportamento reservado sobre as actividades online ou a súbita exigência por privacidade quando está online, podem ser indicadores de um uso excessivo e desadaptativo da Internet, com consequências muito negativas para o indivíduo e para os vários contextos em que se insere (família, escola, trabalho, relações sociais). Tempo excessivo em frente ao écran, retira certamente a todos (crianças, adolescente e adultos), oportunidades de interacção com os outros e de socialização, tão importantes em todas as fases do desenvolvimento humano.
Deste modo, é fundamental a consciencialização dos indivíduos, principalmente de pais e educadores, no sentido de controlarem o tempo de exposição aos meios electrónicos de comunicação, das suas crianças, de modo a criarem regras e rotinas razoáveis, para que a utilização da Internet faça parte do quotidiano sim, mas de forma adaptativa e não patológica. E mais do que proibir ou usar como punição a retirada desses dispositivos, deverá ser reforçado e elogiado o cumprimento dessas regras, assim como deverão também ser incentivadas e oferecidas alternativas ao tempo de écran. E, tão ou mais importante do que controlar de forma equilibrada a utilização da Internet, por parte das nossas crianças e jovens, é dar-lhes o exemplo e perceber que eles aprendem por modelagem e que nos cabe a nós adultos, sermos bons exemplos.
E quando não o conseguimos fazer? Quando não sabemos bem como lidar com as nossas crianças acerca desta matéria ou mesmo quando nós próprios não nos conseguimos autorregular e caímos na dependência? Em qualquer dos casos, quer para aprender a controlar as crianças como a controlar-se a si mesmo se é adulto, o Psicólogo pode dar uma ajuda bastante eficaz. As técnicas cognitivo-comportamentais podem ser excelentes aliadas no caminho da resolução do seu problema.
Não tenha receio de assumir a sua dificuldade e peça ajuda. Quanto mais cedo se deixar ajudar, melhores serão os resultados.