
A Perturbação Desafiante de Oposição (PDO) enquadra-se nas Perturbações Disruptivas do Controlo dos Impulsos e do Comportamento e constitui um problema que tem vindo a crescer e a preocupar cada vez mais as famílias, profissionais de saúde e do ensino, bem como a sociedade em geral, não só pela sua prevalência mas também pelo impacto que pode ter no desenvolvimento da criança e na sua relação com os outros, nos vários contextos da sua vida.
A POD caracteriza-se pela presença de um padrão persistente de comportamentos conflituosos e desafiantes, humor irritável, atitudes rancorosas e vingativas, desobediência e hostilidade, particularmente perante as figuras de autoridade (e. g. pais, outros cuidadores e professores). Trata-se de uma perturbação psicológica algo comum na criança e no adolescente, que pode uma forma bastante significativa, influenciar e condicionar negativamente o seu percurso, nos vários contextos das suas vidas.

A frequente perda do controlo dos impulsos, os sentimentos de raiva e ressentimento, as discussões com adultos ou dentro do grupo de pares, o culpar os outros pelos seus próprios erros e o incumprimento de regras, são exemplos de comportamentos típicos desta perturbação, que podem ter um impacto muito negativo nas diferentes áreas funcionais da criança ou do adolescente. Por vezes estes comportamentos podem observar-se apenas num contexto casa ou escola, sendo neste caso a perturbação considerada de menor gravidade comparativamente aos casos em que os comportamentos desafiantes se apresentam de forma global, ou seja, nos diversos contextos de vida da criança.

Muitos dos comportamentos descritos ocorrem em relações de fratria, o que é até certo ponto normativo. Porém, para que se possa chegar ao diagnóstico correto, a avaliação da criança deverá incluir a observação da sua interação com outras pessoas. Uma vez que as birras são comuns nas crianças em idade pré-escolar, torna-se necessário estabelecer muito bem o limiar de diagnóstico, sendo a frequência e a intensidade dos comportamentos, assim como o grau em que estes afetam o dia-a-dia da criança e da família, critérios muito importantes.

As causas do desenvolvimento da POD não estão completamente esclarecidas, porém, parecem resultar de uma complexa combinação de fatores biológicos, psicológicos e ambientais. Características temperamentais como a baixa resistência à frustração ou a dificuldade na regulação das emoções, podem ser preditivas do desenvolvimento desta perturbação. O estilo de educação muito severo ou pelo contrário, permissivo ou inconsistente, poderão também ter um papel influenciador neste tipo de perturbação. Em termos de prevalência, estima-se que varie entre o 1% e os 11%, no entanto é variável consoante a idade e o género, sendo mais frequente no género masculino.

Os sintomas da POD surgem habitualmente em idade pré-escolar e muito raramente na adolescência. A sua comorbilidade com outras perturbações comportamentais ou do desenvolvimento é frequente (e. g. Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção) assim como também não é rara a associação da POD com o aparecimento de problemas de ansiedade ou depressão. As crianças ou adolescentes com PDO têm maior probabilidade de virem a desenvolver problemas de ajustamento na idade adulta (e. g. comportamento antissocial, abuso de substâncias, etc.) o que os pode conduzir a comportamentos delinquentes.

A abordagem terapêutica deverá ser multidisciplinar e combinar a intervenção psicológica baseada na terapia cognitivo-comportamental, com estratégias de psicoeducação e intervenção parental. Por vezes e devido às outras perturbações existentes, a intervenção farmacológica pode ser necessária. Em termos de prognóstico, este pode ser favorável para muitos indivíduos, sobretudo para aqueles a quem lhes é facultada uma intervenção precoce.

Fonte:
DSM-V – Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (Quinta edição) de American Pshychiatric Association.