
A dislexia é uma perturbação da aprendizagem específica, em que o indivíduo apresenta uma dificuldade significativa na aprendizagem da leitura. Caracteriza-se principalmente por dificuldades ao nível do reconhecimento preciso ou fluente de palavras escritas, da descodificação e da capacidade de soletrar.
O indivíduo disléxico, apesar de apresentar frequentes erros fonológicos e erros visuo-espaciais, não significa que tenha um problema visual ou auditivo, ainda que possa não conseguir discriminar os sons das letras. A dislexia também não é resultado de uma estimulação escolar deficitária, dificuldades cognitivas ou perturbações mentais, nem mesmo de falta de experiências socioculturais adequadas. A sua origem é multifatorial com destaque para os fatores os genéticos, neurológicos neuro-cognitivos. A dislexia compromete essencialmente as funções relacionadas com o processamento fonológico e à memória verbal, porém pode também afetar outras funções. Estando as aprendizagens escolares diretamente relacionadas com a leitura, esta perturbação pode comprometer seriamente o desempenho e aproveitamento escolar.

O aluno disléxico deve ser tratado com naturalidade, pois é um aluno como qualquer outro, apenas é disléxico. A última coisa para a qual o diagnóstico deverá contribuir é para (aumentar) a sua discriminação. Devemos utilizar uma linguagem direta, clara e objetiva quando nos dirigimos a ele. Muitos disléxicos têm dificuldade em compreender uma linguagem muito simbólica, sofisticada ou metafórica. Devemos simplificar, utilizar frases curtas e concisas ao dar-lhe instruções, mantendo o contacto visual. Além de ajudar, enriquece e favorece a comunicação.

O aluno com dislexia deve sentar-se nas filas da frente, perto do quadro ou da mesa de trabalho do professor, de modo a favorecer o diálogo, facilitar o acompanhamento, facultar orientação e criar e fortalecer novos vínculos. Devemos verificar sempre discretamente se ele demonstra estar a compreender o que está a ser exposto em sala de aula. O aluno mostra ter dúvidas a respeito do que está a ser o tema da aula? Consegue compreender o conhecimento que está a ser transmitido? Está a acompanhar o raciocínio, a explicação, o facto? Devemos levar estas perguntas em consideração e repetir, sempre que seja necessário, ou apresentar exemplos diferentes para melhorar a compreensão

Mais do que esperar que o aluno execute a tarefa, devemo-nos certificar de que compreendeu as instruções. O que, quando, onde, como, com o quê, com quem, em que horário etc. Devemos garantir de que ficou realmente claro para o aluno o que se espera dele. È também muito importante que discretamente se verifique se ele fez as anotações do quadro e de maneira correta antes de apagá-lo. O aluno disléxico tem um ritmo diferente dos não-disléxicos, portanto, devemos evitar submetê-lo a pressões de tempo ou competição com os colegas.

A integração no grupo é fundamental para o sucesso escolar. Devemos observar se o aluno se está a integrar com os colegas. Geralmente, o aluno disléxico angaria simpatias entre os companheiros. No entanto, a sua inaptidão para certas atividades escolares (trabalhos a pares, trabalhos em grupo, etc.) pode levar os colegas a rejeitá-lo. O professor deve evitar situações que evidenciem este facto. Com a devida distância, discreta e respeitosamente, deve contribuir para a inserção do aluno disléxico no grupo/turma.

É muito importante incentivarmos o aluno a acreditar em si, a sentir-se forte, capaz e seguro. O aluno disléxico tem muitas vezes uma história de frustrações, humilhações e sentimentos de inferioridade, para a qual a escola pode dar uma significativa contribuição. Cabe portanto, a essa mesma escola, ajudá-lo a resgatar a sua dignidade, a fortalecer o seu ego, a (re) construir sua autoestima. Podemos sugerir-lhe “dicas”, “atalhos”, “modos de fazer”, “associações”, que o ajudem a lembrar-se, a executar atividades ou a resolver problemas. Não lhe devemos pedir para fazer coisas em frente dos colegas, que o deixem muito expostos, como por exemplo, ler em voz alta. Em geral, o aluno disléxico tende a lidar melhor com as partes do que com o todo. Abordagens e métodos globais e dedutivos são-lhe de difícil compreensão. Será benéfico presentar-lhe o conhecimento em partes, de maneira indutiva, permitindo-lhe ou mesmo sugerindo-lhe que utilize um gravador, máquina de calcular ou outros recursos tecnológicos que o possam ajudar.
Sugestão: https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/2091/2/83124.pdf