Quando os filhos “ganham asas”…

Alguns pais vêm os seus filhos como eternas crianças, dependentes de si. A perspetiva de os verem um dia sair de casa pode ser um tormento para muitos. Deixar “voar o passarinho” pode não ser fácil para algumas pessoas e obriga a alguns desafios. No entanto, é necessário aprender a lidar com a situação de autonomia e independência das novas gerações.

Em psicologia, o modo como alguns pais reagem de forma negativa à saída dos seus filhos de casa, denomina-se como “síndrome do ninho vazio”. Esta síndrome corresponde ao sofrimento emocional pelo qual alguns pais passam e que por vezes é bastante perturbador do seu funcionamento.  Perante a inevitabilidade dos jovens se tornarem independentes e por mais ligados que os pais estejam, lidar com essa situação vai ser também inevitável. Em alguns casos, os pais não possuem as ferramentas necessárias para ultrapassarem esta fase de forma adaptativa, podendo para isso recorrer a um psicólogo, no sentido de encontrarem em conjunto os recursos internos e/ou externos que cada um tem ao seu dispor. A fragilidade emocional pode levar por vezes à sensação de abandono, de solidão e de vazio, que pode conduzir a situações de depressão, de maior ou menor gravidade…

A saída dos filhos de casa dos pais dá origem a uma mudança na estrutura familiar, nas rotinas e na organização do dia-a-dia da família. A casa fica mais vazia, mais silenciosa e a adaptação a uma nova realidade é necessária e fundamental para o bem-estar dos pais que algumas vezes já apresentam algumas fragilidades, por exemplo, ao nível da saúde ou da autonomia. Porém, por mais difícil que possa ser, o primeiro passo para lidarem com a situação é a aceitação. Os pais devem procurar aceitar que a saída dos filhos de casa é uma fase normativa pois faz parte do percurso natural da vida. Apesar da aceitação, é perfeitamente natural que nos primeiros dias ou semanas haja uma sensação de vazio, alguma tristeza, preocupação e um pensamento muito focado na ausência dos filhos. É a saudade. Em circunstâncias normais, esta sensação tende a desaparecer à medida que o tempo vai passando e que novas rotinas vão sendo incorporadas. É a adaptação.

 Então e nos casos mais complexos, em que os pais apresentam maior resistência à ideia da saída dos filhos, ou que perante o facto consumado, apresentam grande disfunção e sofrimento emocional? Em primeiro lugar recomenda-se aos pais que se preparem para a saída dos filhos de casa e que se prepararem para deixar que o processo aconteça de forma gradual. Para isso, poderá se possível combinar com o seu filho, para que a mudança seja feita por partes, de modo a tornar mais fácil o processo de transição. Em vez de sair de um dia para o outro, optar por fazer uma saída gradual pode ajudar tanto pais como filhos a adaptarem-se a uma nova realidade. Não sendo possível, se o jovem se vai mudar para mais longe e a mudança tem que ser feita de uma vez, podem escolher ir alterando antecipadamente algumas rotinas, de forma gradual, até ao dia efetivo da mudança. Iniciar novas atividades e adquirir novos hábitos pode ajudar os pais a lidarem com a posterior ausência dos filhos. Fomentar a autonomia dos filhos e delegar-lhes algumas tarefas, será também uma forma de todos se irem adaptando à situação futura.

Por outro lado, os pais deverão respeitar o direito à individualidade, autonomia e independência dos filhos, e entender que tudo isso é desejável e necessário para a sua felicidade e para o seu desenvolvimento neste início da vida adulta. É também muito importante que os pais procurem ocupar o seu tempo, principalmente se estiverem numa situação em que a atividade laboral já tenha cessado e se não tiverem outros dependentes.  Um trabalho a meio tempo, o voluntariado, voltar a estudar, aprender a tocar um instrumento, jardinagem, aulas de ginástica ou dança, são apenas alguns exemplos de atividades possíveis que podem além de serem muito prazerosas, trazer um novo propósito às suas vidas.

Por fim, se a situação estiver a causar um grande sofrimento emocional e a sair do seu controlo, os pais poderão contar com a ajuda de um psicólogo. Este profissional de saúde tem as competências necessárias para os apoiar e ajudar a ultrapassar essa fase, evitando um sofrimento desnecessário e potenciando a qualidade de vida e a harmonia familiar.

Peça ajuda, procure a Sua Psicóloga!

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