A Importância Psicológica do Dia da Mãe

O Dia da Mãe é, para muitos, uma data carregada de afetos, memórias e gratidão. Celebrado em Portugal no primeiro domingo de maio, este dia presta homenagem à figura materna — símbolo de cuidado, proteção e amor incondicional. No entanto, do ponto de vista psicológico, a maternidade (e a relação com a mãe) é um tema bem mais complexo e profundo do que o gesto de oferecer flores ou um cartão.

Desde cedo, a mãe — ou a figura cuidadora principal — desempenha um papel central no desenvolvimento emocional da criança. A teoria do apego, desenvolvida por John Bowlby, sublinha a importância das primeiras relações na construção da segurança emocional e da capacidade de estabelecer vínculos saudáveis ao longo da vida. Um apego seguro com a mãe está associado a uma maior autoestima, melhor regulação emocional e relações interpessoais mais estáveis.

Por outro lado, quando há ausência, negligência ou uma relação marcada por insegurança, podem surgir dificuldades emocionais que perduram na idade adulta. Isto não significa que uma mãe precise de ser perfeita — a psicóloga britânica D. W. Winnicott introduziu o conceito de “mãe suficientemente boa”, referindo-se àquela que, embora com falhas humanas, é capaz de responder de forma consistente e sensível às necessidades do filho, ajudando-o a crescer com confiança no mundo e em si mesmo.

Do ponto de vista da mãe, a maternidade também traz transformações profundas. O nascimento de um filho marca o início de uma nova identidade e exige um reajuste emocional, relacional e muitas vezes profissional. O ideal de “mãe perfeita” promovido por certas visões culturais e redes sociais pode gerar sentimentos de culpa, ansiedade ou frustração, sobretudo quando a realidade se revela mais dura do que o esperado. É importante normalizar a ambivalência emocional materna — é perfeitamente humano amar intensamente um filho e, ao mesmo tempo, sentir-se exausta, frustrada ou sobrecarregada.

Neste sentido, o Dia da Mãe pode e deve ser um momento não apenas de celebração, mas também de reflexão. É uma oportunidade para reconhecer o esforço emocional e físico envolvido na maternidade, validar as diferentes formas de ser mãe e dar espaço às emoções contraditórias que esta experiência pode trazer. Para muitos, este dia também pode ser difícil — para quem perdeu a mãe, para quem não tem uma relação saudável com ela ou para quem desejava ser mãe e não conseguiu. É fundamental que, enquanto sociedade, possamos falar destas realidades com empatia e sem julgamento.

A psicologia ajuda-nos a compreender que a maternidade é uma vivência complexa, rica em desafios e emoções. Celebrar o Dia da Mãe é reconhecer essa complexidade — não apenas idealizar, mas acolher a mulher real por detrás do papel. Parabéns a todas as Mães e a todas as mulheres, que sendo ou não mães, fizeram com que uma mulher se tornasse Mãe, a sua Mãe!

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