
Em Portugal, ao longo das últimas décadas, tem-se vindo a integrar uma crescente diversidade étnica que se deve principalmente ao processo de globalização das sociedades e às relações que o nosso país tem vindo a estabelecer com outros povos.
As crianças fazem parte da crescente diversidade étnica que se observa em Portugal. Atualmente parecem existir cerca de 13 etnias diferentes na sociedade portuguesa e entre negros, brancos e mestiços, em termos de cor de pele, podemos também encontrar crianças originárias de diferentes áreas geográficas. Dos diversos continentes provêm crianças culturalmente diferentes. Crianças indianas, ciganas, guineenses, brasileiras, etc., são exemplos de alguns grupos étnicos já representativos da nossa sociedade. É na infância que se dá início ao processo de sociabilização, tão necessária à espécie humana e os contextos sociais. Este processo, ao longo do tempo, passou a ser mais diversificado, promovendo assim uma maior possibilidade de interação com diferentes etnias e contextos culturais. O bairro e a escola passam a ser os contextos privilegiados da interação infantil. No entanto, os preconceitos e estereótipos passados de geração em geração, podem dificultar essas interações, tornando-as tensas e conflituosas, podendo levar ao isolamento social e a exclusão.

Algumas crianças adotam frequentemente uma postura introvertida, pelo medo da discriminação, da rejeição ou da humilhação, pelo facto de pertencerem a uma etnia diferente da maioria. Isto pode levar a que o processo de desenvolvimento emocional, cognitivo e social, possa sofrer algumas perturbações, nomeadamente ao nível da autoestima. O Jardim de Infância tem um papel muito importante enquanto contexto de socialização precoce das crianças, na pessoa dos educadores. Estes têm a obrigação de intervir de forma positiva, procurando manterem-se atualizados em relação às práticas educativas mais adequadas à boa integração, bem como à adoção de atitudes pedagógicas pacíficas e sensíveis à diversidade de cultural, étnica e social.

A identidade da criança constrói-se em parte, a partir das suas vivências no jardim escola, e as relações com os pares e a qualidade dos contactos estabelecidos entre si é crucial para o seu desenvolvimento salutar. Este contexto constitui-se como o primeiro espaço de vivência de tensões raciais ou, pelo contrário, pode ser o espaço em que se pode aprender a aceitar as diferenças anteriormente referidas. Assim, estes contextos educativos deverão estar aptos a receber de forma adaptativa, crianças com diversidade étnica e cultural, respeitar e valorizar a riqueza que cada uma encerra, no sentido de promover a aceitação da diferença, mais do que a tentativa de uniformização.