A ansiedade desempenha um papel importante no comportamento humano. Em contexto escolar, a ansiedade dos alunos perante a perspetiva de um teste é um fenómeno particularmente difícil. A ansiedade gerada pela avaliação, quer seja formal ou informal é sempre mais ou menos perturbadora.
Ser avaliado corresponde a uma situação complexa que reúne várias dimensões (cognitiva, emocional, fisiológica e comportamental). Em termos teóricos, a ansiedade de desempenho face a um teste pode assumir duas formas distintas: como traço ou como estado. Enquanto traço, a ansiedade corresponde a uma predisposição psicológica para reagir com o mesmo nível de ansiedade (alto ou baixo) a um conjunto indiscriminado de situações. Enquanto estado (ou sobrecarga) a ansiedade acontece em situações esporádicas, como um exame particularmente difícil ou para o qual o aluno não se sente devidamente preparado.
Pode também decompor-se a ansiedade perante uma avaliação em dois fatores fundamentais: cognitivo e afetivo. O fator cognitivo tem a ver com o modo como o aluno pensa sobre o assunto e revela a sua preocupação. O fator afetivo refere-se às emoções que a situação despoleta. Parece que o componente cognitivo exerce uma influência negativa significativa para o desempenho escolar. Um aluno ansioso está particularmente vulnerável ao contexto que envolve uma avaliação, sentindo-se inseguro e preocupado, com o seu pensamento orientado para possíveis resultados negativos. Assim, a ansiedade perante os testes pode levar a pensamentos intrusivos, que interferem com os processos de atenção necessários à tarefa e que, obviamente, afetam o desempenho.
A ansiedade face às avaliações aparece muitas vezes num quadro da Perturbação de Ansiedade Social, que corresponde ao medo excessivo ou irracional de situações de caráter social, cujas consequências prejudicam a qualidade de vida do indivíduo. O diagnóstico precoce desta perturbação é difícil, porque as suas manifestações iniciais, como a timidez, que ocorrem habitualmente na adolescência, se assemelham às características das tarefas de desenvolvimento específicas dessa etapa da vida.
De um modo geral, a ansiedade é um problema quando na preparação para a avaliação, o aluno pensa sobre a possibilidade da matéria que pior domina, poder sair no teste. Outro fator que pode desencadear este tipo de ansiedade é lembrar-se de outras situações em que os testes não correram bem ou pôr em causa os conhecimentos que tem acerca da matéria. Por outro lado, ter a cabeça ocupada a pensar noutras tarefas que têm por fazer pode também não o ajudar.
Durante o teste, a ansiedade pode manifestar-se de diversas formas, como o desconforto físico (ex. dores de cabeça, dores de barriga), os esquecimentos súbitos, os sentimentos de incompetência ou até mesmo a decisão de não fazer o teste e entregar em branco. Como estratégias para lidarem com o problema, os alunos ansiosos podem preparar o teste com antecedência, fazer um plano de estudo com um horário detalhado que contemple toda a matéria e com metas exequíveis, fazer resumos ou exercícios similares aos que serão pedidos no teste, estudar num ambiente tranquilo e confortável, ter uma alimentação adequada e respeitar o tempo de sono. Por outro lado é muito importante que tenham expectativas realistas. Também ajuda terem uma atitude positiva, ou seja, pensarem que vão conseguir, que o teste vai correr bem.
Quando a ansiedade assume uma proporção tal que impede o desempenho e o aluno não consegue lidar com as situações de uma forma adequada, então deverá procurar ajuda psicológica. A par de uma ansiedade severa, poderá estar um problema de autoestima e autoconfiança que interferem com o bem-estar do jovem e com o seu desempenho escolar. Quer o traço de ansiedade, quer o estado de ansiedade podem ser trabalhados através do ensino e treino de estratégias cognitivas e comportamentais, no sentido de a reduzir. O ensino e treino de técnicas de estudo, bem como a monitorização da sua eficácia, pode ser mais um aliado para o sucesso escolar dos jovens alunos.