Tricotar ou a arte de entrelaçar os fios é uma atividade antiga mas que mantém muitos adeptos ainda nos dias de hoje. Útil para fazer roupas e acessórios, por vezes utilizado como passatempo, o tricot pode ter um importante efeito terapêutico, relaxante e não só.
O tricot é uma arte inicialmente desenvolvida por mulheres mas nos dias de hoje, parece ocupar já um espaço considerável na vida de muitos homens. A par da utilidade dos trabalhos tricotados que vão desde cachecóis, gorros, meias, camisolas, casacos ou mantas, entre outros, o tricot tem um efeito muito positivo naqueles que o escolhem como passatempo. Os seus efeitos terapêuticos, bem como de outras técnicas de fazer malha, são diversos e muito eficazes. Por um lado tricotar relaxa, potencia a meditação e descontrai, podendo ajudar a aliviar a tensão acumulada ao longo do dia. Por outro lado, tricotar ajuda a desenvolver as habilidades motoras e promove a capacidade de concentração e de atenção. A criatividade é outra competência que pode ser desenvolvida através do tricot. Planear, desenhar a peça, executar e alterar, são formas importantes de colocar a criatividade em movimento e a cabeça a pensar. O tempo do tricot pode ser um tempo de introspeção, de análise pessoal e de reflexão, potenciando a tomada de decisões ou a resolução de problemas.
Tricotar pode ser um acto isolado mas também pode promover a aprendizagem e a socialização, se a prática for executada em grupo. A troca de ideias, de opiniões, de ajuda de peritos nas técnicas mais elaboradas, promovem o convívio e a partilha. Fazer, desmanchar e voltar a fazer, corrigir erros, experimentar novos pontos ou técnicas, são estimulantes do ponto de vista cognitivo e psicomotor. Tecer malhas em grupo permite que se teçam histórias, lembranças, memórias, viagens ao passado, exploração do presente e projeções futuras.
Sendo esta uma atividade prazerosa, o cérebro produz substâncias como as endorfinas que são responsáveis pela sensação de bem-estar e redução do stresse. Assim, o tricot pode ser visto como calmante e como forma de controlar a ansiedade. Pessoas com problemas de onicofagia, frequentemente associada a quadros ansiosos, podem beneficiar desta prática uma vez que estando as mãos ocupadas a tecer malhas, inibem os comportamentos de roer as unhas. À semelhança de outras atividades manuais, o tricot pode contribuir de forma positiva para o bem-estar psicológico. De salientar o sentimento de autoeficácia de quem termina um trabalho, o orgulho de se ter feito “aquela camisola para o filho” ou por terem saído das próprias mãos alguns dos presentes de Natal, é certamente muito gratificante.
Tricotar não é apenas um passatempo mas sim o estabelecimento de metas e objetivos. O que se escolhe fazer, o prazo definido, o valor atribuído, os esforços necessários para a conclusão do projeto, podem ser formas de estruturação comportamental, tão importantes por exemplo, nos casos de depressão. Também a estimulação cognitiva que tricotar permite poderá ser benéfica no atraso das demências. Parece também que o facto de nos concentrarmos numa atividade que se baseia na repetição, acalma e pode ajudar a induzir o sono. Perante tantas vantagens e benefícios para as nossas vidas, porque não experimentar? Deixe-se levar pelo conforto da lã macia, escolha uma cor do seu agrado e mãos à obra! A Internet está cheia de tutoriais que ensinam desde os pontos mais básicos aos mais elaborados. Dizer que não sabe fazer não é desculpa. Em alternativa, há sempre uma avó ou uma tia que podem ensinar ou inscreva-se num workshop que muitas vezes decorrem nas lojas de lãs e divirta-se!