Confinamento, culinária e excesso de peso

Nestes tempos de pandemia, o confinamento em casa parece ter despertado em algumas pessoas um cozinheiro/pasteleiro, anteriormente adormecido. As redes sociais dão notícia de belos petiscos, grandes cozinhados, soberbos bolos e fantásticas sobremesas que saem das mãos daqueles que se encontram em casa e que utilizam a culinária como estratégia de distração e de ocupação de algum tempo que agora lhes sobra.

Mas se por um lado, explorar os dotes culinários pode ser uma excelente forma de ultrapassar esta fase tão difícil para todos nós, por outro lado, e, aliado a um decréscimo na atividade física, está o perigo de engordar! É sabido que o excesso de peso se constitui como um fator de risco para o aparecimento de doenças, nomeadamente doenças cardiovasculares. Por outro lado, também é do conhecimento geral, que muitas vezes se compensam com a ingestão de comida, alguns défices socio-emocionais como a falta de abraços, beijinhos, convívio com familiares e amigos, enfim, a ausência de partilha dos afetos. Do mesmo modo, o medo do que não se sabe estar para vir e a ansiedade causada quer pelas notícias, quer pelo facto de as rotinas e hábitos terem sido completamente alterados, é muitas vezes compensada com “comida de conforto”, expressão que habitualmente designa alimentos altamente calóricos e docinhos…

Se cumprir um regime alimentar saudável e de baixo teor calórico é difícil para a maioria das pessoas que dele necessitam, numa altura destas, em que as emoções andam mais sensíveis, mais difícil se torna. É frequente, em pessoas que têm dificuldade em controlar o peso, haver um sentimento de culpa e de incapacidade de “resistir às tentações”, a par com uma desvalorização de si próprio. Frases como “eu não sou capaz”, “o meu organismo é mesmo assim e não há nada a fazer” ou “eu não emagreço porque isto é genético” podem ser recorrentes. No entanto, saiba que com o acompanhamento devido, tudo é possível. O insucesso de inúmeras tentativas de emagrecimento frustradas pode ser apenas porque aquela dieta não era adequada para si ou porque você não estava suficientemente motivado para a cumprir. A motivação é a palavra-chave! Se não estiver motivado será muito mais difícil entregar-se à tarefa, que não é fácil, de perder peso.

Comece por procurar a ajuda de um nutricionista que irá avaliar o seu caso específico e definir um plano alimentar desenhado para si de acordo com as suas necessidades e particularidades. Procure seguir as suas instruções mantendo o foco naquilo que realmente pretende: ter mais saúde, sentir-se melhor com o seu corpo, ver o peso a descer semana após semana, reduzir o tamanho da sua roupa, ter mais prazer de olhar para o espelho, sentir-se com mais energia e menos dificuldade de se movimentar, em suma, melhorar a sua autoestima e a sua autoconfiança. Se sentir que o processo está a ser muito difícil e que emocionalmente está a fraquejar, ou se a sua motivação apresentar oscilações que lhe tornem mais complicada a tarefa, procure também a ajuda de um psicólogo. Este fornecer-lhe-á estratégias que o irão ajudar a lidar com essas dificuldades. Com apoio psicológico poderá estruturar de uma forma mais eficaz o seu dia-a-dia de forma a conseguir cumprir o que é suposto, quer em termos de alimentação, quer em termos de atividade física.

O psicólogo pode apoia-lo no difícil processo de mudança, ou seja, desde a fase inicial em que você pode até considerar que o excesso de peso não é realmente um problema, até ao momento em que entra em fase de manutenção e prevenção da recaída, passando por fases como a implementação de estratégias de ação e monitorização das mesmas. Com as orientações do seu nutricionista e o acompanhamento do seu psicólogo, todo o processo de emagrecimento será facilitado e você não se sentirá nunca sozinho, na dura caminhada que tem que enfrentar. Sempre que a “tentação” se apresentar, terá adquirido formas de lidar com ela e de lhe fazer frente, ou, se ainda não se sentir confiante para o fazer por si só, poderá sempre contar com o apoio do seu psicólogo, nos momentos de maior fragilidade. Este será seu aliado e manter-se-á a seu lado para o compreender sem julgar quando as coisas correrem menos bem, mas também para o reforçar e incentivar sempre nas suas conquistas, ainda que de pequenos passo se tratem.

E poderá pensar que este não é o momento para iniciar um plano de mudança. Ainda estamos em estado de emergência com o respetivo confinamento, há menor acessibilidade aos técnicos, os níveis de ansiedade e de preocupação com a situação atual sobrepõem-se, enfim, poderá arranjar mil e uma desculpas para protelar o seu processo de reeducação alimentar e funcional. Sim, pode ser mais difícil mas não é impeditivo. Quanto mais cedo decidir mudar, mais cedo irá usufruir dos efeitos benéficos que a mudança lhe trará. Tome a sua decisão – Procure ajuda!

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