A psicologia e o turismo

A Psicologia do Turismo surge como uma área inovadora da psicologia, que se centra no estudo do comportamento humano em contexto de turismo, especificamente do turista, do residente e do profissional da área da hotelaria e turismo.

 A Psicologia como a ciência que estuda o comportamento, os sentimentos e as emoções do ser humano, emerge como uma forte aliada aos estudos no âmbito do turismo. Ainda que á partida possam ser encaradas como duas áreas científicas incongruentes, na realidade, não o são. O turismo é um meio potenciador de movimento humano. Assim sendo, o seu foco são as pessoas, o mesmo foco que a psicologia tem na sua essência. Deste modo, psicologia e turismo cruzam-se no indivíduo enquanto turista, residente ou profissional da área do turismo. A psicologia permite o desenvolvimento de estratégias que podem ajudar a suportar e impulsionar a inovação neste campo.

No âmbito do turismo, pode-se destacar o importante contributo da psicologia positiva, ciência que visa a promoção do bem-estar e que tem tudo a ver com a experiencia do turista, uma vez este busca essencialmente experiências enriquecedoras e promotoras de bem-estar físico e psicológico. Assim, a riqueza de ideias e estratégias da psicologia positiva pode potenciar a inovação e diferenciação dos destinos turísticos. Da aplicação prática da psicologia positiva ao turismo, podem-se destacar três áreas com potencial de crescimento: a participação de psicólogos na construção de atividades para os turistas, no desenvolvimento de estratégias de promoção de experiências significativas ou ainda no desenvolvimento de intervenções de bem-estar junto dos turistas, trabalhadores e residentes.

O turismo pode ser um campo de atuação da psicologia, numa perspetiva diferenciadora, criativa e inovadora, com inúmeros benefícios para a sociedade, bem como para a evolução da ciência psicológica, nomeadamente através do desenvolvimento de investigação sobre temáticas de interesse no turismo, na construção de materiais cientificamente validados para a avaliação das variáveis psicológicas em contextos turísticos e a investigação empírica de variáveis psicológicas junto dos turistas. Pelos estudos já realizados, é clara a pertinência da aliança entre a psicologia e o turismo. Abrem-se as portas para a investigação científica psicológica neste contexto, mas simultaneamente abrem-se portas para a prática psicológica em contexto de turismo, nos seus diferentes domínios.

Fonte:

Garcês, S., Pocinho, M., & Jesus, S. (2020). The best tourism island destination in the world and meaningful experiences: A systematic literature review. Revista Portuguesa de Estudos Regionais, 53, 23-34.

O papel do psicólogo no processo de envelhecimento

O envelhecimento da população mundial é uma realidade e Portugal não é exceção. Dos fatores que contribuem para esta situação, destacam-se a baixa natalidade mas também a melhoria das condições de vida e os avanços médicos e tecnológicos, que assim promovem o aumento da esperança média de vida.

Segundo dados do Eurostat, em Portugal cerca de26,6% da população tem 65 anos ou mais e estima-se que em 2050 esse valor ultrapasse os 40%. Este facto está a transformar as sociedades e a economia a nível global, levantando questões como o financiamento dos cuidados de saúde e as medidas de proteção social. Por outro lado, importa também não esquecer a importância da criação e implementação de programas de promoção da saúde e prevenção da doença, para que a qualidade de vida e o bem-estar das populações se mantenha o mais satisfatória possível, ao longo de todo o curso de vida, nomeadamente nos anos mais tardios.

Perante esta realidade, e uma vez que os adultos mais velhos estão mais vulneráveis à doença crónica, isolamento social, depressão e processos de demência, entre outras patologias, os/as psicólogos/as podem ter um papel fundamental na avaliação e acompanhamento destas pessoas, tendo em vista uma resposta adequada às suas necessidades. Tendo em conta a sua formação e o conhecimento cientifico teórico-prático sobre desenvolvimento, comportamento e sobre o impacto psicológico do processo de envelhecimento, os/as psicólogos/as estão preparados para apoiar os adultos mais velhos nos seus diferentes contextos de vida e problemáticas.

A eficácia da intervenção psicológica está demonstrada nas várias fases do desenvolvimento humano (desde a primeira infância). Assim sendo, alguns adultos mais velhos poderão beneficiar de uma intervenção psicológica com muito bons resultados, ao invés de intervenções apenas farmacológicas. Esta população apresenta frequentemente comorbilidades com outras patologias características da idade, encontrando-se por vezes muito medicada. Em muitas situações o recurso à psicologia pode ser a melhor opção. E quais poderão ser os campos de ação do/a psicólogo/a na sua intervenção com pessoas idosas?

Com esta população específica, o/a psicólogo/a pode ajudar a promover o envelhecimento ativo rentabilizando o potencial de cada indivíduo, para que numa relação terapêutica possam trabalhar as suas várias dimensões, tendo em vista o aumento do seu bem-estar. Questões como informar e consciencializar a pessoa acerca do natural processo de envelhecimento, desmistificar crenças e mitos sobre a velhice, promover uma perspetiva realista mas positiva da vida, salientar e potenciar os pontos fortes do individuo, facilitar a sua participação ativa em sociedade/comunidade, são áreas de abrangência do trabalho do/a psicólogo/a. A facilitação da expressão emocional, a compreensão dos processos e situações problemáticas da vida da pessoa idosa, bem como o apoio na adaptação a possíveis mudanças decorrentes do passar do tempo, cabem também na esfera da intervenção psicológica. A acrescentar, este profissional pode ajudar na aceitação e controlo da doença. física ou mental e respetivo tratamento, assim como ensinar e treinar estratégias para lidar com a dor, com a ansiedade, entre outras patologias típicas desta fase da vida, como por exemplo a prevenção da demência ou ainda o apoio em processos de luto.

Envelhecer faz parte da vida e saber envelhecer é muito importante na preservação da qualidade de vida e da satisfação com a mesma. Há que ter uma perspetiva de aceitação e de esperança e tomar decisões importantes para o seu próprio bem-estar emocional, físico e social. A felicidade é um direito universal e cada um de nós pode contribuir efetivamente para ela.

Não basta dar anos á vida, é fundamental dar vida aos anos. Se para isso sentir que precisa de ajuda, não espere mais, peça-a á Sua Psicóloga!

Psicologia, solidariedade e apoio social

Nesta fase tão conturbada de conflito armado e com o número de refugiados de guerra na Europa a aumentar diariamente, torna-se pertinente falar de solidariedade e apoio social. A psicologia social estuda os processos inerentes ao apoio social e explica as diversas formas e fatores com ele relacionados, bem como os seus benefícios.

O relacionamento com os outros está omnipresente na vida e no quotidiano dos indivíduos. Ao conjunto de pessoas com quem temos uma relação significativa podemos chamar rede de apoio social. Em psicologia, as redes de apoio social mais estudadas são as redes egocêntricas, isto é, as redes centradas numa pessoa específica que é alvo de interesse. Existem várias formas para definir apoio social, uma delas é dizermos que corresponde à quantidade e coesão das relações sociais que rodeiam de um modo dinâmico um indivíduo (Vaz Serra, 1999). É um processo interativo que visa o bem-estar físico e psicológico. O contacto social promove a saúde e o bem-estar e tem provavelmente uma função de regulação da resposta emocional perante os vários fatores causadores de stresse (Coan, J. A., Schaefer, H. S., & Davidson, R. J., 2006).

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Terapia Cognitivo-Comportamental e Mindfulness

 A Terapia Cognitivo-Comportamental, desde a sua origem, vem a ser considerada como uma modalidade de tratamento muito eficaz nos mais variados tipos de perturbações psicológicas. Este tipo de terapia prevê a possibilidade da utilização de várias técnicas e “ferramentas” que complementam e auxiliam a ação do psicólogo, nomeadamente a prática de mindfulness.

 A atenção plena ou mindfulness, segundo Goleman e Davidson (2017), é um dos métodos de meditação mais utilizados e divulgados no mundo ocidental, dentro de uma ampla variedade de métodos. Alguns especialistas utilizam o termo mindfulness para definir todo e qualquer tipo de meditação. A prática de mindfulness deriva da filosofia oriental budista, sendo considerada uma das técnicas de meditação mais antigas da Índia. Na filosofia oriental, a atenção plena pode ser definida como uma qualidade mental adquirida e cultivada através da prática da meditação com o intuito de se chegar a um desenvolvimento psicoemocional e espiritual. A meditação, é portanto, uma “ferramenta” capaz de produzir uma conexão completa entre a mente, o corpo e o espírito (Goleman & Davidson, 2017). Meditar é sentir a respiração, com a atenção plena ao que está a acontecer no momento presente, observar e aceitar sem julgamentos as experiências internas, sem avaliar ou tentar modificá-las.

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