Crianças com Perturbação Desafiante de Oposição (PDO) ou crianças com Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA) apresentam frequentemente comportamentos disfuncionais e difíceis de controlar.
Estas crianças apresentam dificuldades ao nível do controlo dos impulsos e são crianças que frequentemente se exaltam, discutem com adultos, desobedecem ou têm dificuldade em seguir e respeitar regras. Por vezes incomodam deliberadamente os outros e culpam muitas vezes outras pessoas pelos seus comportamentos, chegando mesmo a assumir atitudes vingativas ou rancorosas. As crianças que revelam este tipo de comportamentos têm um impacto negativo nas pessoas que as rodeiam (família, amigos, professores, pares) o que habitualmente gera nessas pessoas, atitudes e comportamentos igualmente negativos, provocando deste modo um círculo vicioso de discussões e agressões.
Após uma avaliação cuidada da criança, em termos funcionais e alargada a vários contextos e informadores, é necessário definir um plano de acção – um plano de intervenção. Existem programas manualizados, desenvolvidos por estudiosos na matéria e com provas dadas da sua eficácia. E como o problema são os comportamentos, então vamos lá escolher um programa de intervenção que se foque precisamente na promoção de comportamentos adequados. Habitualmente o plano de intervenção tem início com um contrato, que visa promover o envolvimento de pais e filhos neste processo. E quando digo contrato, é mesmo um verdadeiro contrato, com a identificação dos vários elementos (e. g. criança, pais e psicólogo) e que deve ser assinado por todos, de modo a formalizar o compromisso e a dar mais significado ao seu conteúdo. A criança deverá ser informada sobre o que é o contrato, em que consiste a intervenção e qual a sua finalidade.
A criança toma conhecimento do desafio que lhe é proposto e concorda com ele, sabendo que o que se pretende é ajudá-la a conseguir, por um lado, gerir as contrariedades e por outro lado, aprender/treinar comportamentos adequados e melhorar a sua funcionalidade e o seu bem-estar, nos diversos contextos da sua vida. Iniciada a intervenção e ao longo das sessões, os pais vão aprendendo técnicas e estratégias que os irão ajudar a levar a cabo a mudança comportamental na criança mas também que os podem ajudar a lidar com os comportamentos desajustados do seu filho. Normalmente, a meio do programa, deverá ser feito um ponto de situação, que consiste numa reflexão acerca do progresso. Deverá ser prestada atenção aos sinais de sucesso no comportamento da criança mas também às maiores dificuldades, de modo a que se possam reestruturar alguns pontos. O plano de intervenção poderá ainda incluir uma monitorização dos comportamentos da criança em contexto escolar (observação de uma ou mais interacções na escola, por parte da psicóloga ou diálogo com a professora).
No final, deverá ser avaliada a eficácia da intervenção, quer com os pais, quer com a criança, tendo em conta as mudanças observadas e o grau de benefício dessas mudanças na vida da criança e da família, bem como o sentido de autoeficácia dos pais e a capacidade de autorregulação da criança. Os programas que incluem treino parental comportamental têm demonstrado efeitos marcadamente positivos, principalmente ao nível das dimensões nucleares do comportamento disfuncional da criança, descritas inicialmente como as principais dificuldades de crianças com PHDA e/ou PDO.
Estas intervenções visam deste modo o fornecimento de informação específica sobre a perturbação diagnosticada, gerar comportamentos positivos e reenquadrar os comportamentos problemáticos no contexto relacional da criança, estabelecer regras e limites, aumentar a atenção da criança para a compreensão das instruções que lhe são dadas, conseguir antecipar, prevenir ou lidar com os comportamentos desadequados, ensino e treino de estratégias no sentido de melhorar a comunicação entre os intervenientes e prever dificuldades futuras, estabelecendo sessões de follow-up, no sentido da manutenção dos bons resultados adquiridos.
Se se identifica com o que acabou de ler, não desespere e saiba que não está sozinho. O amor que tem pelo seu filho e a vontade que ele tem em lhe agradar (embora possa parecer o contrário) aliados ao apoio de um profissional com competências nesta área de intervenção, poderão levar a resultados muito positivos, com grandes ganhos para toda a família.
Marque a sua primeira sessão e muito poderá mudar e melhorar, na sua vida e na vida do seu filho!
Antonio que podemos faser???
GostarGostar