O desejo de saber e a capacidade para aprender são inatos no ser humano. Os bebés começam desde os primeiros dias de vida, a utilizar as suas capacidades motoras, percetuais e sensoriais, para exercerem influência sobre os outros e sobre tudo o que os rodeia. É assim que identificam e compreendem os contextos onde se inserem, desenvolvendo as suas competências físicas, cognitivas e sociais.
Por volta dos 4 anos, as crianças entram na “idade dos porquês,” que não é mais do que a exploração da sua curiosidade, do seu desejo de saber. Ao entrar para a escola, todo um novo mundo se abre às crianças. Mas será que a escola dos dias de hoje, mata, aproveita ou incentiva o desejo de saber das crianças dos nossos dias? Supostamente a escola é uma fonte privilegiada de informação, onde as crianças têm acesso ao conhecimento e onde se dá um importante processo de aprendizagem. Os professores são os grandes atores deste teatro de aprendizagens, mas também os pares e todas as experiências que decorrem em contexto escolar, são efetivamente aprendizagens. No entanto, sem vontade não se aprende, não há conhecimento. A motivação da criança é o elemento chave para que ela apreenda a informação, a assimile e a transforme em conhecimento. E se por um lado o professor é o veículo mais evidente de fornecimento de informação, por outro lado pode não ser suficiente. O aluno não está dependente da informação que o professor possui, há muitas outras formas de obtenção de informação.
A escola e os professores, deverão agir no sentido de suscitar a curiosidade dos seus alunos, de os orientar na busca autónoma da informação, das mais diversas formas (família, livros, meios de comunicação…). Outro fator com enorme relevância na aprendizagem, prende-se com a relação emocional que o aluno estabelece em contexto escolar, principalmente com os professores. Uma das dimensões da nobre tarefa de se ser professor, é construir uma relação emocional positiva com os alunos. Aprende-se melhor com quem se gosta. Uma boa e recíproca relação emocional é necessária para que a aprendizagem se dê. E o que significa então essa relação emocional positiva, como se estabelece? Um dos desafios da escola dos dias de hoje, é trabalhar no sentido da inclusão e da aceitação da diferença. As crianças têm obviamente muitas características em comum, pelo facto de serem crianças, claro, mas também têm as suas singularidades, pois são seres em desenvolvimento que habitam contextos familiares diversos, têm diferentes influências genéticas e diferentes hábitos socioculturais. Assim, a escola deve promover a compreensão da diversidade ao invés de assumir uma postura de homogeneização, com a qual pouco se aprende.
Com um ambiente escolar compreensivo, integrativo e promotor da procura de informação, os alunos tenderão a aprender pela vontade de saber e pelo crescimento que o conhecimento lhes proporciona, e não por motivos perversos, como para agradar aos pais, para conseguirem ter acesso à universidade ou simplesmente para serem melhores do que os outros. A aprendizagem não deve ser pautada pela utilidade mas sim pelo prazer. Os conteúdos a aprender não estão confinados à sala de aula, estão também dispersos pelo mundo. As experiências enriquecedoras não têm apenas a ver com o trabalho da mente em sala de aula, passam também pelo vivenciar e pelo sentir o que o mundo tem para oferecer. Cabe aos pais e cuidadores providenciarem a possibilidade de oferecer às suas crianças, experiencias ricas de atividades lúdicas, mas que ao mesmo tempo promovam o contacto com a diversidade contextual, cultural, emocional e social. no sentido de abrirem os horizontes das crianças e torna-las mais curiosas, mais interessadas e mais despertas para o saber.