Muitos pais procuram a ajuda do psicólogo tendo como principal queixa o decréscimo do rendimento escolar dos seus filhos, principalmente adolescentes. Associado ao decréscimo das notas, estão frequentemente relatos de desmotivação com a escola e com o estudo. É de facto um problema recorrente e gerador de conflito e grandes angustias, quer por parte dos pais, quer por parte dos jovens que se vêm a braços com uma realidade que não sabem muitas vezes como ultrapassar.
Algumas vezes, em consulta, os jovens referem que não conseguem estudar ou ainda que estudar é uma “seca” e que não entendem porque é que têm que estudar matérias que não lhes interessam nada e ainda que não sabem porque é que existe essa coisa de escolaridade obrigatória, etc., etc., etc. Rebeldias à parte, muitas vezes os adolescentes não pararam ainda para pensar sobre todas essas questões. E é aí que o psicólogo, entre muitas outras coisas, os pode ajudar a pensar sobre esses assuntos. Primeiramente, podemos explicar ao jovem que estudar significa aplicar a inteligência para aprender e que estudar e aprender fará com que cresça enquanto pessoa, seja mais respeitado, aumente a sua cultura geral, ao mesmo tempo que se vai preparando para que no futuro, possa aproveitar melhores oportunidades.
Quanto mais coisas soubermos, melhor nos poderemos adaptar nos vários contextos onde nos iremos movimentar no futuro. O que aprendemos na escola é muito importante assim como tudo o que aprendemos fora da escola, ou seja, na vida quotidiana. Quanto mais conhecimento tivermos mais facilmente nos podemos adaptar a novas situações e mais vontade teremos para aprender coisas novas. O conhecimento é algo tão precioso que nos é útil em tudo que realizamos, além disso, é garantido para sempre pois não nos pode ser tirado. É também importante explicar que aprender mantém o cérebro em forma. Enquanto aprendemos, fazemos com que o nosso cérebro seja estimulado e isso é bom para o seu desenvolvimento e para a manutenção das nossas capacidades cognitivas.
Por fim, aprender pode ser divertido. Assistir a um documentário sobre algo que se acha extraordinário, que se admira, pode ser muito positivo e nunca se sabe quando é que essas informações nos podem ser úteis. Devemos ir atrás das coisas de que gostamos, pela simples razão de que elas nos agradam e dão prazer, e a utilidade poderá vir depois. O conhecimento pode abrir a nossa mente. As coisas que aprendemos no dia-a-dia, com a família, com os professores, ao trabalhar, ao lermos livros, ao viajarmos, ao vermos filmes e ao nos divertirmos com os amigos, expandem as nossas mentes e mudam a maneira como vemos o mundo.
Falar, pensar e reflectir sobre o que é aprender, para que serve e de que modo o podemos fazer, pode ser o ponto de partida para aumentar a motivação do adolescente, o que vai promover a mudança de comportamento que o poderá levar a melhores resultados. A escolaridade obrigatória tem uma finalidade social. Uma sociedade com mais conhecimentos, mais culta e melhor preparada, poderá fazer a diferença no percurso de uma nação. Há que ter esperança no futuro dos nossos jovens e ajuda-los a fazerem o seu caminho com mais gosto, menor pressão e principalmente torna-los participativos no seu desenvolvimento intelectual. Oferecer novos desafios e colocar o controlo da situação nas suas mãos, aumentar-lhes-à o sentido de auto-eficácia.