
Apesar das crianças, desde o seu nascimento, partilharem padrões comuns de desenvolvimento, revelam temperamentos e comportamentos diferentes, que são o reflexo das influências inatas e ambientais. A partir da infância, o desenvolvimento da personalidade está fortemente entrançado com os relacionamentos sociais e as emoções a estes associadas.
O desenvolvimento psicossocial na primeira infância é feito por etapas. Até aos 3 meses, as crianças estão abertas à estimulação dos outros, começando a revelar curiosidade e interesse pelas pessoas e os primeiros sorrisos aparecem durante as interações. Entre os 3 e os 6 meses, as crianças conseguem de certo modo antecipar algumas reações e comportamentos dos outros e até revelar algum desapontamento se as suas expectativas não são concretizadas. Para demonstrar o seu desapontamento, as crianças choram e agitam-se, revelando assim as suas emoções. Por outro lado, se contentes, riem e palram frequentemente. Entre a criança e principalmente as figuras parentais, há reciprocidade, revelando um certo “despertar social”.

Até aproximadamente aos 9 meses, a criança aprende a envolver-se em “jogos sociais”, procurando obter respostas e reações dos outros. Interagem com outras crianças procurando respostas. Nesta fase do desenvolvimento, as crianças exprimem as suas emoções de forma diferenciada, conseguindo revelar alegria, surpresa, medo ou raiva. Dos 9 aos 12 meses, a criança preocupa-se especialmente com a sua figura parental principal e pode começar a apresentar medo dos estranhos, bem como alguma dificuldade em lidar com situações novas, revelando desânimo. Ao aproximarem-se do ano de idade, as crianças começam a comunicar com maior clareza as suas vontades e emoções, revelando diferentes estados de humor, ambivalência e uma escala de emoções.

As crianças entre os 12 e os 18 meses exploram o seu ambiente com a segurança transmitida pelas suas figuras de vinculação e que lhes proporcionam uma base segura. Aventurando-se cada vez mais, a criança vai dominando o ambiente, tornando-se cada vez mais confiante. Por vezes, as crianças até aos 3 anos revelam reações de ansiedade quando percebem que têm que se separar das figuras parentais. Através do jogo, da fantasia e da sua identificação com os adultos, a criança vai tomando consciência das suas limitações, ou seja, vai-se apercebendo de que a sua existência é separada das outras pessoas. Os sentimentos subjetivos aos quais chamamos emoções e que emergem em resposta às diversas situações e experiencias, são expressas pelas crianças através de alterações do comportamento. Interações sociais, emoções e comportamentos estão assim intimamente ligados, sendo estes a principal forma de expressão emocional das crianças na primeira infância, uma vez que a expressão verbal pode ser ainda limitada.

O choro é por excelência o modo como a criança pequena expressa as suas emoções e comunica as suas necessidades. Os cuidadores, cedo aprendem a diferenciar o choro dos seus bebés, isto é, conseguem diferenciar se o bebé chora por ter fome, sono, mimo ou dor. Por outro lado, o riso é outra forma poderosa de expressão emocional. O sorriso da criança é irresistível e contagiante. Quando uma criança sorri provoca no adulto a mesma resposta e ao obtê-la, a criança expande ainda mais o seu sorriso. Entre choro e riso, a criança revela o seu temperamento. Este pode ser descrito como o estilo de abordagem que caracteriza cada indivíduo quando este reage a outras pessoas ou situações. O temperamento não é o que a criança faz em resposta a algo mas sim o modo como responde a algo. Por vezes, pode ser difícil para os pais e cuidadores lidarem com temperamentos mais complicados, os chamados “bebés difíceis”. Para estes é necessário desenvolver estratégias educativas para que as relações pais-filhos sejam o mais harmoniosas possível e o desenvolvimento infantil seja tranquilo e feliz.
