A criança enquanto testemunha da violência doméstica

Todos os dias há milhares de crianças que são vítimas de violência por exposição ao conflito parental, o que leva a que fiquem mais vulneráveis ao aparecimento de problemas emocionais, com repercussão no seu comportamento, desempenho cognitivo e desenvolvimento global.

A violência doméstica, nomeadamente entre casais, é um flagelo da sociedade, tanto em termos de violação dos direitos humanos, como de saúde pública. O conflito violento sistemático entre os pais ou outras figuras presentes no contexto familiar, quer envolva agressão física, psicológica, verbal ou sexual, afeta gravemente a criança a ele exposta, ainda que os atos violentos não sejam perpetrados diretamente sobre ela.

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“Donas de casa” e saúde mental

São muitas as variáveis que podem afetar a saúde mental das mulheres. Há especificidades biológicas e, principalmente, perspetivas sociais que orientam para uma inegável diferença de género, no que diz respeito à incidência e prevalência das perturbações psiquiátricas.

Hoje em dia, exercer a atividade de ”dona de casa”, ou seja, a mulher dedicar-se à casa e à família em exclusividade, sem desempenhar uma atividade profissional e remunerada, pode coloca-la numa situação de vulnerabilidade, por diversas ordens de razão. Podem haver fatores de risco para o desenvolvimento de psicopatologia, decorrentes da multiplicidade de papéis desempenhados e das inúmeras situações ansiogéneas às quais estas mulheres, nesta condição, poderão estar mais propensas. Estas vulnerabilidades relacionais, associadas aos processos biológicos (Ex. menarca, gravidez e menopausa) e potencialmente agravadas por questões sociais e económicas, como por exemplo a cítica, o isolamento social, a incompreensão, a violência doméstica, a dependência financeira ou a pobreza, podem comprometer a saúde mental destas donas de casa.

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Violência conjugal

Algumas pessoas, tipicamente mulheres, permanecem numa relação conjugal violenta em que são vítimas, sem que muitas vezes tenham a consciência dessa sua condição. Deste modo, acabam por não recorrer aos organismos destinados a intervir e a fazer cessar os abusos, mantendo o sofrimento e correndo riscos relacionados com a sua integridade física e moral ou até com a própria vida.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a violência conjugal afeta entre 15% a 70% da população mundial, na grande maioria mulheres, tendo os homens como agressores. Em Portugal, muitas mulheres são também elas vitimas deste tipo de violência, e, segundo dados da Associação Portuguesa de Apoio á Vítima (APAV), cerca de 76% dos crimes referenciados em 2021, são de violência doméstica, nos quais a violência conjugal se insere, tendo sido registados perto de 20 mil casos, entre eles 30 homicídios consumados. Segundo o relatório anual desta associação, no ano passado houve uma média diária de 37 vítimas, das quais 25 foram mulheres. O perfil da mulher vítima de violência conjugal corresponde a uma média de idade de 40 anos, é transversal a todos os níveis de ensino e os abusos são perpetrados na sua maioria pelo cônjuge ou companheiro.

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