Nos seres humanos, a capacidade de comunicar através da fala é inata, sendo aperfeiçoada e utilizada ao longo do seu desenvolvimento.
A comunicação verbal pode revestir-se de diversas formas e alternativas de utilização. Podemos falar diferentes idiomas, o mesmo idioma com variantes de pronuncia, tons de voz diferentes, diferentes ritmos, enfim, dispomos de uma diversidade de modos de falar que normalmente adequamos a cada situação. O modo como cada um de nós comunica através da linguagem pode ser muito revelador da nossa personalidade, estado emocional, identidade pessoal e social, enfim, sobre aquilo que somos. Ao comunicarmos pela fala, podemos diversificar no vocabulário que usamos e podemos utilizar as palavras de diferentes formas. O discurso e as frases que formulamos podem ter diferentes intenções: perguntar, pedir, informar, declarar, etc. O sucesso da comunicação verbal depende muito da forma com que se transmite a mensagem. Existindo vários estilos de comunicação, entende-se como mais eficaz o estilo de comunicação assertiva, em que a mensagem é transmitida de forma clara, firme e directa, respeitando obviamente a posição, o ponto de vista e o entendimento do seu interlocutor.
Há vários factores a ter em conta quando comunicamos pela fala. Um deles é o ajustamento, ou seja, a capacidade de adaptação entre o emissor e o receptor, que se traduz numa adequação do tom de voz, do volume e do ritmo do discurso, no sentido de facilitar a comunicação entre ambos. A escolha das palavras a utilizar é outro aspecto relevante para uma comunicação eficaz. É necessário adequar o vocabulário à capacidade de compreensão do interlocutor, quer em termos de idade, do nível de entendimento da língua em que se está a comunicar, ou até mesmo do estatuto hierárquico que ocupa.
A interacção social e a comunicação com o outro, não se limita à utilização da palavra falada, havendo também comunicação mesmo quando se está em silêncio. Ao utilizarmos a comunicação não-verbal ou a linguagem corporal estamos também a comunicar, mas sem palavras. Mesmo sem nos apercebermos, conseguimos comunicar e revelar bastante acerca de nós próprios, através deste tipo de linguagem. A postura corporal, a expressão da face, a existência de contacto ocular e o modo como este se expressa, assim como a distância a que nos colocamos do nosso receptor, podem ser elementos bastante reveladores. O contacto ocular assume uma enorme importância quando comunicamos, em particular quando estabelecemos um primeiro contacto com alguém, revelando que lhe estamos a prestar atenção. Enquanto conversamos, o contacto visual ajuda-nos a manter a interacção e a enviar sinais adicionais ao nosso interlocutor. Quando falamos em grupo, o contacto visual deve ser direccionado para cada um dos participantes, alternadamente, para que nenhum se sinta excluído. No entanto, o contacto visual não deverá ser fixo e excessivo, pois poderá incomodar e fazer com que o receptor se possa sentir desconfortável com a interacção. Deste modo, o olhar deverá ser directo mas com alguns desvios descontraídos, de modo a tornar a comunicação mais agradável e tranquila.
A postura corporal, como a posição das costas, podem mostrar o à vontade ou a inibição da pessoa. Uma postura de costas curvadas e o olhar baixo podem revelar o desconforto e a ansiedade da pessoa que comunica. Por outro lado, um discurso emitido de costas direitas e olhar firme pode ser sinal de descontracção. As mãos são também elementos importantes na comunicação. Os gestos que fazemos com elas podem acompanhar e ser coerentes com aquilo que verbalizamos, ou pelo contrário, podem ser incongruentes com o discurso. A expressão facial é igualmente importante como forma de comunicação não verbal. A expressão do nosso rosto pode dar ênfase e acentuar o que estamos a dizer, ou pelo contrário, pode, à semelhança dos gestos das mãos, estar em desacordo com as palavras que emitimos. Se tentarmos por exemplo, dar uma má notícia a alguém com um sorriso no rosto, a mensagem não vai ser clara e o nosso interlocutor irá ter dificuldade em entendê-la no seu todo.
Algumas pessoas, principalmente as crianças, podem apresentar algumas dificuldades ao nível das competências sociais e podem não conseguir identificar as diferentes emoções (tristeza, alegria, nojo, medo…), veiculadas pelas expressões faciais, podendo agir de forma não concordante com essas mesmas emoções. O tom de voz e as suas oscilações podem dar ênfase aquilo que estamos a dizer e pode também ser muito revelador sobre o que estamos a sentir no momento. Se estivermos tristes ou deprimidos, o nosso tom de voz pode ser mais baixo e o ritmo mais lento. Pelo contrário, se estivermos a viver um momento de grande alegria, o tom de voz é tendencialmente mais alto, um ritmo mais rápido e uma forma mais efusiva, podendo as palavras utilizadas, serem idênticas. De um modo geral, uma voz calma e segura, pode atrair mais a atenção do outro e veicular maior credibilidade na mensagem.
Outra forma de comunicar é a aparência pessoal, ou seja, o modo como nos apresentamos, diz também muito sobre o momento da interacção, assumindo maior importância num primeiro encontro. Por exemplo, o modo como nos vestimos, como usamos o cabelo, os acessórios, etc. podem dar indicações acerca de nós e levar o outro a tirar conclusões sobre aspectos que podemos não abordar verbalmente. Por fim, a distância interpessoal mantida entre as pessoas durante a comunicação, é variável consoante a cultura, as normas sociais, o tipo de relação existente, etc. Na cultura portuguesa, podemos definir 4 distâncias a que chamamos zona íntima, zona pessoal, zona social e zona pública. Habitualmente, se a relação entre emissor e receptor for próxima, a distância observada na interacção será menor e pelo contrário, se a relação for distante, maior será a distancia mantida. Quando esta ordem se inverte, a pessoa pode experienciar grande desconforto, quer pela proximidade excessiva numa relação que se pretende ser distante, quer pela distância mantida numa relação de intimidade.