O início de um novo ano letivo é, para muitos jovens, um período de expetativa e de renovação, mas também um momento marcado por ansiedade de desempenho. Do ponto de vista psicológico, este tipo de ansiedade surge quando a pessoa sente que o seu valor depende de resultados, temendo falhar perante os outros ou perante si própria. A transição para um novo ciclo de estudos, seja no ensino secundário ou universitário, intensifica este fenómeno: há novas rotinas, metas académicas mais exigentes e comparações inevitáveis com colegas.
Nos estudantes universitários, a ansiedade de desempenho manifesta-se frequentemente através da pressão para corresponder ao investimento financeiro e emocional da família e para construir um currículo competitivo. As primeiras semanas do ano letivo trazem desafios como a adaptação a uma maior autonomia, a gestão de horários mais complexos e a convivência em novos contextos sociais. Muitos jovens enfrentam receios de não estarem à altura das expectativas, o que pode provocar sintomas como insónia, tensão muscular, dificuldade de concentração e pensamentos autocríticos. Quando não acompanhada, esta ansiedade pode levar a procrastinação ou a evitamento, reforçando um ciclo de stresse.
O divórcio representa uma das experiências de vida mais desafiantes e emocionalmente exigentes que uma pessoa pode enfrentar. No caso das mulheres, especialmente em contextos socioculturais onde o casamento ainda é encarado como um dos pilares da identidade feminina, o divórcio pode ser vivido não apenas como uma rutura relacional, mas também como uma crise existencial. A solidão que muitas mulheres divorciadas sentem não se limita à ausência de um companheiro, ela é, frequentemente, mais profunda, refletindo um sentimento de desenraizamento, perda de pertença e até desvalorização pessoal.
Do ponto de vista psicológico, a solidão pode ser definida como a perceção subjetiva de isolamento ou de desconexão emocional face aos outros. No caso das mulheres divorciadas, esta perceção pode ser amplificada por diversos fatores. Em primeiro lugar, há frequentemente uma quebra nas rotinas sociais partilhadas durante o casamento, como jantares com amigos em comum ou alguns eventos familiares, levando à redução dos círculos sociais. Além disso, o estigma social ainda presente em certas comunidades, pode fazer com que estas mulheres se sintam marginalizadas ou julgadas, o que pode reforçar sentimentos de exclusão.
A psicologia tem desempenhado um papel crucial no entendimento e na promoção do desenvolvimento pessoal, oferecendo ferramentas e abordagens baseadas na evidência para facilitar o crescimento individual. O desenvolvimento pessoal refere-se ao processo contínuo de autoaperfeiçoamento em várias áreas da vida, incluindo o desenvolvimento de competências emocionais, cognitivas e sociais. Este processo é frequentemente mediado por fatores psicológicos, como a motivação, a autorreflexão e a resiliência.
De acordo com Ryan e Deci (2000), a Teoria da Autodeterminação sugere que o crescimento pessoal está intrinsecamente ligado à satisfação de três necessidades psicológicas básicas: autonomia, competência e relação. A autonomia refere-se à capacidade de tomar decisões alinhadas com os valores e objetivos do indivíduo; a competência, relaciona-se com a sensação de eficácia ao realizar tarefas; e a relação tem a ver com o estabelecimento de conexões significativas com os outros. Quando essas três necessidades são atendidas, as pessoas tendem a experimentar maior bem-estar e motivação intrínseca para crescerem.
A autoestima tem um papel fulcral no bem-estar emocional e na saúde mental dos indivíduos. Em psicologia, prioriza-se a compreensão do que é a autoestima e os seus pilares fundamentais, bem como se procura promover o seu fortalecimento, no sentido de potenciar um maior equilíbrio emocional e aumentar a satisfação com a vida.
Podemos entender a autoestima como a avaliação subjetiva que cada indivíduo faz de si próprio, isto é, a forma como se valoriza e se sente digno. A autoestima vai-se construindo ao longo da vida, sendo influenciada por experiências passadas, pelas relações com os outros, pelos sucessos e conquistas pessoais, mas também por acontecimentos negativos e pela forma como cada indivíduo lida com esses acontecimentos. Compreender a autoestima é reconhecer que ela não é uma entidade estática, é um processo dinâmico que se altera e evolui ao longo do ciclo de vida.
Ao atingir a puberdade, as crianças experienciam grandes e rápidas mudanças físicas, emocionais e sexuais, sobre as quais não têm controlo. Estas mudanças requerem uma adaptação e uma compreensão, sendo por vezes difícil ao adolescente lidar com o seu corpo e com os seus pensamentos, o que pode conduzi-lo a sentimentos de ansiedade ou ao isolamento social.
Perante questões como “será normal a minha aparência’” ou “o que é que os outros pensam de mim?”, o adolescente toma consciência de si mesmo, mas também pode sentir alguma angústia pela inevitabilidade das mudanças com as quais está a ter que lidar, sem que por vezes esteja preparado para tal. É relativamente comum que a segurança e as certezas da infância desapareçam, dando lugar á dúvida e à ansiedade. Estes sentimentos são normativos, desde que o jovem consiga manter a sua funcionalidade e aos poucos se vá adaptando a um novo corpo, a um novo modo de estar, de pensar e de sentir. No entanto, alguns adolescentes, pelas suas características individuais, demoram mais tempo a fazer essa adaptação, por vezes com custos elevados para o seu bem-estar pessoal, familiar e relacional.
A transição do ensino secundário para o ensino superior pressupõe uma série de alterações na vida dos jovens estudantes. As suas características pessoais e as exigências inerentes ao contexto académico, como a exposição a outras realidades e culturas, a saída de casa dos pais e a necessidade de maior autonomia, implicam mudanças que podem configurar o aparecimento de algumas dificuldades.
Os estudantes universitários veem-se obrigados a desenvolver mecanismos adaptativos resultantes dos diferentes graus de autonomia e de maturidade. Novas responsabilidades como a gestão de um orçamento, do aluguer de uma casa ou quarto, a sua limpeza e manutenção, a aquisição e confeção das refeições, as alterações às rotinas habituais, os novos papéis e as novas relações e até mesmo a flexibilidade de regras o ensino superior, são fatores que exigem dos jovens uma maior capacidade de fazerem escolhas, tomarem decisões e resolverem problemas.
A vida académica tem novos desafios aos quais os jovens estudantes vão ter que se adaptar. A complexidade de algumas matérias, a exigência dos trabalhos e exames, as descobertas inerentes aos novos relacionamentos, como a sexualidade, o consumo de álcool, são exemplo de alguns aspetos por vezes adversos e que podem gerar ansiedade, no entanto, também poderão contribuir de forma positiva para o desenvolvimento psicossocial e criativo dos jovens universitários.
A maioria dos alunos que ingressa no ensino superior tem expectativas positivas em relação à experiência académica e às experiencias sociais inerentes. Porém, nem sempre a realidade corresponde às espectativas construídas ao longo dos últimos anos do ensino secundário. Este “desajuste” das espectativas manifesta-se tendencialmente durante o primeiro ano de faculdade, e por conseguinte, são por vezes sentidas maiores dificuldades de adaptação e menor desempenho académico.
No final da adolescência os alunos possuem uma personalidade em construção, influenciam e são influenciados pelos grupos em que se inserem de forma recíproca. O ingresso no ensino superior vai oferecer-lhes um contexto experimentalmente estimulante, novos padrões de interação psicossocial e atividades curriculares e extracurriculares que preparam os alunos para a vida ativa, expressa pelas mudanças na sua dimensão pessoal e interpessoal ao longo do percurso académico.
Embora requeira um período de adaptação e alguns obstáculos a enfrentar, a maioria dos jovens que ingressa no ensino superior, leva a cabo com sucesso o seu percurso académico. Se este período de adaptação for demasiado exigente para os recursos emocionais do jovem, o acompanhamento psicológico poderá ser um benefício importante a considerar, tendo em vista não só o sucesso académico mas também o equilíbrio e bem-estar do jovem!
Uma das principais fontes de stresse é o dinheiro, tanto para os mais jovens como para os mais velhos. No entanto, na atual conjuntura socioeconómica e perante a crise mundial, os jovens parecem ser dos mais afetados pela ansiedade financeira, uma vez que são cada vez mais incertas as perspetivas de futuro.
A ansiedade financeira corresponde ao sentimento de preocupação, receio ou desconforto no que diz respeito às finanças pessoais (OPP). Os jovens que estão num período de transição para a idade adulta, tendem a sofrer deste tipo específico de ansiedade, perante as dificuldades que anteveem na aquisição da sua autonomia, devido à precariedade de emprego e aos baixos salários que se praticam no nosso país. Planear o futuro é uma tarefa cada vez mais complexa e geradora de stresse, que pode conduzir os jovens a sentimentos de ansiedade, irritabilidade, insegurança ou tristeza, e que vão interferir com as suas atividades diárias, podendo comprometer, por exemplo, as suas relações sociais.
Filhos a dormir no meio dos pais, mães ou pais a dormir na cama com o filho, o pai a dormir no sofá da sala porque o filho dorme com a mãe, a mãe a dormir na cama de um filho e o pai na cama com o outro… tantas possibilidades de cenários e tão reais e até frequentes.
Vários são os argumentos utilizados pelos pais para justificarem algumas destas situações. “Se eu não for para a cama dele, ele não dorme”, “se não a deixar aconchegar-se no meio de nós ela passa a noite a acordar e ninguém tem sossego”, “eu deixo-o dormir comigo porque também gosto desse miminho” ou “é uma boa maneira de não ter que dormir com o meu marido”. São todos argumentos possíveis, e eu já os ouvi a todos! Geralmente aconselha-se que a criança durma sozinha, se possível a partir dos seis meses de vida, de preferência no seu próprio quarto, no sentido de favorecer a sua capacidade de estar só e de promover o desenvolvimento da sua autonomia.
A situação de filhos a dormirem com os pais pode arrastar-se ao longo de muitos anos e o impacto que esse facto tem na vida das crianças e dos casais pode ser muito perturbador. Por vezes tudo começa com apenas uns minutos para que a criança adormeça, que depois se estendem por mais tempo e se repete por uns dias, semanas e por vezes anos. Acontece também o pai ou a mãe trocarem de forma definitiva a sua cama pela cama do filho, ou o contrário, o filho permanece na cama dos pais, expulsando definitivamente um dos progenitores do seu lugar. A duração deste comportamento, quando prolongada, tende a ser banalizada pelos intervenientes e as consequências podem ser de grande gravidade, não apenas na perspetiva do desenvolvimento da criança, mas também na ameaça que o referido comportamento constitui para a intimidade do casal e para a saúde e qualidade da sua relação.
As crianças devem para o seu próprio bem, adquirir autonomia em relação ao momento do sono nos primeiros anos de vida, de modo a potenciarem o seu adequado desenvolvimento e a tornarem-se adultos autónomos e saudáveis. Adormecer por rotina na cama dos pais não é uma prática adequada. Numa situação de exceção pode ser compreendido mas só mesmo excecionalmente. Se a criança está doente, se está a ultrapassar um momento particularmente difícil, se está num contexto diferente, poderão ser motivos para que se abra a tal exceção mas logo que a situação regularize as rotinas que envolvem o deitar e o dormir deverão também elas ser reestabelecidas.
Na origem destes hábitos menos recomendáveis está por vezes a dificuldade que alguns pais têm em estabelecer regras e limites, e em fazê-los cumprir. Definir um horário regular para deitar a criança é recomendável. Deverá ser explicada à criança a importância do dormir. Dormir faz bem porque descansa o corpo e o cérebro. As células regeneram-se com maior rapidez durante o sono. A criança vai crescer e desenvolver-se também enquanto dorme. Dormir bem faz com que se cresça bem. Uma cabeça bem descansada terá melhor capacidade de atenção, concentração e aprendizagem, logo, uma boa noite de sono promove um dia de escola mais produtivo. Se dormirem bem e o suficiente (cerca de 9 a 10 horas/noite em idade escolar) as crianças também vão brincar mais, ficam mais despertas e curiosas para as aprendizagens informais e mais predispostas para as relações sociais.
Por outro lado, alguns pais acham que dormindo com os filhos os estão a proteger. Certo é, que o excesso de proteção pode levar a que a criança se torne insegura, dependente e ansiosa e carregar esse fardo ao longo da sua vida adulta. Proteger significa salvaguardar que a criança está num ambiente confortável, seguro e que reúne todas as condições necessárias a um sono descansado (conforto, temperatura, ausência de ruído, etc.). O afeto, tão importante para o desenvolvimento psicossocial de todas as crianças, deve ser também contemplado na hora de deitar. Acompanhar a criança ao quarto, aconchegar-lhe a roupa, contar uma história, falar um pouco acerca dos acontecimentos do dia, completados com uma dose “terapêutica” de beijinhos e abraços, seguidos de um boa noite e até amanhã, são exemplos de boas práticas de final de dia.
Quando um casal tem problemas que se refletem na partilha da cama, por vezes “utilizam” o filho como justificação para se manterem afastados. Colocar o filho a dormir entre os dois ou por outro lado, passar a ir dormir no quarto com o filho, são práticas muito mais comuns do que o que seria desejável, com tudo o que isso implica para o relacionamento do casal, quase sempre jovem, e das implicações para o desenvolvimento da criança, já sobejamente conhecidas. Havendo dificuldades no seu relacionamento, um casal deverá sempre procurar resolvê-las sem que isso envolva dormir com os filhos.
São várias as estratégias a adotar para que as crianças adquiram hábitos de sono saudáveis desde tenra idade. Preparar um quarto para criança ou uma cama num quarto que irá partilhar com um irmão, é o que se aconselha para que a criança conheça e se habitue ao seu espaço de descanso. É importante que se crie o hábito de por a criança a dormir na sua própria cama em idade precoce (4 a 6 meses) pois facilita o processo de adaptação. A criança vai saber que aquele é o seu lugar para dormir e vai mais facilmente aceitar essa regra. Quanto mais coerência e menos exceções houverem, mais facilmente a criança se vai habituar a dormir na sua cama. Por outro lado, pode também ser muito útil a preparação da rotina de dormir, ou seja, poderá prevenir interrupções do sono durante a noite se a criança se deitar após a digestão, se forem evitadas refeições muito fartas ou atividades físicas muito estimulantes. A ingestão de líquidos a partir das 18 horas deverá ser moderada para evitar que a criança urine muito durante a noite e interrompa o sono.
Se o problema está instalado e não está a conseguir tirar o seu filho da sua cama, procure a ajuda da Sua Psicóloga. Ela poderá avaliar devidamente a situação e ensinar-lhe outras estratégias, que poderão fazer toda a diferença para que as noites em sua casa sejam mais tranquilas e felizes!
Alguns pais vêm os seus filhos como eternas crianças, dependentes de si. A perspetiva de os verem um dia sair de casa pode ser um tormento para muitos. Deixar “voar o passarinho” pode não ser fácil para algumas pessoas e obriga a alguns desafios. No entanto, é necessário aprender a lidar com a situação de autonomia e independência das novas gerações.
Em psicologia, o modo como alguns pais reagem de forma negativa à saída dos seus filhos de casa, denomina-se como “síndrome do ninho vazio”. Esta síndrome corresponde ao sofrimento emocional pelo qual alguns pais passam e que por vezes é bastante perturbador do seu funcionamento. Perante a inevitabilidade dos jovens se tornarem independentes e por mais ligados que os pais estejam, lidar com essa situação vai ser também inevitável. Em alguns casos, os pais não possuem as ferramentas necessárias para ultrapassarem esta fase de forma adaptativa, podendo para isso recorrer a um psicólogo, no sentido de encontrarem em conjunto os recursos internos e/ou externos que cada um tem ao seu dispor. A fragilidade emocional pode levar por vezes à sensação de abandono, de solidão e de vazio, que pode conduzir a situações de depressão, de maior ou menor gravidade…
Geralmente aconselha-se que a criança durma sozinha, se possível a partir dos seis meses de vida, de preferência no seu próprio quarto, no sentido de favorecer a sua capacidade de estar só e de promover o desenvolvimento da sua autonomia.
Filhos a dormir no meio dos pais, mães ou pais a dormir na cama com o filho, o pai a dormir no sofá da sala porque o filho dorme com a mãe, a mãe a dormir na cama de um filho e o pai na cama com o outro… tantas possibilidades de cenários e tão reais e até frequentes. Vários são os argumentos utilizados pelos pais para justificarem algumas destas situações. “Se eu não for para a cama dele, ele não dorme”, “se não a deixar aconchegar-se no meio de nós ela passa a noite a acordar e ninguém tem sossego”, “eu deixo-o dormir comigo porque também gosto desse miminho” ou “é uma boa maneira de não ter que dormir com o meu marido”. São todos argumentos possíveis, e eu já os ouvi a todos!