
Segundo Selye (1976) o stresse é um conjunto de respostas fisiológicas adaptativas que mobilizam o organismo para a ação. Considera-se que o stresse é um processo de adaptação e não propriamente uma doença, embora a exposição repetida a fatores causadores de stresse possa levar a um estado patológico pelo desgaste que provoca no indivíduo.
Existem vários tipos de stressores. Podem ser internos (representação mental ou memória) ou externos (viver uma situação). O indivíduo reage aos fatores causadores de stresse através da resposta emocional (ex. ansiedade ou medo), da resposta fisiológica (ex. roer as unhas), das respostas comportamentais (ex. agitação motora) ou as respostas cognitivas(ex. o pessimismo ou a dificuldade em tomar decisões). O stresse tem habitualmente no indivíduo consequências muito negativas. No entanto, também pode ser positivo pois leva-o à ação. Sendo muitas vezes inevitável, pois está presente nas situações do dia-a-dia, o stresse é também de certo modo desejável na medida em que funciona como o motor que nos conduz à resolução dos problemas. Pode ser a oportunidade de adquirirmos competências práticas e de nos tornarmos capazes.

Perante o mesmo fator indutor de stresse, cada indivíduo age de forma diferente, sendo que uns têm tendência a minimizar os custos da situação e torna-la irrelevante e outros tendem a agudizar a situação, tornando-a ainda mais ameaçadora. É o significado que cada um de nós atribui a algo, com base na nossa avaliação e nos nossos recursos, que vamos determinar as reações de stresse. Segundo o modelo de avaliação cognitiva de Lazarus e Falkman, uma situação é geradora de stresse quando é potencialmente prejudicial e caso o indivíduo considera que os seus recursos são insuficientes para gerir o resultado aversivo ( Stroebe & Stroebe, 1995). Uma situação indutora de stresse, é toda aquela em que a relação estabelecida entre o indivíduo e o meio ambiente é avaliada como excedendo os seus recursos, prejudicando por isso o seu bem-estar.

À estratégia utilizada para repor o equilíbrio homeostático após uma situação de stresse dá-se o nome de coping. As estratégias de coping visam a regulação das emoções, a negação e/ou evitamento, ou a resolução de problemas. Estas estratégias são as que tendencialmente têm maior eficácia nos casos em que o fator causador de stresse pode ser controlado pelo indivíduo. A regulação de sintomas pode ser funcional quando o stressor não é controlável, sendo neste caso a autorregulação a melhor forma de lidar com o problema. Em relação à negação e evitamento, consideram-se a forma menos eficaz de coping se bem que em alguns casos pode servir para se ganhar tempo e posteriormente adotar uma estratégia mais direcionada para o problema em questão.

Como já foi referido no início, o stresse pode ter um impacto direto na saúde mental, na medida em que a perceção de falta de controlo pode levar a estados de ansiedade e/ou depressão. Também o estado de saúde física pode ser afetado pelo stresse, repercutindo-se na degradação do bem-estar e da qualidade de vida do indivíduo. Dentro das perturbações patológicas causadas por ação do stresse, podemos destacar as perturbações do foro digestivo, as infeções, a doença coronária ou até mesmo o cancro. É ainda de referir as queixas psicossomáticas, em que o indivíduo por má gestão emocional manifesta queixas a nível físico para as quais não se encontra uma causa orgânica.

Até agora foi referido essencialmente o distress, isto é, a dimensão negativa e prejudicial do stresse. Porém, ao contrário do que habitualmente se pensa, o stresse não é sempre negativo. É consenso entre psicólogos e outros profissionais que se dedicam a este tema, a divisão do stresse em mau e bom, respetivamente distress e eustress. Denominamos de eustress, o bom stresse, a capacidade que o ser humano tem para realizar uma ação necessária. Este é natural do organismo e é graças a ele que o indivíduo mantém a motivação, sendo encarado como afeto positivo e a esperança.

Chamamos savoring às estratégias que utilizamos para sentir, prolongar, regular, manipular e manter as emoções positivas – o eustress. Estas conduzem-nos ao bem-estar, à boa saúde física e mental, ao bom desempenho profissional e à satisfação com as relações interpessoais. É um modelo que nos conduz ao impulso para a ação, para a auto-eficácia, às emoções pró-sociais e à serenidade. Uma das principais estratégias de savoring é a partilha de acontecimentos positivos com os outros o que vai levar ao aumento do bem-estar e da satisfação com a vida.