Psicologia Pediátrica

A infância é uma fase da vida em que tudo acontece a um ritmo alucinante. O desenvolvimento infantil é rápido e encerra em si uma série de tarefas de adaptação muito exigentes.

É uma etapa muito importante na vida e a forma como é vivida vai determinar o modo como a criança se vai autonomizar, construir a sua identidade e desenvolver a sua saúde física e emocional. Assim, a infância deverá ser feliz, tranquila, apoiada, cheia de boas experiências e muito amor. Porém, por vezes há problemas familiares, sociais ou até mesmo contextuais que impedem que a infância seja um período dourado da vida.

As crianças podem apresentar diversos tipos de problemas que lhes causam grande sofrimento. A ansiedade parece ser uma das dificuldades mais comuns. A depressão infantil também não é rara e pode ter manifestações muito diversas e por vezes difíceis de identificar. Também os problemas do neurodesenvolvimento se presentam como uma dificuldade, por vezes difícil de compreender e de aceitar por parte dos adultos. Perturbações como a hiperactividade, défice de atenção,  o atraso no desenvolvimento intelectual e as perturbações do espectro do autismo, são grandes desafios que necessitam de ajuda multidisciplinar para que possam ser vividos de uma forma mais adaptativa e com o menor dano possível para a criança e os seus familiares.

Outras problemáticas tão variadas como as perturbações do comportamento alimentar, as dificuldades do sono ou mesmo as dificuldades na aprendizagem de hábitos de higiene, como é o caso da enurese, beneficiam com a intervenção psicológica, na medida em que esta dispõe de técnicas e estratégias efectivas que quanto mais cedo forem implementadas na vida da criança, maior será a probabilidade da sua eficácia.

O Acompanhamento Psicológico, em pediatria, estende-se sempre aos pais ou aos responsáveis legais pela criança. A cooperação e o envolvimento dos pais é fundamental para o sucesso da intervenção. Ao contrário do adulto, a criança não tem autodeterminação, e desse modo, o papel dos pais na escolha, orientação, cumprimento e monitorização das estratégias propostas pelo Psicólogo, é essencial. Os pais (a par com os professores) são na grande maioria das vezes, óptimos informadores e por isso a sua participação na fase da avaliação psicológica é indispensável.

Uma criança bem apoiada e compreendida estará certamente melhor preparada para os desafios do futuro. Ao contrário do adulto, que por norma apresenta uma maior estabilidade em consequência da sua maturidade, as crianças, por estarem num período de rápido desenvolvimento, vivênciam mudanças rápidas e frequentes que necessitam da ajuda dos adultos no sentido de potenciarem os seus próprios recursos, bem como os da criança, para fazerem face às adaptações constantes com que esta se depara.

A tarefa de criar um filho é desafiante e exigente o que provoca em muitos pais, receios e inseguranças, não apenas por serem por vezes inexperientes, mas porque querem fazer o melhor, não sabendo  muito bem como.

As funções do Psicólogo que trabalha com a população infantil incluem a identificação do problema e das necessidades da criança, assim como causas e determinantes. O fornecimento de estratégias e o treino de competências, tanto à criança como aos pais e educadores são também da responsabilidade do Psicólogo, no sentido de os ajudar a lidarem com as consequências decorrentes do problema em causa.

O papel do Psicólogo pediátrico ultrapassa a avaliação e o diagnóstico, centrando-se cada vez mais o seu objectivo na prevenção e na intervenção precoce na resolução de problemas de ordem psicológica ou psicossocial que aparecem em contexto pediátrico. O foco da sua acção está na criança, sem esquecer a família e a escola, integrando sempre que possível uma equipa multidisciplinar. Deverá também ser referida a relevância do Psicólogo pediátrico, quer na consultadoria, quer na área da investigação.